- Do que está falando? - perguntou ele, fitando-me.

- Dessa história mal contada de trazer-me para cá. Você mente em relação a isso. - eu disse dando um passo à frente. Queria mostrar que eu era mais confiante e corajosa do que aparentava. Talvez mais para mim mesma do que para Andrew.

Andrew largou a pá também e aproximou-se. Eu não ousei afastar-me. Queria respostas e não queria mais ser privada da verdade.

- Você saberá da verdade logo - disse ele - Katherine.

Um choque percorreu o meu corpo ao ouvir o nome proferido. Senti minhas pernas ficarem bambas e sabia que poderia cair ali a qualquer momento.

- Do que você me chamou? - perguntei incrédula e um tanto psicótica perdida ainda nos meus pensamentos e em como aquele nome havia me afetado.

Eu reconhecia aquele nome e uma dor consumiu o meu peito, como se uma lâmina afiada e invisível estivesse atravessando-o no exato momento. Minha respiração escapou-me dos pulmões, mas ainda assim, tentei manter-me de pé.

- Me desculpe - disse Andrew claramente preocupando-se com minha reação - quis dizer Amy, mas Katherine acabou por escapar dos lábios. Está tudo bem?

- De onde você conhece esse nome?

Andrew parecia vacilar e procurar as palavras certas a serem usadas.

- Esse assunto de empregados acabou por me fazer lembrar de uma empregada que tive, o nome dela era Katherine. Por isso acabei chamando você por esse nome. Peço desculpas novamente.

Eu conseguia ver a mentira escorrendo de suas palavras. Andrew era um péssimo mentiroso, mas no momento, não estava pronta para uma discussão em busca de respostas.

- Me leve daqui, Andrew. Por favor! - minha voz carregava súplica.

Então não pude mais aguentar meu próprio peso e logo meus joelhos curvaram-se, mas os braços de Andrew apararam meu corpo me carregando em seguida.

Percebi quando passamos depressa pelo salão do castelo. Charlotte estava por ali e perguntou com a voz exasperada o que havia acontecido comigo, se eu estava bem. Andrew respondeu brevemente que eu precisava deitar imediatamente. Não lembro exatamente quando apaguei, mas apenas lembro que um sono profundo pegou-me de surpresa e simplesmente acabei sonhando.

***

Encontrei-me correndo em direção à alguém, não sabia bem quem exatamente era, mas sabia que era uma silhueta conhecida. Eu segurava com força o vestido pesado e espalhafatoso enquanto passava apressadamente pelos galhos secos que pisava vez ou outra fazendo barulhos que no silêncio do local, pareciam altos demais. Aparentava estar anoitecendo.

Alguém estava de costas para mim e por conta da pouca claridade, eu não conseguia ver o rosto ou algo que me fizesse adivinhar de quem se tratava. Meu coração estava acelerado e as palmas de minhas mãos começavam a suar. Continuei a aproximar-me e aos poucos, um sorriso começou a surgir em meus lábios. Uma sensação boa invadiu cada lugarzinho do meu corpo, reconfortando-me.

- Andrew! - gritei, e percebi que estava em mais um daqueles sonhos que não podia controlar meus movimentos ou falas.

Andrew virou-se de imediato para me olhar. De repente um sorriso pintou seus lábios fazendo seus olhos azuis estreitarem-se levemente devido ao sorriso. Seus cabelos pretos que sempre estão despenteados, dessa vez estavam impecavelmente penteados para trás, irritantemente alinhados, sem nenhum fio fora do lugar.

Ele deu exatamente dois passos para frente, para que finalmente pudéssemos ficar próximos. Senti mesmo com essa aproximação mínima, o calor do corpo dele sob minha pele.

Meu CarmaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant