Nos Improvisos da Vida

Novembro

6 meses depois daquela conversa...
O ano correu mais rápido do que eu esperava; os maiores e melhores detalhes desde aquela conversa com os meninos em maio foram mais idas ao Improvável e os aniversários; de Elidio em junho, e Daniel em setembro.
Durante o decorrer daquele ano, a minha amizade com Renan só passou a se fortalecer, da mesma forma que o meu carinho e amizade com os pais da Rafa; mesmo com a distância, mantínhamos contato sempre que possível, algum dia entre o meio e o fim de setembro eles me avisaram que em breve fariam uma mudança que, talvez pra eles, fosse boa e necessária, pois dariam uma nova dimensão à vida desde a perda da filha quase um ano antes, quando perguntei-lhes sobre o que se tratava, eles não fizeram questão de esconder, me contaram que, assim que tudo se estabilizasse como queriam, se mudariam para São Paulo, eu sem dúvidas havia ficado eufórica com essa notícia, teria por perto pessoas que eu considerava a minha segunda família e mal podia esperar até que chegassem, até que eles finalmente decidiram o mês que viriam, seria no mês de novembro. Confesso que a princípio a ideia não me agradou tanto, o que os motivaria a mudar especificamente no período em que sua perda completaria um ano? Será que aquilo não era um problema pra eles?
Quando finalmente chegou o (que devia ser) amado e estúpido mês de novembro, eu sequer sabia como agir... Eu devia amar aquele mês por me proporcionar uma Oficina de Improviso e a mudança de pessoas que amo, ou odiá-lo pelas circunstâncias do ano anterior? Involuntária e inconscientemente num primeiro momento eu acabei escolhendo a segunda opção.
Sim, parece idiotice a ideia de odiar um mês, mas novembro já passava longe, bem longe de ser o meu favorito. Até os nove primeiros dias do mês eu já não me sentia mais a mesma de sempre, quando dei por mim já havia me "afastado" das pessoas que faziam de tudo pra me ajudar, eu não passava de um misto de confusão mental. No décimo dia do mês tudo pareceu ficar ainda pior...