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   Expliquei o que vi para o Rick enquanto tentava ignorar seu olhar de psicopata e quando terminei ele jogou a pá no chão com raiva e voltou para o pátio, o encarei frustrada por ele não ter falado nada, eu fiquei lá quase meia hora pra ele sair andando com raiva.

   Voltei para a torre pegando o binóculo, olhei para a árvore onde o homem estava apoiado e ele não estava mais lá, dei uma olhada em volta, tudo voltava ao normal aos poucos, Rick saiu do nosso bloco conversando com o Daryl e vi logo atrás deles o Sander.

- Você está bem? - ouvi a voz do Carl.

- Meu rosto arde, mas estou bem. - falei olhando-o - Como você está?

- Estou bem. - falou se sentando - Ele já fez isso outras vezes?

- Pra tudo tem a sua primeira vez. - falei sem olhar pra ele.

- Ele não podia ter feito aquilo. - falou - Ele é homem, você não é fraca, mas ele é mais forte que você.

- Eu sei me cuidar. - falei e ele se levantou parando ao meu lado - Por que veio aqui?

- Meu pai não quer deixar eu ir na ronda. - falou olhando para Rick que tinha voltado pra plantação.

- Ele só está preocupado, você e a Judith são a vida dele agora. - falei e olhei para o Daryl que conversava com a Carol - Pelo menos você tem alguém que se preocupe.

- Maggie e Glenn se preocupam. - falou - Eles nunca se aproximaram assim de alguém.

- Nem eu. - sorri - Vocês estão juntos desde o início?

- Não, quer dizer, eu, o Daryl, Glenn, Carol e o meu pai sim. - falou - Conhecemos a Maggie, Beth e o Hershey quando eu levei um tiro acidentalmente.

- Que merda. - falei.

- Eles nos deixaram ficar na fazenda deles, então um dia os walkers apareceram e aqui estamos nos. - ele sorriu fraco ao abrir os braços apontando para a prisão - É você, tinha um grupo também?

- Minha mãe, ela era o meu grupo. - falei tentando ignorar o choro.

- Sinto muito por ela. - falou - Eu matei a minha, ela morreu no parto da Judith, não podia deixá-la se transformar e a matei.

- Sinto muito. - falei.

- Acontece. - falou me fazendo olhá-lo - É o seu pai?

- Me abandonou depois que fiz cinco anos. - falei - Na verdade o único que mesmo fazendo merda se preocupava comigo era meu tio.

- Eu não lembro dos meus parentes. - falou olhando para as mãos.

- Eu também não, nem lembro direito da minha mãe. - falei deixando uma lágrima cair - Eu tento me segurar na esperança de um dia o meu pai me encontrar.

- Acha que ele está vivo? - perguntou.

- Não é um errante que vai conseguir derrubá-lo. - falei fazendo-o rir.

- Então você puxou o seu pai? - perguntou.

- Talvez. - falei.

- RICK, RICK A GRADE! - ouvi alguém gritar.

   Olhei para a grade e vi que ela estava quase cedendo de novo, Carl falou pra mim continuar onde estava que eu poderia ter uma visão melhor do "problema", ele desceu correndo e ri ao vê-lo correr todo desengonçado até a grade.

   Eles começaram a fazer os reparos na grade e vi que uma parte da outra grade estava fechada com cordas elásticas, vi Daryl dar um abraço em Carol e subiu em cima de sua moto enquanto Sasha, Bob, Tyreese, o menino que eu bati na minha primeira ronda e por último o Sander entravam no carro.

- Vou te substituir. - ouvi a voz da Carol - Você precisa descansar.

- Eu volto quando a Sasha voltar. - falei.

   Sai dali correndo ajeitando a besta em minhas costas e fui para o portão, Carl me olhou enquanto puxava a corda, Daryl parou a moto fazendo-o soltar as cordas fazendo o portão fechar e olhei para Daryl que fez sinal para me aproximar dele.

- Foi aquele moleque que fez isso? - apontou para o meu rosto.

- Já foi resolvido. - falei e ele olhou para o carro logo atrás dele - Não faça nada com ele, ele não sabe se proteger.

- Não é o que essa marca no seu rosto diz. - falou e eu concordei.

- Só trás ele de volta seguro. - pedi.

   Ele e ajeitou em cima da moto, abri o primeiro portão enquanto o Carl abriu o segundo que dava direto para a estrada, ele acelerou a moto saindo da prisão seguido pelo carro, Carl soltou a corda e fechei o portão passando a andar com Carl ao meu lado.

- Onde você vai? - perguntou.

- Dar uma volta. - falei.

- Por onde? - perguntou.

- Não sei. - falei.

- Eu po... - parou de falar assim que o encarei - Entendi, foi mal.

- Por que você mudou, o que te fez mudar? - perguntei parando para olhá-lo.

- Não entendi. - falou.

- Da pra ver nos seus olhos que algo mudou. - falei olhando em seus olhos - Algo fez você mudar, fez você amadurecer antes do tempo.

- Eu fiquei assim depois do que aconteceu com a minha mãe. - falou me encarando - Meu pai precisava de mim, a Judith, esse lugar precisava de mim!

- Você não precisava mudar por eles. - falei - Precisava mudar por você, fez o que era preciso, você não queria que a sua mãe se transformasse.

- Você não entende. - falou.

- Eu entendo Carl, eu entendo. - falei fazendo-o me olhar.

   Voltei a andar e aumentei meus passos, entrei no bloco de celas e vi a Beth brincando com a Judith e Lou, dei um beijo em ambas e Beth me olhou com se estivesse perguntando se estava tudo bem, fui para a minha cela, peguei minha bolsa e sai antes que ela me parasse.

Living In The Hell • TwdWhere stories live. Discover now