nerve » kth+jjk

• cinco •

Taehyung pensou que talvez estivesse alucinando quando sua mente recordou-lhe do momento em que aceitou o capacete, do lado de fora do bar, com um Jihoon puto do lado. Não sabia se o discurso de que seria apenas um desafio proferido pelo rapaz ou se fora o intenso contato visual que ele fazia questão de manter enquanto lhe oferecia a mão para subir na moto, mas cá estava ele, sentado na moto atrás de um desconhecido. A voz de Jeon pedindo para que segurasse firme lhe fez perceber que não, não era mais um de seus sonhos malucos. Ele estava mesmo fazendo aquilo.

Assim que saíram do bar, Jeon acelerou a moto. A noite estava quase caindo e o vento gelado cortava seu rosto. Taehyung passou a encarar a faixa branca que separava a rua do acostamento. Rodeou os braços na cintura de Jeon, pensando se aquilo era ou não estranho, enquanto o celular do outro estava acoplado no guidon da moto, lhes filmando e fazendo sua contagem de tempo.

— Se segura! — Jeon gritou por cima do vento enquanto acelerava a moto.

Taehyung subiu os olhos pela primeira vez em minutos, notando que estavam passando por uma ponte. As luzes dos prédios ao longe contrastavam com a noite, aviões passavam pelo céu, estrelas eram ofuscadas pela luz das cidades (pela poluição também) e ele estava ali, no meio daquilo tudo. Ele olhou para o garoto à sua frente, sentindo algo esquisito. Então sorriu pela primeira vez na noite.

(…)

— Chegamos. — Jeon disse assim que desceram da moto.

— Chegamos. — concordou.

Estavam parados no meio de uma rua deserta e extremamente larga. Parecia um condomínio muito, muito chique. Diversas mansões gigantescas lhes rodeavam, tão imponentes que Taehyung se sentiu até mal de estar pisando naquela rua impecável.

Gangnam era um bairro extremamente rico. Nunca tivera a audácia de dar as caras por ali, pensava que algum segurança iria lhe chutar portão à fora, mas no final das contas era apenas um bairro muito bem planejado, cheio de pessoas importantes que poderiam lhe mandar para a cadeia apenas por sujar seu gramado.

— Então... Eu acho que é isso. — Taehyung limpava as mãos suadas na calça jeans enquanto pensava em algo a mais para falar.

— É isso. — Jeon concordou. — Você quer fazer mais alguma coisa?

— Não, não! — Taehyung negou com a cabeça. — Estou cansado, provavelmente vou achar um caminho para casa, mas obrigado pela carona.

O outro sorriu, apanhando o capacete. Taehyung pensou no quão tranquilo Jeon parecia ali, mesmo com aquela leve aparência ameaçadora.

— Você vai ficar bem? — perguntou.

A rua estava deserta, alguns carros caros estacionados aqui e ali. Não parecia nada perigoso andar pela rua naquela noite.

— Vou sim. — Assentiu.

Jeon continuou lhe fitando por alguns segundos, antes de pôr o capacete e subir na moto. Taehyung observou o garoto desaparecer gradativamente pela rua até dobrar uma esquina e sumir completamente.

Já estava destravando o celular para chamar um táxi quando uma notificação chegou.

"Vá até o endereço abaixo e entre de penetra na festa"

(…)

Encontrar o endereço presente na mensagem foi uma tarefa extremamente difícil e seria pior se não existissem Naver e Google Maps.

Suspirou cansado quando finalmente encontrou: uma majestosa mansão mesclada em branco e luzes de led. O anfitrião daquela festa provavelmente era regado de dinheiro e, por alguns instantes, Taehyung pensou em quão injusto era aquele mundo.