Taínos: os herdeiros da invasão (ficção histórica)

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(obs: Peço desculpas por não ter publicado novas avaliações nas últimas duas semanas. Mesmo deixando claro que a frequência das postagens é irregular, acabou sendo um hiato mais extenso do que deveria. A partir de hoje, então, retomarei uma frequência razoável de avaliações.)

Taínos: os Herdeiros da Invasão, de VaniadaSilva2

História avaliada em 12/03/2017

Tabela de pontos

Linguagem

Pontuação: 1 pt

Gramática: 2 pt

Estilo do autor: 2 pt

História

Parágrafo de abertura: 1 pt

Apresentação de personagens: 1 pt

Diálogo: 1 pt

Desenvolvimento da trama: 2 pt

Parte I — Linguagem

1) Gramática (1,5)

O texto apresenta problemas frequentes no uso da vírgula, prejudicando bastante sua qualidade (p.ex.: "Seus ocupantes[,] satisfeitos, consideravam a vida ganha". Ainda sobre a pontuação, vez ou outra, o ponto final antes dos verbos dicendi nos diálogos também é usado de maneira equivocada, bem como a letra maiúscula (p. ex.: "Vou tomar um pouco de água e a gente vai lá. — Disse transparecendo resignação" [sem ponto e o "disse" com letra minúscula]).

Alguns trechos estão saturados de verbos conjugados no pretérito-mais-que-perfeito e que poderiam vir no passado simples (p.ex.: "O dia amanhecera (amanheceu) quente e ensolarado..."). Também há trechos nos quais o verbo é conjugado no presente (e aqui, sim, é um erro), sendo que a narração é feita no passado (p.ex.: "O capitão consente com um gesto").

Por fim, acredito que deva ter sido um erro de digitação/atenção em "pecado pedaço de pau", escrito no capítulo 1, pois não consegui entender o que isso quis dizer.

2) Estilo da autora (1,0)

Eu gostaria muito que a autora conseguisse ser mais descritiva, tendo em vista o rico cenário e os personagens que habitam nele. Uma escrita mais cadenciada conseguiria reunir com mais precisão os elementos da história e aumentar o seu poder de imersão. Por exemplo, na cena do prólogo em que os personagens estão observando os "monstros marinhos" se aproximarem, faltou nela uma interação maior entre os personagens somado a uma descrição mais detalhada das sensações despertadas por aquele "monstro", principalmente pelo fato de serem pai e filhos — não que tenha ficado ruim, mas havia potencial para bem mais.

E já que citei o prólogo, as quebras de cenas foram desnecessárias. A narração poderia ter prosseguido executando ela mesma o corte, sem depender dos separadores. O resultado foi um recorte que quebrou completamente o ritmo da cena. Por fim, na última linha, a narração pareceu ter saído do pdv dos personagens no barco e optou por uma visão onisciente. Isso não só quebra a estrutura narrativa como arranca o leitor de dentro da história (do ponto de vista dos personagens que ele acompanhava).

Parte II — História

3) Parágrafo de abertura (0,7)

Conta com uma boa descrição que identifica os personagens, quantos são, o que estão fazendo e onde estão. Portanto, o parágrafo consegue ser bem fechado nesse quesito de apresentação, mesmo que não haja um elemento que pareça quebrar a rotina (algo que surgirá um pouco depois). Pode ser que, para atrair o leitor, o irromper das embarcações pudesse ter sido mencionado no fim do parágrafo (e eu realmente gostaria que fosse assim, nem que para isso o parágrafo ficasse maior). Mas isso é apenas uma sugestão. O que afeta negativamente o primeiro contato com o texto são os erros de pontuação.

4) Apresentação de personagens (0,6)

Como eu dissera a respeito da cena do prólogo, os personagens naquele barco seriam menos esquecíveis se houvesse tido uma maior interação entre eles. Já no capítulo 1, tivemos o foco voltado para um único personagem, Hatuey. O ponto de vista não fica apenas em Hatuey e também vai para o pai. Isso é uma opção da autora, e eu entendo, mas como o capítulo leva o nome do protagonista, imaginei que ele também detivesse todo o pdv. Sendo assim, apesar do foco ser mais no filho, o pai também tem uma participação ativa na trama. No entanto, o aprofundamento pareceu ficar apenas em Hatuey, que possui suas particularidades dentro da aldeia, como ser o menino de uma profecia e ter passado pelo rito de iniciação com menos idade. Nesse sentido, ele é um personagem interessante, mesmo caindo no clichê do escolhido. Os demais personagens são rasos, e talvez tenha lhes faltado um pouco mais de profundidade; os diálogos seriam uma boa maneira de fazer isso.

5) Diálogos (0,3)

Eles são escassos no texto e, ás vezes, passam a impressão de que só existem para a história não ser passada quase toda por meio de narração. Só que alguns não parecem ter tanta importância ou peso, como o pai dizendo para o filho ir pra casa, se secar e comer alguma coisa, e o filho assentindo em seguida. Além disso, não há conversas longas e isso não dá o tempo ideal para conhecermos melhor os personagens por meio desse recurso. Os diálogos são muito breves, pontuais e submissos à trama. Por exemplo, quando Hatuey encontra o chefe religioso, este diz apenas uma fala e então o capítulo é encerrado.

6) Desenvolvimento da história (1,5)

Não é com frequência que temos a chance de ler uma história do ponto de vista de povos indígenas na era pré-colombiana. É uma temática interessante e a autora parece ter pesquisado adequadamente sobre o povo Taínos, bem como a percepção de mundo dos indígenas naquela época. Os capítulos com informações extras e as descrições das embarcações no prólogo corroboram isso.

Não ficou evidente, em termos de cronologia e geografia, a situação do primeiro capítulo. No prólogo ocorre o surgimento das embarcações, enquanto que, no capítulo 1, é achado um europeu na praia. Mas essa ligação deve ser esclarecida nos capítulos seguintes, que são voltados para outros personagens, talvez em outros lugares da ilha. Aliás, a cultura e hierarquia social dos Taínos, assim como sua organização territorial, são detalhes propícios para o desenvolvimento de uma boa história. Como são vários lugares e vários personagens-protagonistas, isso abre um leque de possibilidades para a trama.

Minha única sugestão é tornar o começo do capítulo 1 mais focado no presente. Há uma ida e vinda para explicar coisas do passado que podem confundir o leitor e não firmar precisamente a situação do tempo presente.

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Nota de expectativa: 5,6

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