Vida Postiça (ficção geral)

72 14 2
                                    


Vida Postiça, de LarissaGHennemann

Link: https://www.wattpad.com/story/97482900-vida-posti%C3%A7a

Tabela de pontos

Linguagem

Gramática: 3 pts

Estilo do(a) autor(a): 2 pts

História

Parágrafo de abertura: 1 pt

Apresentação de personagens: 1 pt

Diálogos: 1 pt

Desenvolvimento da trama: 2 pts


Parte I — Linguagem

1) Gramática (1,3)

O texto apresenta vários problemas gramaticais, o mais frequente e visível deles é o uso do acento agudo no lugar da crase (embora a crase não tenha sido exigida em todos os casos em que foi usada no texto), por exemplo, em "meus pés á cabeça"/ "meus pés à cabeça". Há também erros de concordância e de pontuação, como em "(...) as únicas pessoas as quais eu realmente conhecia, era meus responsáveis"/ "(...) as únicas pessoas as quais eu realmente conhecia eram meus responsáveis". Por fim, há o uso de pontuação antes do inciso e letra maiúscula no início dele (p. ex.: "Senhor. — Acenei"/ "— Senhor — acenei").

2) Estilo da autora (0,9)

A escrita é simples, mas precisa ser melhor trabalhada para resolver alguns trechos confusos. Por exemplo, em "Andejei até o canto do cômodo onde lá estava pendurada a roupa prata que usavam os auxiliadores do Comandante, que dessa vez era eu", temos alguns problemas: 1) "Andejar" é uma palavra incomum demais para um texto que não usa palavras difíceis; isso dá a impressão de que a autora a usou por mero capricho. 2) Esse "lá" está sobrando na frase, sua presença é gramaticalmente desnecessária. 3) Nessa frase, dá a entender de que Cem é a comandante, pois o "que" (pronome relativo) está se referindo ao Comandante; porém, no decorrer do texto, descobre-se que Cem é uma auxiliar.

Parte II — História

3) Parágrafo de abertura (0,7)

A princípio, achei que se tratava de um erro, porém, lendo a história, notei que a escolha da palavra "pensamentos" por "sonhos" foi proposital para limitar a narração do evento de acordo com o conhecimento da personagem naquele momento. Provavelmente, Cem ainda não sabe o que é um sonho, e acha que isso se trata de um pensamento (essa é minha interpretação, eu posso estar errado). Apesar da ideia ser muito boa, ela cria confusão ao leitor, e é preciso tomar cuidado para não criar uma má impressão logo de início. No caso desse parágrafo, o finalzinho dele acaba gerando uma confusão negativa (" (...) já que todas as horas no dia algo novo vinha a minha mente"). Quando se lê essa parte, a interpretação de que os pensamentos sejam sonhos vai por água a baixo, já que pensamentos realmente vêm a qualquer hora do dia, sonhos não.

4) Apresentação de personagens (0,6)

Sabemos tão pouco da protagonista quanto ela de si mesma. Pela forma como alguns eventos são narrados, ela aparenta ser uma androide ou algo do tipo. Talvez por isso ela ainda pareça não ter muito carisma ou vivacidade, coisa que a personagem Andy demonstrou. Com relação a Andy, aliás, sinto que faltou um pouco mais de destaque a ela. A interação entre as duas foi breve e um pouco atropelada, não dando tempo para a personagem se mostrar mais.

5) Diálogos (0,8)

Boa parte do primeiro capítulo é desenvolvido por meio de diálogos. Alguns, como frases de cumprimento, seriam irrelevantes em outro contexto, mas aqui essas frases possuem certo peso para a interação de alguns personagens, que soa (propositalmente) mecânica e banal. Os diálogos mais naturais são os que envolvem Cem e Andy, e não por acaso elas duas sejam "iguais", ao passo que essa naturalidade não se vê numa conversa entre Cem e um superior. Os incisos são abundantes e conseguem caracterizar a cena, embora seja possível enxugá-los.

6) Desenvolvimento da história (1,3)

Trata-se de uma ficção científica daquelas em que a protagonista parece estar reclusa em um local menor administrado por pessoas que a usam para algum tipo de fim, criando, assim, uma trama em que o primeiro impulso é escapar desse lugar fechado. Não foram dados muitos detalhes sobre esse local, e acredito que isso precise ser mais detalhado antes de a trama sugerir uma fuga desse lugar (como ocorreu no segundo capítulo); o leitor precisa sentir a reclusão desse espaço e suas regras, para que sincronize com as motivações de fuga das personagens. O início do segundo capítulo direciona a trama para essa fuga, mas ele parece começar do meio de uma conversa e não recupera o que foi dito antes. É como se a gente entrasse numa roda de conversa com um assunto que já foi iniciado e um pouco desenvolvido. Ou seja, há uma lacuna de explicações e motivações entre o primeiro e o segundo capítulo. Como a proposta da fuga é um elemento de impacto na trama, ela seria mais eficaz se viesse no final da cena, depois de elas verem aquele livro de amizade.

É interessante essa interação com os livros por meio dos quais Cem e Andy podem conhecer novos vocábulos e outras coisas além da Cidade Postiça. O fato da protagonista desconhecer certos vocábulos, sentimentos e sensações, como se houvesse se esquecido deles, e usar os livros para recobrar tudo isso transmite uma mensagem interessante acerca do papel da literatura.

.

.

Nota de expectativa: 5,6


-------------------------

Gostou do meu trabalho e deseja uma avaliação profissional do seu livro?

No projeto "Primeiras Impressões" eu avalio gratuitamente o primeiro capítulo de forma geral, destacando alguns aspectos que considero mais importantes. Mas quem quiser uma avaliação profissional e minuciosa do seu livro, estou oferecendo serviços de revisão, leitura crítica e/ou copidesque. Para orçamento, basta me contatar por inbox.

Primeiras ImpressõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora