Só Mais um Jogo (aventura)

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Título: Só Mais um Jogo, de Sergioroberto15

História avaliada em 25/02/2017

Tabela de pontos

Linguagem

Gramática: 3 pts

Estilo do autor: 2 pts

História

Parágrafo de abertura: 1 pt

Apresentação de personagens: 1 pt

Diálogo: 1 pt

Desenvolvimento da trama: 2 pts

Parte I — Linguagem

1) Gramática (2,1)

O uso inadequado de pontuação foi o principal problema nesse quesito, apesar de não atrapalhar de forma significativa o entendimento do texto. Por outro lado, foram diversas as ocasiões de vírgulas sendo usadas em lugar de ponto-final, gerando frases longas e equivocadas em sua construção (p. ex: "Calma,[.] Essa última parte foi brincadeira,[.] Tenho certeza de que a parte da guerra chamou sua atenção, não é?). Aliás, acredito que frases curtas combinem melhor com o estilo de escrita utilizado. Também encontrei uma crase impertinente (foi à aparição) e um erro ortográfico (t[T]erra) e alguns outros problemas menores.

2) Estilo do autor (1,5)

A linguagem do texto segue uma tendência informal pontuada por algumas escolhas lexicais (como o uso do "pra"), pelo humor narrativo e pela conversa com o leitor. O narrador parece bem à vontade em narrar a história da maneira que lhe convém, chegando até mesmo a referenciar e criticar o que ele próprio escrevera. A trama indica a inspiração usada para esse formato de texto quando menciona os "desenhos japoneses". No caso, estamos falando das light novels: narrativas acompanhadas com desenhos em mangá e com uma linguagem mais leve e coloquial. Tentando emular essa forma de escrita, o autor desenvolveu um estilo meio descompromissado com a beleza poética tradicional, mas que ainda assim consegue instigar o leitor. O único contra que vi nesse aspecto foi um abuso maior do tom jocoso com relação ao leitor, o que pode tornar as piadas repetitivas e o humor, banal.

Normalmente, eu também torceria o rosto ao ver uma interjeição extensa em caixa, mas como ela parece proposital para contrastar com um engasgo em seguida, e considerando a informalidade da linguagem, é aceitável (e em outras ocasiões do texto o uso de caixa alta também é pertinente). Porém, logo em seguida, o narrador diz o que o leitor já percebeu, que o personagem riu e se engasgou. A única informação relevante ali era que a boca dele se encheu de um gosto metálico.

De erros comuns ao longo do texto, encontrei a repetição de palavras e também de ideias (como a que exemplifiquei acima), alternância dos tempos verbais entre presente e pretérito (embora não tenha me incomodado de forma sensível), e alguns usos de reticências que poderiam ter sido suprimidas.

Parte II — História

3) Parágrafo de abertura (0,9)

Um monólogo. Não é o tipo de começo de história que se vê por aí, mas caiu muito bem aqui. Como não é bem um parágrafo, é preciso analisar o conjunto de frases, embora eu ache que algumas delas poderiam estar juntas. Há um sentimento de arrependimento e frustração impregnado nelas. Ou seja, o texto começa com a emoção de um personagem, um personagem que fala de si mesmo. É uma escolha acertada, considerando que em seguida ele descreve onde está e o que está acontecendo. Talvez se o monólogo perdurasse por mais alguns linhas, ele perderia força.

4) Apresentação de personagens (1,0)

O único personagem que apareceu no começo da história foi o protagonista-narrador e sua colega(?) Alana. Mas quantidade não conta para esse quesito, e sim a qualidade. Nesse aspecto, conhecemos Erik através de sua narração informal, que fala sobre si mesmo de forma direta ou indireta. A informalidade dá a narração um tom autoral, e, consequentemente, deixa transparecer melhor a personalidade do narrador-protagonista. Sendo assim, o contato inicial com Erik é bastante satisfatório.

5) Diálogos (0,5)

Houve apenas algumas falas soltas e um único (e breve) diálogo entre Erik e Alana. Neste último caso, foi uma conversa curta com um ótimo efeito humorístico. Esse quesito valerá apenas metade dos pontos, e a outra metade será passada para o quesito abaixo.

6) Desenvolvimento da história (2,3)

Uma vez que a linguagem do texto emula a de uma light novel, é de se esperar que o enredo também o faça. É por isso que o universo de Só Mais um Jogo se passa no mundo real transformado por algum fator fantástico, que gerou uma realidade similar à de um jogo de videogame onde vemos os atributos de nossa roupa flutuando no ar quando a vestimos. Essa é uma premissa interessante e misteriosa ao melhor estilo mangá/anime shonen (aliás, alguns títulos são mencionados no prólogo).

Sobre a ordenação dos capítulos, não deu para entender porque o primeiro é intitulado com um ponto-final, para depois vir o prólogo e o capítulo 1. O prólogo, na verdade, se parece com um primeiro capítulo de história, enquanto o do ponto-final se parece com um prólogo. Acredito que o autor possa alterar isso (a não ser que haja um motivo forte que ainda não conheço).

Sobre o desenvolvimento da história, no capítulo do "ponto-final", o personagem olha a iminência da própria morte com um tom condescendente impregnado de humor. Há sentimentos negativos, mas ele parece tentar amaciá-los com um humor quase doentio. Esse "capítulo" ainda deixa pontas soltas que aguçam a curiosidade do leitor, como a "morte" do protagonista, a forma como ele acabou naquela situação, os arrependimentos que ele carrega, a menção a outros personagens etc.

Com relação ao "prólogo" (que eu acho ser um primeiro capítulo), essa ação do personagem narrar ele mesmo acordando, indo ao banheiro, se vestindo, tomando café, é uma escolha clichê perigosa. A ideia aqui é mergulhar o leitor no tédio vivido pelo personagem para então, no final, impactá-lo e fazê-lo falar um "dafuq?". É um recurso narrativo bem interessante, mas é recomendável que a primeira metade (antes de Alana telefonar) seja um pouco mais resumida para não abusar tanto da paciência do leitor.

E no primeiro capítulo, o autor soube dobrar muito bem a armadilha de contar o background de seu mundo. Simplesmente fazendo o narrador em primeira pessoa dar essas informações segundo as impressões dele, no que ele sabe (ou sabia). Soma-se a isso a informalidade do texto, e temos uma digressão conveniente. Isso demonstra que o autor conhece alguns padrões de desenvolvimento narrativo e sabe quando quebrá-los.

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Nota de expectativa: 8,3


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