O destino nunca falha.

Começar do início
                                    

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A noite fria de Londres era iluminada por incontáveis luzinhas coloridas. Músicas natalinas saiam como sussurros pelas brechas das casas, as quais se misturavam aos sons dos passos de Louis e Harry.

Os dois iriam assistir a uma cantata natalina ali perto (ou não tão perto assim, mas não tinha muita opção se não irem andando, visto que Anne não iria com eles).

— Ela me disse que está cansada de tantos musicais. Só nesse mês, já assistiu a cinco deles. — Harry cortou o silêncio com sua voz rouca. — Provavelmente não é a sua praia, mas essa uma tradição da qual eu nunca quebro; apesar de odiar quando era mais novo. Meu pai os adorava, ele que nos fez ter esse costume.

Louis percebera de imediato o tom triste que foi se formando e tratou de colocar seu braço ao redor da cintura de Styles. Ele nunca tinha muito o que falar quando o outro comentava sobre seu pai, então ao menos tentava mostrar-lhe algum suporte.

Apesar de não estar tão cedo, era incrível o movimento de pessoas e carros nas ruas. Alguns se apressavam para comprar os presentes de última hora, outros precisavam de um ingrediente para uma comida típica e... tinha Louis e Harry.

O casal apaixonado.

— Eu achava que seria difícil, sabe? — O cacheado voltou a falar, um de seus braços sobre o ombro de Louis, que conseguia estar mais próximo dele do que antes. — Esse primeiro natal sem ele. Damn, era sua época do ano favorita. — Tomlinson o observava, prestando atenção em suas palavras.

O de olhos azuis achava fascinante (porém trágico) a relação de Styles com seu pai; e agora o luto, a perda. Ele nunca experimentara algo assim na vida. Obviamente, já perdera algumas pessoas ao longo dos anos, mas nada se comparava a Harry.

— Você é forte. Tão forte. — Sua mão fez pressão contra o corpo de Styles. — Eu não consigo imaginar o quanto, inclusive.

O cacheado sorriu de lado, pego de surpresa.

— Nós dois somos. Você não consegue ver?

Sutis flocos de neve começaram a cair. Louis olhou para cima e rompeu o contato de seu braço com o corpo de Harry. Estendeu a palma de sua mão, para sentir a neve fria em contraste com a sua pele.

Harry pensou uma, duas, três, quatro, cinco vezes antes de fazer o que lhe dera vontade. De início, apenas tocou na mão de Tomlinson — o qual não percebera o que estava acontecendo. Depois, deslizou-a e as encaixou; sem se esquecer de entrelaçar os dedos nos de Louis.

O de olhos azuis estava verdadeiramente surpreso com aquela atitude.

Ambas as mãos tremiam um pouco. Um contato tão íntimo como aquele em público, era novo. Eletrizante. Cargas positivas e negativas eram produzidas pelos dois, as quais os atraiam mais ainda um ao outro.

— Eu não quero que você escorregue. — Harry disse, sarcasmo pingando de suas palavras. Louis riu do quanto aquela desculpa era ridícula. O chão ainda estava seco.

— Você não seria forte o suficiente pra carregar meu peso com apenas um braço e me impedir de cair. Bleh. — Deu língua.

— Isso é um desafio?

— Não desafio pessoas malucas. Elas terminam sempre ganhando.

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Por sorte dos dois, a venda de ingressos para assistir à apresentação ainda estava sendo feita. Mas também, não conseguiram os melhores lugares: Sentaram-se em uma das últimas fileiras de cadeiras acolchoadas do lado esquerdo.

O musical foi diferente de tudo o que Louis já vira. Na verdade, não costumava ver muitas coisas ao vivo, a não ser que fossem no próprio colégio Redmond MacAteer — e quase sempre participava dessas peças, logo nunca assistira uma, propriamente dita.

A afinação dos cantores e instrumentos era impecável, assim como a atuação, figurino e decoração; de fato, o ambiente mais inspirador de todos para Tomlinson, que acompanhou tudo do primeiro segundo ao último.

No final, quando as luzes foram acesas, ainda pegou Harry enxugando uma ou duas lágrimas na manga de sua roupa. Entretanto, não fez piadinhas sobre, a cena era adorável demais para que conseguisse falar algo.

— Você gostou? — Styles perguntou, piscando várias vezes.

— Sim, muito! Obrigado por me trazer aqui.

Eles se levantaram e ao chegarem à saída, Louis adicionou:

— Hm, se você não se incomoda... Eu não quero escorregar. — E estendeu a sua mão para o cacheado, que a pegou com zero de hesitação agora.

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Já passavam das onze da noite e ambos, de banho tomado banho e vestidos com seus pijamas quentinhos, conversavam, embaixo de suas cobertas.

Harry fizera questão de deixar Louis dormir na sua cama, e deitou-se no colchão sobre o chão.

Quando o assunto começara a morrer e ficara quase impossível de ignorar o sono que estavam sentindo, Styles praticamente pulou do colchão (saiu apressado), o que assustou o de olhos azuis.

— F-fuck, o que foi?! — Exclamou, desperto, a sonolência esquecida. Seu pessimismo fez-se presente.

— Eu não sei como pude me esquecer... — O cacheado abriu a porta do quarto e desceu as escadas com pressa, sabe se lá como não caindo no meio do percurso.

Voltou alguns minutos depois com algo que Louis pôde definir como um pacote — com a sua miopia e escuridão do quarto. A luz foi acesa; o que o incomodou bastante por conta da sensibilidade dos seus olhos.

— O seu presente!

— Ai, meu Deus. — Sua expressão de surpresa era impagável. — Você vai acabar me matando, Hazza, eu juro por tudo que é mais sagrado.

— Shh, só o abra logo. — Louis o olhou uma última vez antes de tocar no laço azul que envolvia o presente. Puxou-o, e o desembrulhou com facilidade, quase tendo um infarto ao ver o CD de The Fray.

Autografado.

— Scars and Stories. Holy shit. — Xingou, seu sotaque de Yorkshire mais forte que o normal. — Isso deve ter custado uma fortuna! Nah, eu realmente não posso aceitar, fuck.

Um Harry sonolento empurrou o papel de presente rasgado sobre a cama para o lado, e sentou-se de frente à Louis.

— Que nada. Eu consegui uma promoção. Veio com aquele toca CDs ali. — Apontou para uma de suas prateleiras. — Nós poderemos ouvir vários álbuns quando voltarmos para o colégio. Então, é óbvio que você pode aceitá-lo, kay? — Acariciou uma das bochechas de Tomlinson com seu polegar. — Você merece bem mais, inclusive.

"Ele não é real". Era a frase que surgia na mente de Louis várias e várias vezes.

Handcuffs (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora