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Estava quase na hora do almoço, me encontrava indo para a aula de química quando conclui que a minha grade de horários não era apenas uma simples folha de papel, era um manual de como me matar de tédio em simples passos.

Estive realmente pensando em me afogar na agua da pia do banheiro feminino, quando entrei na sala de química e vi que as mesas eram em duplas. Respirei fundo e, resignada, sentei-me em uma das primeiras mesas que estava vazia. Pousei minha mochila sobre a mesa que já tinha alguns materiais para experimentos — pipetas, balão de fundo chato, copo de Becker — e acomodei-me no banco alto, vendo os outros alunos entrarem na sala com seus amigos.

Por um momento, desejo que Hayden tivesse química comigo. Havia visto a garota pela primeira vez há poucos dias, mas tinha gostado dela, e tendo-a como colega pude conhece-la melhor. Apoio meu queixo em minha mão que descansava sobre a mesa.

Esperava que química, minha paixão oculta, tivesse pelo menos um professor bom e que não me desse vontade de dormir. O sinal bate e a professora e alunos já se encontravam todos sentados. Quando a porta estava para ser fechada, mais um garoto se esgueira pela fresta, segurando-a e entrando bem quando bate o sinal. A professora o olha repreendendo-o, e ele apenas devolve com um sorriso de desculpas.

Sem grande interesse na vida alheia, desvio minha atenção para o quadro, mas franzo minha testa quando vejo o tal garoto vir em minha direção. O que ele estava fazendo?

Perdida, olho ao redor da sala e  praguejo mentalmente. O único lugar vago era ao meu lado. Tento parecer normal, ignoro quando ele pousa a mochila sobre a mesa e senta-se na cadeira, apoiando os cotovelos á sua frente. A professora começa a anotar algumas coisas no quadro, tiro meu caderno de dentro da mochila e com uma caneta, começo a passar para a folha as anotações. Ignoro o garoto ao meu lado, como se ele nem estivesse ali, e ele parece fazer o mesmo.

O decorrer da aula estava bem, quinze minutos já haviam se passado sem eu ter de socializar com o ser ao meu lado. Porém, não pude deixar de repara-lo quando ele não via. Seus cabelos escuros e compridos iam até um pouco abaixo dos ombros, eram espessos e lisos, fazendo-o parecer ser um descendente de um bravo guerreiro quileute. Ele era moreno cor de jambo, alto e muito musculoso. Nariz arrebitado e seus olhos pequenos eram escuros como as penas de uma graúna rodeados por uma fina camada de cílios. Ele usava uma jaqueta de couro bege sobre uma camiseta lisa branca e uma calça jeans escura. Tinha estilo.

"Muito bem alunos, abram na página 126 e podem começar a fazer os exercícios" A professora pousa o giz sobre a guarda de apoio que havia no quadro e esfrega suas mãos, pó branco sai delas e voa pelo ar da sala.

Pego o grosso e pesado livro e o abro sobre a mesa, procuro pela página que a professora indicou. Ao meu lado, o moreno procurava algo em sua mochila com certo desespero, mas quando cansou de procurar, deu um profundo suspiro e coçou a nuca voltando-se para mim.

Ah não, não, não, não e não, por que isso acontece comigo? Vamos lá Amy, seja gentil e divida o livro com o coleguinha esquecido. Humpf.

"Ahn, eu posso acompanhar com você? Eu esqueci o livro" Uma voz serena e calma sai de sua boca assim que ele fala. E lá se vai a pouca má educação que tinha disponível, não tinha coragem de ser grossa com alguém que acabei de conhecer. Me viro para ele e percebo um sorriso amistoso em seu rosto, não sabia o que dizer por isso apenas afirmei positivamente com a cabeça, empurrando o livro aberto para o meio da mesa. Ele agradece com a sombra de um sorriso que faz o redor de seus olhos se enrugarem um pouco.

Tento me concentrar em fazer os complicados exercícios e me pego questionando o por quê de ter me inscrito em todas as aulas avançadas. Também penso que teria de arranjar alguma atividade extracurricular para fazer, o que seria uma tarefa excruciante já que eu não servia para quase nada em questão a esportes ou hobbys.

Dark Blood ||TW||Onde as histórias ganham vida. Descobre agora