Sua Sedução

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  Bom, espero que gostem. O capítulo está grande, mas com detalhes importantes.

Boa leitura! 

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O relógio marcava às seis quando Letícia saiu da cama.

Sua primeira noite em casa não foi das melhores, pois teve dificuldades em conciliar o sono.

Primeiro, por ter se acostumado nas três noites anteriores no hospital a dormir na companhia de alguém; no caso, com seu pai ou sua mãe. Com Ricardo, não teve tal oportunidade.

E segundo, por causa das palavras de seu marido com os empregados; não saíam de sua mente.

Você não é paga para pensar e muito menos falar! É paga apenas para fazer seu serviço sem questionar! Entendeu?

E outra coisa... se Letícia fizer qualquer pergunta sobre o passado dela ou mesmo sobre sua rotina, vocês simplesmente respondam que não sabem muito a respeito. São essas as minhas instruções.

Parecia outra pessoa. Um homem autoritário e arrogante ao falar com seus empregados, principalmente com Larissa. A moça não havia falado nada demais, em sua opinião e, mesmo que fosse o caso, bastava uma leve repreensão. Porém, daquele jeito? Foi mais uma ameaça, além de coloca-la abaixo de zero.

Um contraste com os modos gentis e atenciosos que lhe demonstrava. Claro, era sua esposa. Ainda assim...

O que mais a intrigava foram as ordens de que todos os empregados se calassem a respeito de qualquer pergunta que ela fizesse sobre seu passado e seu cotidiano.

Por quê?

A resposta era simples e óbvia há bastante tempo: ele não queria que ela descobrisse o próprio passado e, muito menos, recobrasse a memória.

Confirmar tal suspeita não lhe trouxe alívio ou satisfação, ao contrário, causou-lhe certa decepção e desconfiança sobre o caráter de seu marido.

O que temia tanto que ela se recordasse?

Por outro lado, não era somente Ricardo; seus pais também. Esquivavam-se de várias perguntas que fazia e, em alguns álbuns que lhe mostravam, havia espaços vazios, com marcas de fotos antes presentes e, por alguma razão, retiradas.

Seriam fotos que lhe trariam recordações de fatos que desejavam lhe ocultar? Ou de alguém?

E se fosse o caso, será que estavam tentando protegê-la de algum desgosto? Talvez algum trauma?

Ricardo às vezes é protetor demais e um pouco controlador e isso irrita Marcos.

As palavras da mãe lhe voltaram à mente. Sim, era a resposta mais provável. Ela passou por alguma experiência muito triste e Ricardo de conluio com seus pais resolveu poupá-la de se lembrar. Porém, Marcos talvez não estivesse muito de acordo, o que justificaria sua resistência e dificuldade de esconder a mentira.

Era uma teoria meio maluca, mas não encontrava outra explicação. Que marido deseja que a esposa permaneça com amnésia? Que pais escondem certos fatos da vida da própria filha?

O que poderia haver de tão terrível para que não quisessem que se recordasse? Um estupro? Abuso sexual na infância por algum professor ou outro adulto?

Ou talvez o acidente de seu irmão? Será que lhe deixou marcas que repercutiam mesmo depois de anos do ocorrido? Afinal, todos diziam que eram muito ligados.

Não, se fosse sobre o acidente do irmão, nem mencionariam o fato e nem falariam muito sobre Sérgio.

Então restava a hipótese do estupro ou do abuso. Afinal, o assunto que seus pais mais evitavam era sobre sua vida amorosa anterior a seu casamento. Talvez significasse que não houvesse nenhuma antes de Ricardo devido a esse tipo de trauma.

Perigosas LembrançasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora