Capítulo 22

1.5K 146 15
                                    

Observo Rita mais uma vez na cama daquele quarto de hospital com alguns poucos tubos finos de soro e alguns remédios ligado aos seus pulsos e antebraços.

Me ajeito desconfortavelmente no sofá duro de dois acentos do quarto. Victoria também se remexeu, ela estava tão desconfortável quanto eu na poltrona do outro lado do quarto revezando entre uma perna e outra ao cruzá-las. Ainda não tínhamos trocados nenhuma palavra desde que encontramos Rita em seu quarto.

Collin entrou no quarto silenciosamente se sentando ao meu lado, me entregando um copo de café expresso.

- Obrigada. - agradeço em um sussurro.

Também não tínhamos conversado muito desde que saímos de meu quarto. Deixamos para terminar aquela conversa depois, o que complica ainda mais minha tentativa de acabar com isso logo.

Collin suspirou com mais um copo de café nas mãos, ele se levantou e o entregou à Victoria que sorriu forçadamente em resposta.

Me sobressalto ao ver Rita mover a cabeça lentamente.

- Tia. - me aproximo rapidamente deixando o café na mesa ao lado da cama assim que me aproximei. Collin e Victoria vieram logo atrás apressados. Seguro sua mão sentindo meus músculos de aliviarem ao vê-la acordada.

- Você nos deu um susto. - Victoria sorriu carinhosamente para ela indo até o outro lado da cama e segurando sua outra mão.

- Mal me lembro o que aconteceu. - Rita avisou se se sentando na cama com cuidado - Só lembro de lhe dar o presente da Taylor e um tempo depois ver você na sala de estar com suas malas. - balançou a cabeça em negativo - Aquele maldito livro me deixou tonta. Literatura francesa me enjoa as vezes, a mãe de vocês me mataria se me ouvisse agora. - riu reparando em nossos olhares preocupados - O quê? Estou bem, foi apenas minha pressão, queridos. - explicou gentilmente tentando aliviar o clima.

- Eu liguei para o seu médico. - avisei hesitante - Ele não ficou surpreso ou assustado quando expliquei o que havia acontecido com você. Disse que são efeitos colaterais dos remédios que está tomando. - seu sorriso foi se desfazendo aos poucos.

- Quando perguntamos o porque de você estar tomando remédios tão fortes, ele apenas disse que você mesma tinha que nos contar, apenas você. - Victoria completou preocupada - O que está acontecendo, tia Rita? Está doente? - todos olhamos atentos ao sua reação a sua pergunta. Ela suspira parecendo desistir de tentar omitir.

- Eu descobri alguns meses atrás que tenho alguns problemas cardiovasculares. - a sinto apertar minha mão e a de Victoria focando em suas próximas palavras - Apesar de fazer exames anuais e sempre cuidar da minha saúde, esses problemas ficaram mais sérios rapidamente sem eu ao menos perceber, e é tarde demais para concertá-lo. - sinto uma lágrima solitária cair sobre minha bochecha prendendo o ar em meus pulmões o mais forte que conseguia - Fiquei fazendo alguns tratamentos durante esse verão para consegui disfarçar mais um pouco enquanto estivessem comigo, e deu certo, até agora.

- Por que não nos contou? - indago sentindo a voz falha.

- Só queria aproveitar meu último verão com minhas queridas como se fosse mais uma dos vários verões ensolarados que tivemos durante toda a infância de vocês e não como mais uma memória triste que teriam que se sujeitar naquela mansão. Seria o mais feliz, o mais emocionante...Mas acho que falhei com as duas. - nego várias vezes com a cabeça. Ia começar a falar, porém o médico nos interrompeu educadamente ao entrar na sala.

Enquanto o médico nos avisava sobre seu diagnóstico diário, reparo na porta se fechando, e Collin não estava mais ali. Engulo o seco me perguntando se ele havia ido embora ou apenas nos esperava lá fora.

- Como seu médico, eu sugiro que passe mais alguns dias, mas como eu conheço você, Rita, sei que não terá melhora alguma neste quarto de hospital. - ela sorriu de lado - Então como seu amigo, lhe darei alta com a condição de que volte para fazer seus exames semanais. - todos concordamos e logo nos preparamos para ir. Enquanto arrumávamos suas coisas, tentei esquecer as perguntas que ainda atormentavam minha mente. Collin estaria a nossa espera no corredor? Ou teria ido embora?

Não me contendo mais, saio do quarto olhando para os dois lados do corredor largo do hospital. Pensei em perguntar a recepcionista se ela havia visto um rapaz, mas Victoria me surpreendeu ao abrir a porta do quarto.

- Ele foi embora. - avisou brevemente - Acabei de ver a mensagem que ele deixou no telefone de Rita. Não sei dizer se foi para a mansão. - deu de ombros seriamente. Assinto com a cabeça sentindo minha cabeça girar um pouco.

Pegamos suas coisas e ajudamos Rita até o carro, Victoria iria dirigir. Tentei não pensa na possibilidade de que talvez aquele seria o último dia em que veria Collin. Mas me surpreendi quqndo encontramos o mesmo na sala de estar a nossa espera.

- Querido. - Rita abriu os braços ainda fraca em sua direção. Ele foi até a mesma a abraçando fortemente. Os dois haviam criado um forte laço um com o outro. E Collin está tão destruído quanto nós com a notícia do problema de Rita.

Victoria subiu para o segundo andar carregando as bolsas de Rita sem olhar para trás. Seria difícil os próximos dias ao seu lado. Me dirigi até o deck do jardim lhes dando mais privacidade. Enquanto esperava que a conversa dos dois terminasse, me encolho nas escadas de madeira sentindo a vontade de chorar voltar ao pensar que perdi a confiança em minha irmã e a pessoa por quem sou tão apaixonada no mesmo dia, e que em breve...perderia Rita para sempre também e aquilo estava me destruindo aos poucos. Fecho os olhos sentindo a lágrima descer por minhas bochechas quentes quando Collin se senta lentamente ao meu lado.

- Estou indo pra Nova York. - diz somente observando a estufa a alguns metros de nós - Ainda hoje.

Por favor, não vá.

- Tudo bem. - murmuro reparando em minhas mãos juntas remexendo os dedos um no outro. Pudia ouvir sua respiração pesada ao meu lado e seus longos suspiros - Espero que fique bem. -me forço a dizer não tendo mais como esconder minhas voz embargado. O silêncio voltou deixando tudo mais dificil de lidar, e ele o quebrou da pior forma possível.

- Eu te amo, Taylor. - diz com a voz firme - E nem em um milhão de anos isso irá mudar. - aperto meus dedos ainda de olhos fechados. Eu não poderia olhar em seus olhos, ou desabaria - Adeus. - disse por fim se levantando e indo embora.

- Por que eu vivo perdendo pessoas que amo, o tempo todo? - solto quebrando o silêncio. A pergunta se repete agora em minha mente fazendo as lágrimas descerem com mais força.

***

Obrigado por terem chegado até aqui. ❤ O capítulo foi curto pois quero que este seja apenas uma introdução para o próximo.

Me sigam no Instagram:
@hendy.autora

Um Erro No Fim Do VerãoWhere stories live. Discover now