Julgamento

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Seus olhos abriram-se rapidamente. Notou que a superfície logo acima dela era azul com algumas nuvens brancas: o céu. Acabou por sentar-se naquele chão branco. Para onde ela olhasse veria branco e azul.

- Então, assim é o céu? - perguntou para si mesma. Pôs a se levantar e ficou admirando uma das mais simples e belas paisagens que já viu.

- Não, querida. - um homem elegante trajando um terno branco segue na direção da garota. - Assim é o Purgatório. O Céu é mais em cima. O Inferno é mais embaixo.

- Purgatório? O-onde serei julgada? - diz recordando-se das histórias que sua mãe lhe contava sobre nossos pecados serem julgados.

- Basicamente, sim. - falou ele segurando na mão direita dela arrastando-a em direção a algum lugar. Tudo era igualmente branco, então saber para onde era levada seria um mistério.

- Para onde está me levando? - disse ela tentando soltar sua mão. O homem possuía um aperto forte.

- Para o seu julgamento. Seus pecados em Terra serão julgados aqui. Depois do veredito, saberá para onde ir. - seus olhos encararam os de Lucy. Ambos estavam frente a frente.

- Meus pecados? - havia preocupação em sua expressão facial e em seu tom de voz.

- Sim... Sim... Não se faça de desentendida. - disse ele virando-se e voltando a puxar Lucy pelo braço. - E, querida, torça para que não tenha nenhum pecado grave.

Lucy ficou mais apreensiva ainda. Aquilo a fizera gelar. Não sabia o que poderia ser considerado um pecado grave. Roubar? Matar?

- E o que pode ser considerado como pecado grave? - quebrou aquele curto momento de silêncio que se estabeleceu entre eles.

- Não se preocupe. A Juíza sabe o que você fez de errado e o que fez de certo. - ele falou parecendo feliz. - Ela sempre sabe.

Eles caminharam alguns minutos, ainda seguindo em direção ao que parecia ser o nada. Prontamente uma porta de madeira envernizada surge. O homem de terno branco pôs a mão na maçaneta e girou abrindo a porta. Eles atravessaram e viram o que parecia ser um tribunal daqueles que aparecem na televisão.

Duas bancadas para os jurados. Uma em cada extremidade do tribunal. Uma mesa ao centro com duas cadeiras. Era uma sala redonda com uma decoração de desenhos de anjos nas paredes e no teto. Os azulejos que cobriam o chão eram de cor neutra. Lucy e o homem aproximam-se da mesa central. Os jurados olham todos ao mesmo com um olhar de julgamento enquanto Lucy senta-se na cadeira.

- Quem são eles? - seu olhar deslizou rapidamente por entre cada um dos jurados do lado esquerdo do tribunal.

- Os seus jurados. Tecnicamente, eles julgam todos aqueles que morrem. - esbanjou um sorriso. - E eu sou o advogado.

- Tipo advogado de defesa? - Lucy pareceu desconfiar das habilidades do homem.

- Não. Seria muito difícil defender os que vão ser julgados. Estou aqui para aliviar a sentença de vocês. - o homem levantou-se, assim como todos os jurados. - Levante-se. A Juíza chegou.

Lucy ficou em pé. Seus olhos viram uma porta de madeira azul surgir diante dos olhos de todos. Para eles já era natural. Para Lucy era espantoso algo surgir e desaparecer em questão de segundos. A Juíza segue em direção a tablado de madeira que surgira magicamente ali. Ela sentou em uma cadeira acolchoada e um cercado de madeira se formou ao redor dela.

- Senhores e senhoras do júri, eu irei preceder essa sessão. - sua voz era calma, todavia apresentava autoridade.

- Essa é a Juíza Delphine. - cochichou o homem em um tom quase inaudível para Lucy.

Rest in PeaceWhere stories live. Discover now