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Os dias até a terça-feira foram quase superficiais, passaram muito depressa, como em um piscar de olhos. De repente o final de semana acabou e eu voltei ao trabalho. Na segunda-feira, o instrutor de paraquedas me levou para um centro de treinamento e me ensinou tudo o que eu precisava saber para ter um bom salto. George, o instrutor, não praticava mais o esporte em si, porém quando era chamado dava aulas de salto de paraquedas a iniciantes. Ele era de fato um ótimo e paciente professor, pelo final da tarde eu estava preparada para um salto de emergência.

Já pela noite, eu me preparava em casa para o próximo dia, tentando relaxar e ficar calma. Mantive-me rodeada pelos meus amigos, desejando no fundo que mais uma pessoa estivesse ali conosco. Foi a primeira e última vez que pensei nele na segunda-feira. Eu estava rindo de algo que Lele comentara e desejei que Homero pudesse ouvir o comentário também, porque ele com toda a certeza acharia graça. Depois, tratei de tirá-lo da minha mente.

Então... PUF! Eu estava no batente da World Slender, pronta para pular, gritos dos homens de Slender ao meu redor, gritos do próprio Slender, que me mandava voltar para o terraço e deixar de ser ridícula. Ele não sabia sobre o paraquedas.... Mas espera. Eu ainda não cheguei nessa parte. Vocês ainda precisam entender como eu fui parar lá. Afinal, a ideia toda desse relato era contar como cheguei até lá. Porque, é claro, algo do plano deu errado.

*

A vã preta do FBI estacionou no Central Park a alguns metros da World Slender. Fiona estava no computador, falando o tempo inteiro com os snipers, que já se preparavam em suas posições. Rivers estava ao meu lado, tamborilando os dedos na perna, talvez até mais nervoso do que eu. Mike e Joey tinham me desejado boa sorte mais cedo naquele mesmo dia, eles monitorariam a operação de um escritório do FBI.

Isaac entrou na vã vestindo seu uniforme de eletricista e um boné vermelho para combinar. Eu engasguei numa risada e ele estreitou os olhos para mim.

– Não ria do meu disfarce!

– Eu não estou! – defendi-me incapaz de conter o sorriso.

Isaac ignorou aquele detalhe e me mostrou um aparelhinho preto menor que um botão, macio e delgado.

– Esse é o "ponto" por onde vamos nos falar – ele começou a explicar. – Assim que você estiver no terraço, eu vou cortar a luz e cinco minutos depois apareço como o eletricista. Eles tem um sistema automático para ligar o gerador, mas ele também vai falhar. Levou horas descobrindo essas coisas mas valeu a pena, o sistema de proteção deles é ridículo – Isaac desdenhou com divertimento, colocando o ponto no meu ouvido e escondendo-o com o meu cabelo. – Quando o gerador não funcionar, o sistema estará preparado e ligará também automaticamente para a empresa que cuida do serviço de eletricidade deles, que por acaso não é só a da prefeitura, e sim uma empresa particular. E é aí eu entro e cuido de tudo.

– É, acho que dessa vez eu posso dizer: Eu amo você, seu geniozinho. – admiti, maravilhada com o plano detalhado do meu hacker.

Isaac ficou vermelho feito um tomate.

– Mas eu continuo sendo só como uma tia para você – apressei-me em acrescentar ao ver o rosto corado dele.

– Tudo bem, eu já entendi – ele enfatizou, depois sorriu. – Titia.

– Mas não me chame assim, me sinto velha!

– Lizzie, você não pode ficar nervosa! – Rivers falou de repente, me assustando. O homem suava frio como eu nunca vi antes.

Eu ri e franzi o cenho.

– Não estou nervosa.

Aquilo era uma grande mentira. O nervosismo se instalou debaixo da minha pele desde o dia anterior, mas eu sabia como camuflá-lo e domá-lo. Rivers claramente não obteve sucesso em fazer o mesmo.

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now