Meu corpo todo doía e minha cabeça parecia a ponto de explodir, tinha medo que se abrisse os olhos fosse capaz de começar a chorar de dor. Dedos frios pareciam pressionar a parte de trás de minha nuca, a fazendo latejar e unhas pareciam estar fincadas na área de minhas costelas. Minha garganta tinha um gosto amargo seguido por uma secura que me fez tossir.

Quase que no mesmo instante, um movimento do outro lado do recinto me fez ficar apreensiva. Eu estava claramente impossibilitada de fugir ou revidar caso fosse alguém querendo me fazer mal, e mesmo que conseguisse fugir, iria correr para onde? Onde eu estava?

Por um momento, penso na possibilidade de ser Kol. Ele poderia ter voltado para acabar o que quer que tivesse começado com a ajuda de sua irmã sociopata.

Onde estava meu irmão? O que tinha acontecido com Isaac? O que fora tudo aquilo ontem na floresta?

Muitas perguntas começaram a rondar minha mente febril e não percebi que estava me contorcendo na cama até sentir um toque em meu pulso. Diferente da reação que pensava que iria ter, não me afastei — talvez por não ter forças para isso. A mão era morna e transmitia um calor quase como o do sol em uma tarde de céu azulado. Era como se a dor que sentia tivesse sido lavada de meu corpo aos poucos, ia sentindo cada músculo se descontrair e relaxar até o momento que uma voz desconhecida e em claro tom de ordem afastou aquele toque de mim.

"Já chega, você vai acabar se matando." Era uma voz grave e que provavelmente pertencia a uma pessoa com a qual eu provavelmente não teria coragem de olhar direto nos olhos.

"Ela bateu a cabeça muito forte ontem, não sei nem como conseguiu não desmaiar antes." Eu reconhecia aquela voz. Era Isaac. Uma parte de mim se sentiu mais aliviada por saber que ele estava aparentemente bem e que tinha ele ao meu lado.

"Scott e Malia ainda estão recém se recuperando. Ela é apenas uma humana, não vai se recuperar tão rápido assim." O outro contestou. Ouvi um suspiro profundo e o som de algo deslizando e em seguida uma porta se fechar. Acho que agora era uma boa hora para sair daquele estado de semiconsciência.

Meu corpo não doía mais tanto quanto antes, mas minha dor de cabeça ainda me forçou a estreitar os olhos assim que os abri. Assim que me acostumei com a claridade e a sensação de ter uma passeata barulhenta dentro de minha cabeça, olhei o cômodo ao meu redor. Parecia estar em um tipo de depósito transformado em um apartamento minimalista e com uma clara influência masculina. Estava agora deitada em uma larga cama deixada ao canto do grande cômodo e coberta por um fino lençol cinzento como o resto do lugar. A única claridade vinha de uma enorme janela na parede oposta a porta de correr na entrada.

"Amy, você acordou." A voz que reconheci como sendo a de Isaac veio do outro lado do cômodo. Por estar deitada com a cabeça no travesseiro, não consegui o enxergar direito, mas ouvi seus passos até ele entrar em meu campo de visão.

"Isaac, o que eu estou fazendo aqui? Aliás, onde exatamente é aqui?" Meu cenho se franziu de dor por um instante ao constatar que até falar me causava incômodo, visto que minha garganta parecia ter sido privada de água por dias. Parecendo notar, o loiro me alcançou um copo de água antes de sentar-se na borda da cama.

"Aqui é a casa de um amigo meu"

"Ele vive aqui?" Isaac assentiu. Que tipo de amigos ele teria além de Scott e os outros?

Ao lembrar de Scott, imagens embaralhadas e perturbadoras da noite anterior bombardearam minha memória. Eram tantas coisas, tantas perguntas que eu teria que o fazer, mas as palavras pareciam não querer se encaixar em minha mente.

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