Ele nunca se distanciou dela e algo me diz que ele a controla de alguma forma.

- Será que deixou? Harriete pensa bem.

- Caio, o que é que tu sabes?- Tudo, eu sei tudo.

Não lhe respondi mais até porque a minha cabeça estava a doer-me bastante, a ponto de quase nem conseguir abrir os olhos. Harriete desviou-se para buscar algo e quando ela se virou, senti o meu corpo todo apagar de repente.

Zaira

Não ouvia nenhum barulho a afirmar que o homem ainda estava por aqui.
Decidi arriscar e saír do esconderijo, tentando procurar uma estrada por onde desse para pedir boleia.

O bosque era extenso e escuro, como já estava a ficar mais tarde, o sol já não passava por entre as árvores o que tornava um pouco assustador o local.

Corri até chegar a algo urbano, mas apenas encontrei uma casa amarela. Era bastante pequena e acolhedora.

Decidi não pedir ajuda, visto que ainda me encontrava bastante perto da minha casa, e continuar a correr até encontrar algo mais fiável.

Sorri ao ver que havia chegado à estrada principal.

Pus a mão levantada à espera que alguém parasse o seu carro para me ajudar.

O primeiro carro passou ignorando-me por completo e o segundo acabou por repetir o mesmo ato, até vir uma carrinha vermelha que ao ver-me sentada, já sem esperança, parou.

- A menina quer boleia para algum sítio?

Era um senhor de barbas brancas e que usava um chapéu de palha na cabeça, o que completava por completo o seu estilo de homem do campo.

- Sim, por favor.

Ele sorriu e abriu-me a porta para entrar. Ajeitei o meu vestido e o cabelo devido a ter estado a correr até agora e sentei-me ao seu lado.

- Para onde quer que a leve?

Ele perguntou enquanto ligava de novo o carro.

- Para um hospital, fica para norte, o primeiro mesmo.

- Fica a umas horas daqui, mas tem sorte que eu vou para esses lados. Sou o Roberto já agora.

Sorri, apertando de seguida a sua mão.

- Sou a Zaira.

- Então Zaira, porque a menina quer ir para o Hospital, está doente?

Naturalmente gostei do senhor. Tinha um ar humilde e uma foto adorável da sua família colada em frente ao rádio.

- Não, vou ver um amigo.

Ele assentiu antes de se concentrar de novo na estrada.

- Espero que o seu amigo esteja bem então. Temos que saber valorizar estas coisas boas da vida. Eu só vejo os meus filhos de semana a semana.

Olho um pouco confusa para ele e o senhor acaba por se explicar melhor.

- O meu trabalho não me permite estar todos os dias em casa. Infelizmente só os posso ver semana sim, semana não.

- Lamento. Deve ser complicado.

- E se é menina, os pais têm sempre um amor louco pelos filhos.

Gostava de pensar isso do meu. Neste momento acho que ele tem um amor louco mais pelo dinheiro do que por mim.

- Você deve ser um pai fantástico.

Digo de forma sincera.
Via-se o quanto ele gostava deles e o carinho que tinha ao falar sobre isso.

Apoiei-me um pouco no banco para descansar. Estava completamente estafada do caminho que havia feito até aqui.

Nunca mais via hora de ver o Caio novamente e poder dizer tudo aquilo que está preso aqui na minha garganta.

Dizer que, apesar do que aconteceu e de não termos começado da melhor maneira, que o amo, pois ele deu-me a atenção e amor que eu precisava.

Continua

In(quebrável) - Máfia e Vingança Where stories live. Discover now