- Max?

Me destrai de meu avoamento momentâneo, quando me deparei com o baixinho embaixo dos meus cobertores, com um sorriso tão meigo, que ... me desmontava a cada passo, em que me aproximava.

- Meu Deus, porque você tem que ser tão fofo?

Sorri e depositei um pequeno selo em sua testa coberta pela sua franja ruiva. Me sentei ao seu lado.

- Posso saber o que faz aqui?

- Posso saber... porque não.. estava aqui?

Me perguntou com uma cara interrogativa.

- Fui ver uma amiga...

Suspirei.

- Mas ela te descabelou... assim?

Arrumei meus cabelos com os olhos arregalados rapidamente.

- Estavamos brincando ... Max, você sabe que ficar aqui sozinho é perigoso

Mudei de assunto rapidamente.

- Sabe que sua mãe não gosta da nossa amizade.

- É que...eu ganhei uma.. coisa hoje... e, eu... queria dar pra..você

Tirou de baixo da coberta um pião e estendeu tuas mãos me entregando.
Fiquei entusiasmada, e ao mesmo tempo lisonjeada do garotinho lembrar de mim. Me arrependi, consequentemente, por te-lo tratado mal mais cedo, afinal... ele era apenas uma criança, que não tinha culpa de estar no mundo.

- Max..

O abracei acariciando carinhosamente teus cabelos.

- Me desculpa...

- Eu gosto.. de você Jullie.. 

Senti tristeza no que me disse. Quando olhei pra teu rosto, notei as lágrimas percorrerem sua face silenciosamente. E em seguida disse:

- Não deixa.. ela levar.. eu embora.

- Max...

- Por favor...

Estava me matando vê-lo suplicando daquele jeito, mas o que me matava ainda mais, era não ter muita coisa a fazer.

- Olha, eu vou tentar falar com ela. Eu prometo. Ta?

Assentiu com a cabeça, e limpou suas lágrimas com a manga de sua blusa.

- Agora...suponho que queira brincar. Porque eu quero!

Sorri e ele sorriu em seguida desceu da cama mais animado e eu o segui.

- Sabe fazer isso?

- Sim, o tio Liam me ensinou um dia.

Pegou o pião e o manuseiou corretamente fazendo com que o brinquedo rodopiace chão a diante. Nos sentamos, e ficamos observando quietos... por um longo tempo, fascinados com aquilo. Até que:

- Max, quem é seu tio?

- Irmão.. da mamãe...bobinha..

Sorriu inocente. 

- Ele vem me ver... as vezes

- Que legal..

Sorri, curiosa internamente.
Não vi as horas passarem, quando chequei o relógio já passavam das 2h da manhã.

- Ei...

Max cochilava de bruços no tapetinho do quarto...

- Está ficando mal acostumado... dorminhoco.

O tomei em meu colo, sorrindo cansada.

- Obrigado..

Sorriu com teus olhos fechados.

- Não agradeça. Durma bem.

Caminhei cautelosamente até seu quarto. O deitei na cama, joguei a coberta por cima de teu corpo, e sai deixando a porta encostada.

De volta a meu quarto. O dia havia sido longo e cansativo. Reposei sobre minha cama, e adormeci rapidamente.

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- Acorde!

Me assustei com a voz. Áspera, máscula, e arrogante. Robert. Saltei da cama.

- Que?

Falhei a voz.

- Ouça bem. Não se meta com Bianca.

- O que fiz dessa vez?

- Você sabe do que estou falando. Serei obrigado a desenhar?

- Tudo bem.

- Sorte sua que estou sobre monitoramento. Mas, fique ciente de que... ainda vou matar minha vontade  de te bater até sangrar.

Arregalei meus olhos. Meu coração parou brevemente. Queria poder arrancar sua língua fora. O que me dizia, me deixava assustada, era...um tanto feio.
Robert saiu e corri pro banheiro. Acho que meu nervoso foi tanto, que acabei vomitando. Resolvi tomar um banho, pra esfriar a cabeça e esperar que esse mal-estar passasse.

- Jullie?

Abriu sem avisar. Soltei um grito repentino.

- Doutora.

Desliguei o chuveiro e escondi meu corpo com a toalha.

- Me desculpe ...

Embora tenha se desculpado, não aparentava arrependimento de seu ato impulsivo. Seu sorriso malicioso demonstrava sarcasmo, mas não um sarcasmo ruim... Sorri de volta sem querer.

- Er... quer algo?

- É... talvez.

- Posso me trocar?

- Tem vergonha de mim?

- Do meu corpo. Vergonha do meu corpo...

- Não deveria. Ele é, bonito. 

- É.. não acho, mas obrigada.

Viu que fiquei meio sem jeito, e assim se pôs em teu lugar.

- Tudo bem, espero do lado de fora.

Fechou a porta do banheiro, e me troquei rapidamente.
Em questão de alguns minutos já estava no quarto.

- Então.. 

Me sentei na cama, pentiando delicadamente meus cabelos.

- Quer sair daqui?

- Como assim?

- Sair dessa clínica. Pra sempre.

Quero! Pensei comigo mesmo. Mas isso era quase impossível porque, não tinha família.

- Como? Não tenho família. Lembra?

- Isso não importa. Você, poderia ficar em casa... se dá bem com meu filho não é?

Quero novamente! Mas.. Robert, se ele souber disso, eu estou literalmente morta.

- Doutora... 

Me interrompeu.

- Não precisa responder agora. Mas pense, pensa no Max, e em você também. Vai ter seu tratamento em casa, decentemente. Sendo uma garota normal, tendo uma vida normal...

Se levantou indo até a porta. Perguntei antes que partisse.

- Mas...porque eu?

- Eu gosto de você!

Sorriu sem mostrar os dentes, e saiu.

E agora?

PsicoLove.Where stories live. Discover now