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"O que eles pensam que estão fazendo?" Lydia sibilou ao meu lado, desviando minha atenção do alongamento que estava fazendo. Estávamos todos no campo de lacrosse, na aula de Educação Física, ouvindo o treinador Finstock gritar que até um cego conseguia acertar a bola dentro da goleira. Olhando para onde Lydia estava apontando discretamente, enxerguei um aglomerado de pessoas se formando perto das arquibancadas. De pé sobre um dos bancos, estava a irmã de Kol, a qual descobrimos depois por meio de Malia - que era a dupla de Química da sociopata - que se chamava Ella.

Deixando a aula de lado - o treinador estava muito ocupado em xingar os que estavam no campo para notar alguns alunos sumidos - fui com Lydia até mais perto da arquibancada. Entre o monte, achei Isaac e Malia que lançava para Ella um olhar que me causaria arrepios. Para meu desgosto, Kol Samuels também estava de pé sobre o banco, esquadrinhando os rostos de todos, e quando pousou seu olhar no meu, senti retornar o mesmo medo da noite em que ele me atacou. Procurei me esconder de sua vista, ficando um pouco atrás do corpo alto de Isaac.

"Vamos agitar as coisas um pouco por aqui! Por isso, estão todos convidados para uma pequena festa na nossa casa amanhã a noite." Cada palavra que saia da boca da loira era em um tom malicioso, combinando com seu jeito exibido, como se fosse mais poderosa do que os outros. E provavelmente era.

"Ah, e a bebida é toda por nossa conta." Kol anunciou, sendo seguido pela comemoração da grande maioria dos ali presentes.

A comemoração do grupo acabou chamando a atenção de Finstock que parecia pronto para nos torturar quando nos mandou voltar a aula. Todos se dispersaram, e eu estava fazendo o mesmo até sentir um aperto forte em meu braço.

"Espero te ver na minha festa, Voyance." Kol sussurrou em meu ouvido em um tom claro de ameaça. Ele apertou meu braço tão forte a ponto de me fazer morder o canto de minha boca para não gritar em protesto, até o momento que viu Malia vindo em nossa direção.

Ele deu uma risada quando soltou meu braço e voltou para a aula. Malia ia ir atrás dele, mas segurei seu pulso antes disso.

"Não vale a pena, você ainda está se recuperando." Ela desistiu com um bufar e olhou para mim, sua tez se franzindo antes de ela tocar o braço ao qual Kol havia agarrado.

"Amy, o seu braço está sangrando." Franzi uma sobrancelha ao constatar que ela estava certa. Quando toquei em meu braço, senti uma fisgada de dor e ao olhar para a minha mão, ela tinha uma mancha viscosa de sangue. Kol havia fincado suas garras em mim, literalmente.

"Não se preocupe, não foi nada sério." Assegurei. Malia então deu de ombros, deixando de lado, mas percebi que ela não tirou os olhos de cima de Kol o resto da aula.

Pedi licença ao treinador para ir a enfermaria, o mesmo olhou para mim e meu braço ferido como se fosse uma coisa rotineira antes de me liberar. Assim que cheguei até lá, ainda tive que mentir ao dizer a enfermeira que havia me machucado com as unhas compridas de uma colega. Concluo que ela tenha acreditado, pois passou a me perguntar se alguma garota estava me ameaçando a ponto de me machucar. Não, é apenas um lobisomem de mais de mil anos.

Havia descoberto esse fato na noite passada, quando fui com Isaac achar algumas respostas.

"Não estava prestando muita atenção no ambiente ao meu redor. O que Isaac tinha tido não parava de rondar meus pensamentos, dando voltas e mais voltas na minha cabeça.

Descobrir o que eu sou.

Será que eu era uma lobisomem como eles? Pouco provável. Poderia ser uma Banshee, como descobri que Lydia era, apesar de não saber o que significa. Mas também não acreditava que eu fosse isso. O que eu era? No momento só me sentia como uma aberração, a sensação de poder que senti ao ver Kol de joelhos e agonizando passou a ser um fantasma me assombrando. Aquilo era terrível, obscuro.

Dark Blood ||TW||Onde as histórias ganham vida. Descobre agora