Naquela noite Jackson dormiu, mas também não dormiu.
Foi um sono agitado. Não só pelos sonhos estranhos mas também pelo fato de que a sua cama (ou só um colchão) não era muito confortável.
Assim que acordou, ele se arrastou para o banheiro, verificando antes se não estava ocupado. Estando tudo vazio, ele entrou e se encarou no espelho.
- Bom dia flor do dia. - murmurou para si mesmo.
Mark ainda dormia. Mergulhado num sono sem sonhos, os remédios que tomara para dormir naquela madrugada sem fim funcionaram melhor do que o esperado. Só que a dor em seu pescoço, causada pela posição na qual dormira, estragava um pouco.
Jackson desceu as escadas com cuidado, para não fazer barulho e acordar seu amigo. Ele se surpreendeu ao ver o mesmo adormecido no sofá avermelhado. Ele estava com a cabeça caída para o lado e as pernas jogadas pelo sofá. Um fiozinho de baba escorria de sua boca e manchava a almofada. Ele se agachou ao lado do outro e o cutucou.
- Mark. - chamou ele. - Maark. MARK.
O garoto acordou assustado, por pouco não caiu do sofá.
- Ahh... - gemeu. - Bom dia, Jackson. - sua voz rouca e sonolenta era engraçada. Jackson achou fofinho a maneira como ele coçava os olhos entreabertos e bocejava enquanto se levantava. - Que horas são?
- Não sei. - disse ele, retirando o celular do bolso e checando a hora. - Nossa, já é tarde.
- Que horas são? - questionou o outro novamente.
- Duas horas da tarde.
Ele arregalou os olhos.
- Preciso tomar um banho. Tô cheirando a baba.
- A almofada também. - brincou Jackson.
Mark se levantou e, arrastando-se, subiu as escadas.
- Quer ajuda pra subir? - perguntou Jackson.
O outro balançou a cabeça negativamentee continuou a subir as escadas com a mão sobre a nuca dolorida.
...
Era um domingo ensolarado. O sol iluminava as folhas dos arbustos que ficavam em frente à casa. Jackson olhava para eles e pensava que precisavam ser cuidados; pareciam uma bola enorme de folhas e galhos emaranhados.
Mark estava na cozinha, rabiscando as coisas que via em seus sonhos. Desta vez ele se lembrava de uma única coisa: uma voz que cantarolava algo para ele. Ele não se lembrava de um rosto ou qualquer característica física que ele pudesse desenhar. Apenas a voz e algumas cores, que apareceram quando ele ouvira a tal voz; azul, rosa e branco.
Naquela tarde, ambos os colegas estavam entediados. Um desejava sair para conhecer melhor a cidade e o outro tentava desenhar algo que não podia ser visto.
- Mark. - chamou Jackson, entrando na cozinha e se apoiando na mesa com o braço direito. Ele começou a observar os rabiscos de Mark e estava impressionado com o talento do garoto. - Tem alguma coisa que corta galhos?
Mark o encarou confuso, deixando o lápis cair sobre seu bloco de desenho.
- O jardim da frente está horrível. - disse Jackson. - Posso dar um jeito nele?
O outro concordou, levantando-se e se dirigindo para a porta dos fundos. Assim que a abriu, Jackson pode ver o resto do terreno. Depois de um pedaço cheio de grama mal cortada havia uma casinha. Mark entrou nela e alguns minutos depois saiu de lá com uma tesoura de jardinagem nas mãos.
ESTÁ A LER
In Bloom » markson
FanfictionMark era um grande pintor, e sua maior inspiração havia acabado de deixá-lo. Desolado, ele se tranca dentro de casa e fica meses sem dar notícias. Preocupados, seus amigos resolvem procurá-lo, e se surpreendem com o estado deplorável de sua mente e...