Capítulo 27

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Lucy narrando

––– Caralho ––– Falei impressionada com a história dele.

––– Por isso pow não gostei nada quando teu pai meteu a mão na tua cara, sei lá, meio que lembrei dela tá ligada? ––– Eu suspirei

––– Ele nunca tinha feito nada disso, nunca levantou a mão pra me bater, eu não entendo o meu pai, não entendo mesmo ––– O Guilherme olhou pra o horizonte e eu me levantei do banco que estava sentada.

Caminhei até ele e fiquei olhando pra favela. Ficamos em silêncio por algum tempo, mas ele quebrou.

––– Tu não devia gostar de mim Lucy, tu é toda patricinha, toda feita na medida certa, uma verdadeira Barbie ––– Fechei minha cara

––– Eu já quebrei a cara da Rúbia hoje por ela me chamar de boneca Barbie, tu quer que eu quebre a tua também? ––– Ele riu e me puxou pra seus braços

––– Tu é calmaria e eu sou vendaval...––– O interrompi

––– Nem vem com esses papo clichê que todo Bad boy fala não, eu tou aqui pra enfrentar o que for, nunca fui fraca ––– Beijei meu ombro

O Guilherme deu uma risadinha anasalada e me puxou pra um beijo logo em seguida. 

Ele parou o beijo e puxou meu lábio com os dentes.

Por mais que eu tivesse motivos pra odiar esse brucutu, eu não consigo. Não que sua história justifique seus erros, longe disso. Mas eu entendo ele ser tão seco de sentimentos, ele nunca recebeu o amor de mãe, amor esse que eu achei fundamental pra construir o nosso caráter e sabermos o que é sentimento. Afinal, é a primeira pessoa a nos amar é nossa mãe.

Só que eu não sei se é minha alma de Sherlock Holmes ou eu que tenho sexto sentido pra tudo mesmo, mas essa história do Guilherme tem alguma coisa que não se encaixa, tem algo nela que não faz sentido.

––– Tá pensando em quê? ––– Perguntou segurando meu rosto

––– Nada, eu só tou imaginando descer esse morro né, porque eu tenho que ir pra o bar ainda, eu trabalho ––– Pisquei

––– Eu também, se não fosse pelo meu trabalho você não teria o seu trabalho ––– Piscou

––– Nossa, desculpa ––– Levantei as mãos em forma de rendição

––– Só desculpo de outra forma ––– Sorriu malicioso e eu revirei meus olhos

––– Vamos que eu preciso trabalhar ––– Puxei sua mão.

O Guilherme me deixou no bar e foi pra boca, ele também precisava trabalhar né.

––– Aí eu tou morta ––– Me sentei na cadeira de qualquer jeito

––– Pra transar não tá morta ––– A Marcella falou sentando na cadeira ao meu lado

––– Vai dormir aqui Lucy? ––– Tia Branca perguntou

––– Vou, só que não vou agora não tia, ainda vou ficar aqui com a Germana ––– Sorri

––– Vai agora Lucca? ––– Meu irmão assentiu

––– Xau vocês, só não fico porque preciso tomar banho que eu vou sair com o meu boy, chora no meu calcanhar Lucy ––– Revirei meus olhos

––– Essa menina é tão ridícula ne? Sangue de Jesus ––– Ela sorriu e me deu um beijo na bochecha ––– Adiciona o número da Soraia no grupo porra, e da Lupita também

Quando subi ao MorroМесто, где живут истории. Откройте их для себя