Capítulo 3

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Lucy narrando

Na hora do baile, eu e a Marcella subimos pra quadra. A quadra fica tipo no meio da favela. A casa da Cella na parte de baixo, e segundo ela, as casas de luxo no topo são do dono, e de alguns traficantes mais cheios de patente.
É, na favela você tem patente.

💭Se meu pai soubesse por onde eu ando 💭

Chegamos lá a tal quadra estava lotada, meu Deus, sério, nunca vi tanta gente se espremendo tanto em um local como ali, nem em balada.

Passamos por algumas pessoas, e não que eu seja preconceituosa, pelo contrário, mas eu tava com o cú fechado. Sério, não passava nem uma agulha. Principalmente quando eu vi aqueles caras tudo sério e com umas armas maiores que eu.

💭Eu podia tá em casa, mas o fogo no rabo foi maior 💭

A Cella pegou firme em minha mão na hora de entrarmos no local.

––– Você tava parecendo aquelas mães que vão ao supermercado com os filhos e seguram as mãos deles pra que as pestinhas não saiam correndo e tentem colocar no carrinho tudo o que virem pela frente ––– Falei quando finalmente entramos e conseguimos um espaço pra respirar.

––– É que é mais ou menos isso, se eu te soltar, cê sai bebendo tudo o que vir pela frente né, tenho que tentar te controlar ––– Ela tomou uma lata fechada da mão de um cara que tava passando por a gente ––– Valeu, qualquer coisa reclama com o FA, o sub ––– O carinha mesmo com raiva assentiu e saiu de lá. Provavelmente ele achou que ela era alguma coisa desse FA.

––– Cê tem alguma coisa com o FA? ––– Sussurrei em seu ouvido

––– Depois a gente conversa sobre isso ––– Piscou pra mim.

Não sei porquê, mas nessa hora eu me senti observada.
Olhei pra os lados mas nada, as pessoas realmente me olhavam, acho que por eu ser a novidade da favela hoje. Mas nenhum olhar era aquele que tava me dando um frio na espinha, nenhum.

––– Ali é o camarote ––– Ela apontou e eu segui com o olhar ––– É ali que o GA e o FA ficam junto com alguns outros donos de favela e os traficantes mais altos daqui ––– Eu assenti mas voltei meu olhar pra ela que tava agarrada a um menino.

💭 Gente, quando isso aconteceu que eu não notei? 💭

––– Boa noite, eu sou Lucy amiga da Marcella, ela não me apresentou mas eu estou me apresentando ––– Estendi minha mão e ele apertou rindo

––– Mais conhecida como Piranha ––– A Marcella falou antes do carinha e eu lhe dei um tapa no braço ––– Esse é o Rominho. Tu fica aí balançando a raba que eu vou dar umas voltas por ai com o Rominho, beijos ––– Ela me deu um beijo na bochecha e saiu puxando a mão do cara.

Como não tinha nada pra fazer, e eu não conhecia ninguém ali, decidi ir pra o bar.

💭Acho que é o único canto que eu conheço 💭

––– Me dá uma garrafa de catuaba ––– Pedi ao barman que tinha ali. Ele me encarou como quem via um ET ––– O que foi? ––– Perguntei sem entender

––– É que você com essa carinha de princesinha nem parece que bebe essas coisas ––– Eu mordi minha bochecha e senti a raiva subir por minhas veias

––– Olha aqui, eu não quero mais a catuaba não, eu quero uma coisa mais forte, eu quero a bebida que vocês servem pra os caras lá ––– Apontei pra o tal camarote.

––– Tem certeza? ––– Eu assenti e ele deu uma risadinha. ––– Ok então, só depois não vem choramingando e dizendo que a culpa é minha se você se der mal. ––– Eu dei dedo pra ele. Ele balançou a cabeça em negativo e saiu.

Quando subi ao MorroWhere stories live. Discover now