Broken Strings | Shawn Mendes ✓

You ok?

— Não tenho boas lembranças desse lugar. — resmunguei assim que adentramos na escola de Claire.

A neve se prendia as ruas de Toronto, e o clima havia mudado drasticamente, ou talvez eu apenas não tivesse visto o tempo passar. Já havia quase um mês desde Jenny e o pub, e agora estávamos no ultimo dia de aula de Claire antes do recesso de inverno. O natal era na semana que vem e eu mal conseguia me conter ao lembrar que seria o primeiro que passaríamos juntas.

O primeiro de muitos, eu esperava.

— Você ainda não me explicou direito essa história da briga. — disse Shawn, apertando minha mão.

Tirei alguns flocos de neve presos em seu cabelo antes de continuar.

— Uma garota idiota provocou ela. — dei de ombros, observando os outros pais no corredor. Me perguntei mentalmente se acabaria encontrando a tal garota.

— E pelo visto, ela puxou os seus genes e resolveu sentar a mão na menina. — fuzilei-o, mas tudo o que ele fez foi rir da minha cara.

— Eu não sou briguenta. — resmunguei, revirando os olhos enquanto o guiava até o pátio.

— Ah não, claro que não é. — debochou ele. — É óbvio que Claire puxou isso de mim, não de você.

Ignorei, me mantendo inabalável enquanto caminhava. Talvez eu fosse um pouco explosiva, apenas um pouco, e pra falar a verdade, não me incomodava de ter essa parte do meu gênio presente em Claire. Sabia que isso a faria lutar por tudo o que achava certo, independente das consequências, sem contar o fato de que a garota metida a besta havia merecido.

Seguimos até o pátio, onde haviam corredores de estruturas montadas com inúmeras pinturas penduradas. Pais e professores corriam por todo o lado, sendo guiados por crianças sorridentes e eufóricas. Fiquei nas pontas dos pés para tentar achar Claire, mas Shawn não demorou a encontrá-la.

— Shawn! — gritou ela, correndo na nossa direção.

Soltei sua mão enquanto ele se abaixava para pegá-la, amparando-a em seus braços enquanto a arrumava em seu colo. Abri um sorrisinho, me aproximando enquanto ela o abraçava de volta.

— Então, onde estão as suas? — perguntou Shawn, começando a caminhar pelo corredor.

— Estão ali! — Claire apontou para o final do corredor. — Vamos ver, eu usei as aquarelas de Jenny!

Rimos baixo e caminhamos na direção indicada, parando ao lado de outra família. Podia ouvir a garotinha ao lado gritar entusiasmada para os pais o porquê de ter escolhido cada cor, mas me proibi de desviar minha atenção enquanto Claire apontava cada uma de suas pinturas. Abri um sorriso ao analisar as pinturas da casa do lago, de Parker, e até mesmo um rapaz com um violão que me lembrava muito Shawn.

Meu sorriso só se desmanchou ao observar uma mulher de cabelos escuros logo abaixo.

Senti minha respiração falhar e dei um passo para trás, ignorando enquanto que Claire explicava cada uma de suas aquarelas com uma animação enorme. Tentei respirar fundo, mas era como se o ar queimasse todo o caminho até os meus pulmões. Continuei caminhando de costas, sentindo as lágrimas encherem meus olhos até finalmente me virar, pronta para fingir uma ida ao banheiro ou coisa do tipo.

— Olá, Catherine. — Sarah Hoult sorriu para mim. — Está tudo bem, eu espero.

Logo atrás, Alena Cook já tinha seu tablet em mãos. Me obriguei a respirar fundo e abri um sorriso irônico, logo assentindo com a cabeça enquanto enxugava os olhos.

— Está tudo ótimo. — falei, forçando a minha voz a assumir um tom convincente. — As aquarelas de Morgan estão lindas, deveria ir dar uma olhada.

— É para isso que estamos aqui. — senti meu sangue ferver.

— Bom, então não deixe que eu te atrase.

Abri passagem, deixando que elas chegassem até Claire. Ao me virar para trás, notei que a minha menina já estava no chão, enquanto que Shawn me olhava com um vinco na testa. Caminhei até ele, o abraçando enquanto a pequena mostrava suas aquarelas para as outras duas. Senti seus lábios na minha testa e desviei o olhar, olhando sobre seu ombro conforme as lágrimas escorriam de novo.

— E quem é essa? — ouvi Alena perguntar e meu coração apertou.

— É a minha mãe. — sua vozinha parecia triste. — Estou com muita saudade dela, mas ela disse que viria me buscar...

Apertei meus braços em torno dele, reprimindo um soluço enquanto escondia o rosto.

— Ei... — sussurrou Shawn, apoiando os lábios na minha têmpora.

— Eu não consigo. — murmurei, tentando enxugar o rosto.

— Eu sei que consegue. — me obriguei a encará-lo. — Você está indo bem, e ela está se acostumando. Vai dar tudo certo.

Seu rosto se aproximou do meu e selei meus lábios aos dele, tentando obrigar minha mente a acreditar naquilo. Eu já havia lidado com coisa pior, não poderia fraquejar por conta de uma mera pintura. Estava tudo indo bem, e Shawn estava certo, Claire estava se adaptando a nós dois. Em breve, ela poderia entender tudo o que havia acontecido e, provavelmente, eu conseguiria recuperar o posto que me pertencia.

Quando olhei para frente novamente, Claire nos encarava com a boca aberta. Não consegui conter o riso, e Shawn logo me acompanhou, me dando um beijo na bochecha. Logo após, olhei para as duas mulheres atrás da minha menina, mas apesar da mesma cara de idiota de Sarah, Alena mantinha um sorrisinho.

— Teremos que conversar sobre isso. — disse ela, gesticulando na nossa direção.

Revirei os olhos e voltei o olhar para Claire, mas apesar da expressão surpresa, vi ela começar a ficar pálida. Arqueei a sobrancelha e imediatamente me soltei de Shawn, dando um passo na direção dela.

— Morgan? — chamei, sentindo meu coração acelerar. — Está tudo bem?

Ela pareceu voltar a si, e um sorrisinho surgiu em seu rosto.

— Sim, está sim.

— Ah, vocês devem ser os responsáveis pela Morgan!

Olhei para o lado, reconhecendo a professora de Claire: uma moça alta, de pele acobreada e cabelos escuros. Sorri para ela, mas logo voltei o olhar para a pequena enquanto os outros falavam. Era óbvio que havia algo errado, e ela não hesitara em esconder, para o meu desespero. Ao notar que eu a encarava, vi seu olhar recair sobre mim. O mesmo sorrisinho nada convincente surgiu em seus lábios, e na mesma hora, notei que precisava descobrir o que havia acontecido.