— Autch! Alguém tire isso de mim! — vociferei, mas Joey estava paralisado em choque no canto do quarto. Olhei para o outro presente, a segunda voz. Era o cara loiro que esteve no escritório do meu chefe. Ele tinha um olho roxo enorme no rosto, sem considerar o lábio inchado que levara alguns pontos.

Perguntei-me vagamente quem teria feito isso com ele. Precisava dar os meus parabéns.

Você. É claro que tinha de estar envolvido também! — movi-me na sua direção, até a dor aguda me fazer lembrar da agulha, que limitava meus movimentos. Olhei ao redor e agarrei a primeira coisa que vi: um buquê de rosas vermelhas, jogando-o sobre o Joey. Pétalas de flores voaram por todos os lados enquanto eu gritava: — TRAIDOR! SEU MALDITO DUENDE TRAIDOR!

A porta do quarto se abriu e a cigana entrou, acompanhada de um médico.

— Espera, o que você está fazendo aqui? Está envolvida também? – guinchei em tom quase selvagem.

— Cecilie, tire-os daqui. — ordenou o médico, que era alto, negro e de um porte atlético de dar inveja.

A cigana não me encarou. Simplesmente puxou Joey e o cara loiro para fora do quarto enquanto o médico me forçava a voltar para cama. Eu protestei brevemente, ainda furiosa e confusa.

— Se não ficar calma, Elizabeth, vou ser obrigado a te fazer dormir novamente. — disse o médico em um tom severo, fixando os olhos escuros nos meus. Engoli em seco e me sentei na cama à contragosto.

— E quem é você? — desferi.

Ganhei um sorriso debochado.

— Eu sou o médico que salvou a sua vida: Doutor Johan. É um prazer.

— Salvou a minha vida? — eu ri. — Eu não estava morrendo.

O médico balançou a cabeça e começou a me examinar displicentemente, checando os batimentos cardíacos, as pupilas...

— Quando você chegou aqui, os batimentos cardíacos estavam tão fracos que mais alguns minutos e... Bem, a coisa teria ficado feia. Qual foi a sua última refeição, Sra. Scott?

— Hum... – emiti enquanto fazia um esforço para lembrar. Senti-me levemente tonta e cansada, agora que estava sentada e a raiva de Joey se dissipava, por hora. — Podemos começar com perguntas mais fáceis? O mundo está meio que girando...

—Encoste-se na cama, assim. – Doutor Johan me ajudou a deitar propriamente, instruindo-me a controlar a respiração. Ele estava muito concentrado em descobrir se havia algo de errado com a minha saúde, e enquanto estava em silêncio, eu disse:

— Gosto de Grey's Anatomy.

— O quê?

— Nada. — ri de mim mesma, e reformulei a frase: — A minha mãe é médica, e faz muito tempo que não a vejo. Muito tempo... Então, eu assistia Grey's Anatomy, porque isso me fazia lembrar dela. Eu não sei porque estou contando isso, desculpe.

— Está tudo bem. — Doutor Johan deu um sorriso condescende.

— Você me lembra o Dr. Burke. — acho que os dias de inanição no deserto tinham destruído o filtro do meu cérebro, e eu estava soltando qualquer coisa que viesse a mente.

— Quem?

— Um médico de Grey's Anatomy. – expliquei como se fosse óbvio. — Meu deus, você nunca assistiu?

— Hum... Não. Elizabeth, vou te fazer algumas perguntas, só para ter certeza se consegue se lembrar de tudo, pode ser?

— Claro.

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