Fight Back

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— Como isso aconteceu?!

Olhei para a minha sala de estar, notando que nunca havia visto o lugar cheio daquela maneira. Alena Cook, Sarah Hoult, um detetive chamado Ian James, o delegado Sawyer, os Mendes e meus pais estavam distribuídos pelo lugar, ambos absortos em suas próprias teorias. Morgan estava no andar de cima, pintando enquanto tentávamos resolver os problemas que pareciam estar apenas começando.

Katie estava fora da cadeia.

Não demoraria até ela vir atrás da minha menina, e eu podia jurar que seria capaz de matá-la se fosse necessário, apenas para proteger Claire. Na verdade, desde que Alena me ligara na saída da clínica, me pegava imaginando como tudo teria sido mais fácil caso Katie estivesse morta. Mas claro, aquela desequilibrada maldita tinha que estar viva para foder a nossa vida mais uma vez.

— Temos que reforçar a segurança da menina. — Sarah se pronunciou, jogando uma pasta sobre a mesa. — É óbvio que a primeira coisa que Katie fará será vir atrás da Morgan, então precisamos...

— O nome dela é Claire. — rebati, vendo o olhar de Shawn se voltar para mim.

Era claro que ele me pedia para que eu me controlasse, e também era claro que eu não ia controlar nada. Era a vida da, não minha, mas nossa filha que estava em jogo, então a ultima coisa que eu teria era controle.

— Precisamos manter Claire sempre sob a nossa atenção. — prosseguiu a psicóloga, me dando uma olhada feia. Não hesitei em fechar a cara para ela. — Sem escola e sem deixar a casa, a não ser que...

— Quer manter a menina em cárcere privado? — Alena interviu, olhando para Sarah com descrença. — Ela tem apenas oito anos, não vai conseguir lidar!

— E o que você sugere? Que a deixemos ir para escola, com uma psicopata a solta, procurando por ela? — as duas se olhavam como dois bichos prestes a se atacar, e eu odiava ter que concordar com Sarah.

— Ela pode ter escolta policial... — minha mãe lançou um olhar para Sawyer, que franziu o cenho.

— Precisaríamos de uma ordem judicial e isso pode demorar semanas, até mesmo meses! — disse ele e, pela primeira vez, consegui ouvir um tom um tanto piedoso naquele homem.

— Vocês não estão vendo a história como um todo. — todos os olhares se voltaram para Ian. — A obsessão de Katie é a Mor... — olhei feio para ele. — A Claire! É a Claire, não? Então, se ela vier atrás da menina, conseguiremos pegá-la fácil.

— Não vai usar a minha filha de isca! — disparei no mesmo instante, atraindo seu olhar assustado.

— Com todo respeito, srta. Wood... — ele tirou os óculos, limpando-os com a camiseta.

Cortei-o no mesmo instante.

— Com todo o respeito o caralho, Sr. James. — cuspi as palavras, atraindo a atenção de todos. — Você está falando sobre pegar a minha filha de oito anos, tirá-la da segurança da casa dela e colocá-la numa posição onde uma psicopata facilmente teria acesso a ela! Isso está completamente fora de cogitação!

— Ele pode ter razão, Catherine. — meu olhar se voltou para o delegado, que mantinha o cenho franzido enquanto falava.

Não. — Shawn sibilou, atraindo a atenção de toda a sala. — Ela é uma criança, não vão envolver ela nisso.

— A única coisa que interessa a Katie é a Claire.

Podia sentir toda a raiva irradiando pelo meu corpo enquanto minhas mãos se fechavam em punhos. Eu precisava socar alguém, fosse o delegado idiota ou o detetive quatro olhos maldito, mas me obriguei a me conter assim que senti Evan se agitar na minha barriga. No final das contas, apenas engoli em seco e segui para o lado oposto a eles.

Senti o ar entrar queimando nos meus pulmões quando cheguei ao lado externo da casa, me sentando na escada da varanda enquanto tentava me acalmar. Meu corpo tremia com tamanha raiva, e eu sabia que assim que fosse para a minha próxima consulta, a obstetra iria falar um monte. Era preocupante sentir todo aquele estresse, até porque sabia o quanto afetaria Evan, mas também era impossível não sentir tudo aquilo. Katie estava fora da cadeia, Claire estava em perigo e havia um complô de pessoas na minha sala de estar que, ao invés de se preocupar em protegê-la, queriam usá-la e submetê-la a mais perigo. Eu não ia deixar, eles estavam muito enganados se pensavam que iriam levar minha filha para aquela situação.

Meu celular vibrou, e tratei logo de apanhá-lo, lendo Jenny no visor.

Alguma novidade? — indagou ela assim que atendi.

— Sim, o perigo de Claire só piora. — falei, bufando logo após.

Quando me dei por conta, já estava me debulhando em lágrimas.

— Jenny, eu não sei o que fazer. — desabafei, sentindo meu corpo tremer novamente. Evan começou a se mover e afaguei devagar minha barriga. — Eles querem usá-la, querem piorar tudo.

Catherine, você precisa se acalmar. — advertiu ela, mas aquilo só serviu para me fazer chorar ainda mais. — Você está numa situação perigosa e ainda por cima está grávida, não pode perder a cabeça agora.

— Eu tenho que protegê-la, Jenny. — funguei, tentando falhamente enxugar as lágrimas. — Eles não podem fazer isso.

Então não deixe que façam. — sua voz assumiu um tom autoritário e lamentei mentalmente o fato dela não estar ali. — Você e o Shawn são os pais, Catherine! Vocês são autoridade máxima quando se trata dela, são um time, eles não podem passar por cima de vocês!

— Cat?

Olhei para trás, vendo Shawn parado na porta. Solucei e voltei a encarar o lago, acariciando a barriga como se Evan pudesse sentir aquilo, como se fosse ajudar a acalmá-lo.

— Eu tenho que desligar, Jenny. — falei com pesar. Não queria desligar, ainda precisava de um minutos para me recompôr.

Seja forte, Cat. Eu sei que você é.

Desliguei a ligação, deixando o celular cair no meu colo enquanto escondia o rosto nas mãos. Ouvi Shawn bufar atrás de mim mas mal dei atenção, me sentia esgotada em todos os sentidos. A madeira rangeu quando ele se aproximou e o ouvi se sentar ao meu lado, mas não disse nada. Meu corpo inteiro pedia por socorro, e o fato de ter Evan se agitando no meu ventre já era o suficiente para que eu não tivesse ânimo para mais nada.

Tirei as mãos do rosto, olhando para o meu colo enquanto seus dedos invadiam o meu campo de visão, se entrelaçando aos meus.

— Vamos dar um jeito. — falou, e me obriguei a forçar um sorriso mínimo. — Ela não vai chegar nem perto de Claire, e você sabe disso.

— Não sei se consigo acreditar. — minha voz saiu falha, não muito diferente das outras partes do meu ser. — Parece que está tudo conspirando contra.

— Tudo sempre conspira contra, Catherine. — ergui o olhar, mas Shawn já não parecia tentar me animar. Ele estava apenas dizendo a verdade. — Cabe a nós decidir se vamos entregar os pontos ou lutar contra.

Broken Strings | Shawn Mendes ✓Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon