[ skyway ]

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No meio da noite, murmúrios acordaram Mark de seu maravilhoso sono. Ao seu lado, Jackson dormia mas parecia perturbado. Seu cenho estava franzido, suor frio escorria por sua testa e sua boca se movia proferindo palavras sem sentido.

- Jackson! Ei, acorde! - sussurrava Mark, balançando o corpo pesado do outro. Sua expressão desesperada estava começando a deixá-lo nervoso. - Por favor, acorde. Jackson!!!

O mais novo acordou confuso. Piscou várias vezes e, sonolento, encarou Mark por alguns segundos.

- O que foi? Tá tudo bem? - perguntou.

- Você parecia estar tendo um sonho muito ruim... eu que tenho que perguntar se está tudo bem. - afirmou o mais velho, fazendo carinho na bochecha do outro.

Jackson sorriu fraco e suspirou. As lágrimas em seu rosto rolaram e deixaram Mark ainda mais nervoso.

- Não posso mais esconder isso... seria injusto... - murmurou, se sentando na cama e passando as mãos pelo rosto. - Está na hora de eu te contar porque fui morar em Seul.

...

Dois anos antes

Era tarde da noite. O jantar tinha sido um desastre. Não teriam saído dali sem hematomas se a tia de Jackson não tivesse os separado.

Seus pais eram teimosos. O pai mais ainda. Porque não entendiam que ele queria continuar a vida? Que ele não queria passar a vida naquele fim de mundo onde morava e queria viver uma vida de verdade?

Ele iria estudar fora, sim! Seus pais não o tinham apoiado a vida toda? Que mal tinha em querer crescer, trabalhar e ser mais feliz?

Ele decidira ficar quieto, se acalmar e depois, voltar a conversar com eles. Eles resolveriam isso tranquilamente como fizeram toda a vida, e não a base de socos, como quase aconteceu no restaurante.

Seu pai ainda estava dizendo besteiras no banco do passageiro, fazendo-o apertar o volante com força. Sua mãe o mandava calar a boca, oara conversarem em casa, mas isso parecia apenas estimulá-lo a falar mais e Jackson já estava de saco cheio.

Ele rebateu os comentários ácidos e rudes do pai com ironia, tentando argumentar com ele segundos depois, mas o homem simplesmente não entendia!

Os gritos se intensificaram, sua mãe tentava apartar a briga e ele queria apenas conversar. Mas seu pai tinha bebido um pouco, estava descontando o estresse do trabalho naquela discussão boba.

O barulho de buzina à frente do carro não os fez parar.

O caminhão que bateu de frente com eles é que os calou.

O carro girou, capotando. Seu pai estava sem cinto e seu corpo tinha sido lançado para frente e podia ser visto no meio da pista. Sua mãe estava suspensa, presa pelo cinto e insconciente. Ele não conseguia sair. Seu corpo todo doía.

Algo pingava. Sangue? Não.

Estava chovendo.

E o fogo tremeluzia sob o metal.

As mãos caídas na grama tinham seu sangue misturado à lama, e ele, tinha seu desespero misturado à culpa.

In Bloom » marksonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora