CAPÍTULO DEZ

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~~ mudança de planos ~~ 


Rebecca voltou da viagem revigorada.

Parecia que tinha saído de férias por um mês no Caribe, ou algum lugar paradisíaco assim. Tinha se sentido tão relaxada durante aqueles dois dias com Louis, que realmente podia se convencer de que tinham aberto um buraco na linha do tempo e passado muito mais que quarenta e oito horas naquele hotel, com aquela vista para o mar, o barulho do oceano violento à noite, a cama tão macia. E Louis, completamente dela por dois dias. Realmente, para Rebecca, aquilo tinha sido o paraíso.

Passaram na casa dos seus pais para buscar Zeus, que estava histérico de saudade, e seguiram para o condomínio, onde Louis planejava passar mais uma noite. Tinha algumas horas de sobra no dia, com o voo chegando em Valentina às seis da tarde, então, para onde iria? Mais algumas horas nessa fantasia onde só existiam os dois no mundo... ou quase.

— Ei, Daniel. — Por incrível que pareça, foi Louis que acenou para o vizinho de sua namorada.

Daniel estava sentado no primeiro dos três degraus na entrada de sua varanda, e um rapaz magro e menor que ele estava ao seu lado, praticamente na mesma posição – ambos segurando uma garrafa buchuda de cerveja na mão esquerda.

Zeus pulou do carro e foi de encontro a Daniel, que acariciou sua cabeça e resmungou palavras inaudíveis numa voz aguda.

Rebecca não reconheceu de imediato, mas ao chegar mais perto – sendo levada por Louis – ela viu que o rapaz ao lado era Anderson, o ajudante de Daniel naquela primeira visita à sua loja. Agora, conhecendo Daniel com mais intimidade (mesmo que pouca), ela notou a semelhança entre os dois. Anderson era claramente mais novo, mas tinha o mesmo maxilar marcado, as orelhas um pouco pontudas e o mesmo tom de cabelo. Era impressionante, mas era o mesmo. Sob a luz amarelada da varanda, os fios refletiam um dourado queimado. Pareciam ter ido no mesmo salão de beleza e pedido o mesmo tom de tintura. E eles se moviam da mesma maneira; sem contar o comportamento... petulante de ambos. Naquele dia, pelo menos.

— Hã... Louis, certo? — Daniel apertou a mão de Louis e assentiu, sorrindo — Ei, Rebecca. Tudo bem? Esse é meu irmão, Anderson. — Ele apontou para seu clone mais novo e mais magro.

— Lembro de você. Foi proibido de voltar à loja, né? — Rebecca riu com a própria piada. Ela achava que estava fazendo uma piada, sendo engraçada.

Todo mundo manteve um sorriso cordial no rosto, com medo de falar demais, ou se enfiar em uma situação embaraçosa. Infelizmente, Louis não era o melhor em sentir o clima de um lugar, e chamou os irmãos Rincón para se juntarem a ele e Rebecca na casa ao lado.

Rebecca não sabia o que sentir. Adorava estar fazendo amizade com um vizinho, lógico (a maioria dos moradores daquela rua eram mais velhos, ou casais nem tão velhos assim, mas bastante diferentes dela; com filhos e uma vida social quase morta), mas queria aproveitar aquelas horas extras com Louis. Sozinha.

— Lou! — Sussurrou Rebecca, quando eles entraram na sala. Daniel e Anderson prometeram que os encontraria no quintal. — Louis! Eu estava meio que esperando... ter um momento a sós com você, aqui. Aproveitar essas horas...

— Ah, Bec. Desculpe. Já passamos tantas horas juntos... — Ele se movimentou lentamente e beijou a testa de Rebecca com ternura, planejando cada movimento. Acariciou a cintura dela, a causando arrepios — Pensei que você tivesse dito que o vizinho é um cara legal. Ele está ali, com o irmão, estamos aqui... sem fazer nada. Achei que podia ser interessante.

Ele pareceu tão inocente, cheio de boas intenções, que Rebecca cedeu. Não seria ruim, claro que não. Era Daniel, e ele era legal. Tinham passado uma tarde inteira fazendo bolos – fracassados – e conversando sobre qualquer besteira que viessem à cabeça. Ele é legal, está tudo bem.

O Amor (nem sempre) Mora ao Lado (À Venda Na Amazon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora