XXVII - Epilogue

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A dor era imensa, parecia muito real.

Nenhuma palavra poderia definir exatamente a forma como ele se sentia sem ar, sem chão sob os seus pés. O sentimento era um pesar constante e doloroso sob seu peito, em uma tentativa sucedida de esmagar completamente o seu coração.

E um segundo depois, quando decidiu abrir os olhos a escuridão desapareceu. Ele piscou os olhos algumas vezes e percebeu que estava sozinho em uma cama grande e bagunçada. O sol do inicio da manhã era insistente e conseguia penetrar através das grandes e escuras cortinas, clareando e esquentando o cômodo gradativamente.

Outra coisa que percebeu ao acordar, era que toda a dor que sentia fazia parte de um terrível pesadelo. Ele nunca conseguia lembrar-se dos seus sonhos ao acordar, mas dessa vez as imagens estavam nítidas e frescas em sua memória. Uma lágrima fria e salgada deslizou pelas suas bochechas, e apenas tardiamente percebeu que estava chorando. Quando tentou enxugar o rosto, percebeu que sua mão estava trêmula e que não conseguia fazer qualquer outra coisa além de olhar para a sua mão.

Ele caiu de volta na cama e se encolheu, se rendendo a dor sentimental pelo qual o seu corpo estava rapidamente sucumbindo. Ele começou a soluçar cada vez mais alto, tentando apagar a sensação e esquecer para sempre o pesadelo.

Niall nunca seria capaz de superar a perda de Zayn.

Não podia explicar o motivo de estar tão abalado com um pesadelo. Um pesadelo doloroso e inacreditavelmente realista, onde via a luz de esvaindo dos olhos do seu único e verdadeiro amor. Perder alguém que ama é a pior coisa que poderia acontecer, era como perder o sentido da própria vida, era como perder sua própria metade, onde só restaria a dor e o medo de nunca mais conseguir sentir algo igual. Zayn era como o sol que o aquecia todas as manhãs e o seu amor era como uma recarga que Niall necessitava para levantar e enfrentar qualquer desafio que a vida estava pronta para lhe impor.

Ele estava distraído com os seus pensamentos ao ponto de não tinha ouvir quando a porta do quarto foi aberta, mas sentiu quando um corpo se juntou ao seu na cama.

— Niall. O que houve, amor? — Quando virou, mais lágrimas caíram dos seus olhos, entretanto, isso não impediu que o outro beijasse seu rosto carinhosamente. Niall se aconchegou e enterrou o rosto no peito do seu companheiro, tomando coragem para confessar o verdadeiro motivo de o seu turbulento despertar. Falar sobre o pesadelo e deixar a outra pessoa ouvir o que tinha acontecido em sua mente, tornava a dor e o medo ainda mais reais.

— Eu tive um pesadelo com você. — Murmurou lentamente, sentindo todo o corpo tenso sob o toque do outro. — Foi horrível, Zayn.

— Você quer falar sobre isso? — Foi questionado, mas Niall não o queria preocupá-lo visto que ele estava vestido formalmente para o trabalho. — Eu posso ficar aqui e cuidar de você.

— Você não precisa se preocupar comigo. Tenho certeza de que todos os seus funcionários iriam sentir sua falta.

— Preciso convencê-lo novamente? Niall, você é a coisa mais importante para mim. — Ele disse com um pequeno e apaixonado sorriso nos lábios. Niall inclinou a cabeça levemente e deixou um leve beijo em sua boca. — Por que você acordou tão triste? Pude ouvir os seus soluços lá da sala.

— Foi um pesadelo, eu te disse. — Niall respondeu, desviando o olhar antes de se afastar e sentar na cama. Dizer que tinha sonhado com a morte de Zayn, poucos minutos antes de ter que vê-lo sair do seu lado, era mais do que aterrorizante.

— Você promete que está bem?

— Claro, foi só um pesadelo. — Niall confirma e sorri. Zayn se aproxima rapidamente e o puxa para seu colo, fechando os braços ao seu redor e enfiando o rosto em seu pescoço. — Eu te amo. — Sussurrou. O abraço e a sensação de ter o amor de sua vida em seus braços, vivo e em segurança era um alívio.

Zayn sorriu e se afastou para beijar Niall, um pouco mais demoradamente, deixando suas mãos deslizarem pelo corpo do seu amante, sentindo cada pedacinho da pele livre e dos cabelos escuros, arruinando o penteado que demoravam literalmente horas para ser completamente aperfeiçoado. Sentir o calor da vida que borbulhava em seu interior e a paixão que os conectava, fez com que Niall esquecesse momentaneamente do sonho e da dor de perder Zayn.

O beijo dos dois foi interrompido quando a porta foi aberta novamente, dessa vez duas crianças com muita energia para o horário entraram correndo no quarto e pularam na cama, deixando seus desgostos claros ao flagrarem seus pais compartilhando um beijo.

Khai e Eve, duas garotinhas de seis anos, eram as duas filhas do casal. Eram as crianças mais preciosas, carinhosas e inteligentes que Niall havia conhecido em toda a sua vida. Khai era uma pequena e adorável versão feminina de Zayn, com cabelos cor de mel e uma pele clara, uma energia e amor contagiante por animais e músicas. Enquanto Eve tinha herdado todas as características da família irlandesa de Niall, desde a pele pálida que ficava facilmente avermelhada com a mínima exposição ao calor e ao sol, quanto aos adoráveis olhos azuis que todos ficavam hipnotizados;

A pequena família era tudo o que ele poderia ter desejado nessa vida.

Khai tinha expulsado Niall do colo de Zayn, e Eve estava falando entusiasmadamente sobre o pequeno tombo que tinha sofrido na escada do quintal mais cedo ao tentar fugir do ataque da irmã. Zayn ouvia as duas atentamente, acenando para uma pergunta de Khai enquanto examinava o joelho machucado de Eve.

— Papai! — Eve gritou, pulando no colo de Niall e abraçando o seu pescoço. — Eu quero ir para a casa da vovó, o vovô disse que vinha buscar a gente. Por favor!

— Vocês estão fazendo planos sem mim? — Niall perguntou, fingindo estar decepcionado. — E, além disso, vou ficar sozinho o dia inteiro?

— A tia Louise disse que iria precisar de você! — Khai disse, procurando a confirmação com o outro pai. — Por isso fizemos nossos próprios planos.

— Ela ligou enquanto você estava dormindo, e disse algo sobre uma arrecadação de fundos para alguma instituição. — Zayn informou, tirando Khai e Eve da cama. — Se vocês estão planejando ir para a casa da vovó, terminem o café da manhã.

As duas reclamaram, mas acabaram voltando para a cozinha emburradas.

Zayn estendeu a mão e Niall aceitou, saindo da cama e parando diante do outro homem. — Eu te amo.

— Eu te amo. — Zayn murmurou.

— Sempre. — Niall sussurrou ao beijar o seu marido amorosamente.



°

Eis uma pequena explicação:
O Zayn realmente não resistiu. Niall não pode salvá-lo, mesmo que tivesse o poder para isso, ele não sabia como usá-lo.

Entretanto, os dois tiveram uma segunda chance e se encontraram em outra vida. Uma vida onde todos eram normais, onde todos tinham uma família e uma vida em que ambos podiam se amar livremente, e um par adoráveis de filhas.

O pesadelo no começo do capítulo, nada mais é do que uma lembrança do que aconteceu. Niall não sabe explicar, mas lá no fundo sente que a dor de tudo é real. E cada vez que isso acontece, ele é lembrado de que tem uma pessoa que ama e é amado.

E não se preocupem, pq Harry e Louis também estão bem (nas duas versões da história).

Eu passei muito tempo para encerrar essa história, pq ela foi uma das minhas primeiras aqui no site. E eu amo cada um de vcs por terem acompanhado minha criação, e cada segundo e carinho que tive ao escrever essa trajetória entre Zayn e Niall.

MUITOS BEIJOS.

Angel || Ziall HorlikOnde as histórias ganham vida. Descobre agora