Broken Strings | Shawn Mendes ✓

Hello Catherine

— Iniciamos as buscas, alertamos a população e estamos prestes a emitir um anúncio nacional sobre a busca da mulher! — apertei a xícara um pouco mais forte, me perguntando se aquele cara nunca cederia. — Acredite, tudo o que podemos fazer, estamos fazendo!

A xícara quebrou entre minhas mãos, atraindo a atenção de todos na sala. Mantive o olhar baixo, sentindo todo o meu corpo tremer enquanto analisava o líquido e os cacos no tapete. O chá me queimava também, mas não parecia haver nenhum corte, e mesmo se tivesse, qual era o problema? Duvidava que fosse conseguir sentir, meu corpo sequer respondia aos meus comandos.

— Escuta, a sua namorada, mulher, sei lá... — Sawyer prosseguiu, parecendo mais controlado. — Ela está grávida, e parece estar em estado de choque. A melhor coisa que você pode fazer agora é tranquilizá-la, talvez fazê-la dormir um pouco, e ficar aqui para o caso da menina conseguir voltar. Talvez você devesse dormir também, até porque você está horrível.

Ouvi passos se afastando e então minha mãe entrou no meu campo de visão, colocando um pano sobre o tapete enquanto tirava os cacos. Ela murmurava a todo instante um "está tudo bem", e me perguntei mentalmente se aquilo era para ela mesma ou para mim.

— Volto assim que tiver notícias. — foi a ultima vez que ouvi a voz de Sawyer.

Não demorou até que eu conseguisse ouvir a porta bater e, após alguns minutos, passos na minha direção. Shawn entrou no meu campo de visão assim que se ajoelhou a minha frente, apoiando os braços nas minhas pernas. Nos encaramos por alguns minutos antes dele suspirar.

— Você deveria dormir um pouco. — falou por fim, e precisei de um tempo para encontrar e constatar que ainda tinha voz.

— Não quero. — respondi baixo, sentindo Evan se agitar na minha barriga.

— Catherine, você está grávida. — a voz de Karen surgiu em meio a conversa, e me obriguei a erguer o olhar para encará-la. — Precisa descansar ou o bebê poderá ter problemas.

— Sem contar que não vai ajudar de nada ficando aqui e sendo uma preocupação a mais. — Aaliyah ralhou, sem ao menos tirar os olhos do celular.

O olhar de Shawn se desviou na direção da irmã e tive certeza de que ele a fuzilava, mas a menina mal deu bola. Afundei no sofá, me sentindo a menor pessoa da sala, mesmo que fosse provavelmente a maior delas.

— Ela tem razão. — sussurrei, reunindo as forças que não tinha na hora de me levantar. — Talvez... Talvez seja melhor eu ir mesmo.

Shawn se pôs de pé também, e dei uma olhada para as pessoas naquela sala antes dele passar o braço pela minha cintura e me guiar para fora do cômodo. As expressões penalizadas deles circulavam pela minha cabeça como fantasmas, e por mais que eu tentasse expulsá-los dali, não surtia efeito... Não até eu pensar nela.

O que será que Katie estava fazendo com Claire? Será que ela estava bem? Com fome? Com frio? Onde estava? Eu não sabia se a obsessão de Katie pela minha filha permitiria que ela fizesse mal ela, mas e se permitisse? E se Claire estivesse machucada? Ela era apenas uma criança! Um arrepio percorreu meu corpo, eu precisava de uma pista, de alguma coisa que me permitisse ir atrás dela! Mas tudo o que fiz foi me deixar ser levada até o quarto.

Me deitei na cama a contragosto, puxando os cobertores para cima do meu corpo e observando enquanto Shawn se deitava do outro lado, apoiando o cotovelo no travesseiro e a cabeça nas mãos. Onde será que Claire estava? Onde passaria a noite? Seria no frio? Teria uma cama? Meu coração doía só de pensar no quartinho dela do outro lado do corredor, que hoje só teria um cãozinho chorão esperando por ela.

— Como acha que ela está? — perguntei, já sentindo as lágrimas retornarem aos meus olhos.

Ele precisou de alguns minutos para responder.

— Eu não sei. — Shawn passou a mão livre pelos cabelos, bufando logo em seguida.

— Acha que Katie faria mal a ela? — em segundos, comecei a sentir o torpor da falta de sono surgir em meu corpo.

— Apesar de tudo, acho que não. — nossos olhares se encontraram e ele se inclinou na minha direção, beijando a minha testa. — Mas não pense nisso agora, você precisa dormir e... — senti ele tocar minha barriga. — Ele precisa que você se acalme. Na verdade, eu também preciso.

Não consegui sorrir. Assenti com a cabeça e fechei os olhos, sendo levada pela inconsciência minutos depois dele sair do quarto.

Quando acordei novamente, ouvi um barulho irritante ao meu lado. Olhei para o criado mudo, vendo meu celular se mover enquanto vibrava com a tela acesa. Peguei o aparelho, estreitando os olhos até conseguir ler "número desconhecido" no visor.

— Olá, Catherine. — a bile subiu pela minha garganta ao ouvir a voz de Katie. — Perdeu alguma coisa?