Lafayette

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- Sua? - ergueu-se Lucy e foi para trás da mesa enquanto Daniel aproxima-se dela. - Eu não sou sua. Não mesmo.

- É sempre assim. - afirmou Daniel desprezando novamente o jeito como aquele homem fazia. - Entradas triunfais que assustam a todos. Á quase todos.

- Você continua adorável, Sr. Anjo dos Suicidas. - a frase saiu como um tiro e o alvo era Daniel. Um sorriso brotou no rosto daquele homem desconhecido.

- E você continua o mesmo Sr. Intrometido. Sua presença é desnecessária. - disse Daniel cruzando os braços e se virando na direção da bancada da Juíza.

- Não. Você sabe que é bem necessária. Você sabe por que estou aqui. Não adianta negar. - falou seguindo na direção de Lucy que recua.

- Do que ele está falando, Daniel? - Lucy posicionou-se logo atrás do homem de terno cinza esperando sua proteção.

- Senhorita Lucy Allen Foster, sinto lhe informa, mas o júri já tomou uma decisão. - disse Daniel enquanto olhava fixamente para o rosto da garota. O olhar dela parecia perdido.

- Eu vou para o Inferno? Ele é o Diabo? - tal questionamento fez o homem de terno preto demonstrar repúdio.

- Como pôde ter ousadia de me comparar ao próprio Diabo? - disse aproximando-se dela em passos largos. - Você já o viu pessoalmente? Se o visse perceberia que eu sou mais bonito que ele. E que qualquer outro presente aqui no Purgatório.

- Egocêntrico. - cochichou Daniel desmerecendo a afirmativa do homem de terno preto.

- Calado, Daniel. - era notável que farpas eram coisas típicas entre Daniel e o homem do terno preto. - Mas onde estão meus modos?!

- Em algum funeral para o qual não foi convidado?! - ironizou. O homem de preto cerrou seus olhos e negou com a cabeça desmerecendo as farpas de Daniel.

- Engraçado. - seu rosto mudou do puro deboche para algo mais brando. - Me chamo Lafayette, mas você deve me conhecer por outro nome. - disse Lafayette lançando mais um de seus sorrisos.

- Qual? - indagou a garota sem entender aquele assunto.

- Lucy Allen Foster, eu lhe apresento Morte. - apontou sua mão para Lafayette que dá um sorriso contido sem esbanjar seus dentes brancos.

A porta de madeira voltou a surgir. Um a um, os jurados foram saindo. Voltaram aos seus lugares. A Juíza foi à última a sair e quando transpôs a porta, a mesma desapareceu novamente. Ela sentou em sua cadeira e desferiu mais um golpe de martelo na superfície de madeira.

- Está reaberta a sessão do caso: Tribunal contra Lucy Allen Foster. - falou a Juíza fitando seus olhos na garota e em seguida percebeu a presença de Lafayette. - Morte, você por aqui? Veio rápido dessa vez.

- Sabe como eu sou Delphine. Gosto de ser sempre pontual ao estilo da máfia italiana. - despojado de todas as regras de conduta, Lafayette parecia ser o dono daquele lugar.

- Já deve saber qual o veredito da réu Lucy Allen Foster, não é? Caso contrário, não estaria aqui. - afirmou a Juíza.

- Eu sei... - disse Lafayette. - A garota virá comigo e seremos felizes para sempre. - seus gestos indicavam total felicidade do mesmo. - Não é todo dia que tenho belas visitas em meu escritório.

- Poderiam parar de falar como se eu não estivesse aqui? - esbravejou a jovem. Todos ali ficaram extasiados pela reação inesperada da garota. - Qual o meu veredito?

- Lucy Allen Foster, eu falhei como advogado, eu falhei como anjo da guarda. Peço que me desculpe. - disse Daniel em tom de lamento. Ele segurou ambas as mãos de Lucy e a encarou. - Se eu tivesse feito meu trabalho direito, você estaria no Céu. Eu falhei.

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