A enfermeira respondeu ao pedido dela e tirou Ana de meus braços, a falta do calor da minha pequena foi sentida assim que meus braços ficaram vazios, mordi o lábio inferior para não resmungar por não ter uma das coisas mais preciosas de minha curta e humilde vida.

- Oi princesa... – meu coração parou ao ouvir a voz rouca da minha mulher, sussurrando abobalhada para Anabella. – Sou eu, a mamãe. – Lauren a tocava como quem segurava um cristal muito frágil e precioso, seus dedos relavam em sua pele superficialmente. O medo e o fascínio estampado em seu rosto. - Não precisa chorar, eu estou aqui... Mama Camila e eu estamos aqui, nada vai te fazer mal... Eu te amo tanto que meu peito dói... – Lauren olhou para mim e sorriu, retribui o sorriso na mesma intensidade, meu peito explodiria de felicidade, principalmente em vê-la com nossa filha nos braços.

Um pequeno flash de quando David nasceu se fez presente, meu coração apertou, mas me recusei a ficar tristes. Não era momento de amargurar o passado, foi ele, mesmo com suas dores e sofrimentos, que me levou ao momento em que me encontrava, contemplando dois dos meus três amores.

- Olha, amor... – a voz da Lauren saiu assustada assim que Bella segurou seu dedo, era parecia totalmente surpresa e sem reação com aquele contato. - É a mamãe, meu amor... Que força você tem. – ela brincou, as lágrimas caindo com mais frequência. – Não precisa chorar, estou aqui... – e como mágica o choro de nossa filha foi diminuindo até cessar. Lauren abriu a boca assustada, um misto de sentimentos perpassando por seus olhos.

- Ela reconheceu sua voz... – disse chorosa. – Aposto, olha a carinha dela. – informei, os olhos da minha mulher não desgrudavam da mãozinha de nossa filha a segurando firmemente.

- Nós estamos aqui... A Mama Camila e a Mama Lauren, nada vai te fazer mal, minha boneca de porcelana. – sussurrou. Lauren abriu a boca e fechou algumas vezes, as palavras chegavam ao ponto de sair, mas não saiam. – Amoooor... – sua voz saiu embargada e ao mesmo tempo surpresa. – Ela tem a mesma pintinha que você tem na coxa! – sorriu largamente, arregalei os alhos ao mesmo tempo que meu coração revirou, na verdade, ele deu alguns mortais em êxtase. Abri a boca para falar, mas uma voz se fez presente.

- Camila. - o doutor Guilherme se pronunciou. – Nós já fizemos o Teste de Apgar, que serve para avaliar as condições de vitalidade através dos batimentos cardíacos, reflexos, tônus musculares, cor da pele e respiração. Anabella é saudável, mas ainda precisa que os outros exames sejam feitos. – explicou, pisquei algumas vezes por não ter visto ou percebido quando ela era avaliada. – Mas antes quero que a pequena seja amamentada, pois a amamentação na sala de parto acelera a saída da placenta e aumenta o vínculo mãe e filho. – então a enfermeira pegou minha menina da Lauren e me entregou.

Amamentação. Só quem amamenta sabe a alegria e as dores por tal ato, não há explicação para o momento.

Peguei minha filha com cuidado, Lauren se aproximou para me ajudar com o vestido do hospital. Meus seios estavam cheios e um fio de leite escorria. Não há uma posição certa, um manual de instrução, é apenas a natureza seguindo seu curso. Ana estava calminha, segurei seu dedinho e a levei próxima ao meu seio esquerdo, minha pequena encaixou sua boca, mas logo soltou. Um sentimento de angústia apossou meu corpo ao não conseguir que minha filha se encaixasse, uma sensação de desproteção se apossou momentaneamente de mim, mas fiz outra tentativa, encaixando-a no bico do meu seio, e, fiz uma pequena careta de dor quando minha filha começou a sugar o leite, que foi logo preenchida por formigamentos concentrado naquela região, meu coração se enchendo de alegria, pulsando felicidade.

Poder, eu me sentia poderosa por ser a única capaz de nutrir aquele pequeno ser em meus braços. Muitas coisas fervilhavam em minha cabeça, mas todo meu corpo estava atento a minha menina que sugava fortemente o leite, nutrindo-se de mim, conectando-se a mim. Inexplicável e intransferível, um sentimento único, uma conexão divina e um momento inesquecível. Ainda tinha registrado em minha memória a primeira vez que amamentei David. As lágrimas caiam sem permissão pelo momento.

Secrets Segunda TemporadaWhere stories live. Discover now