Trinta e três

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Acordei me sentindo tão bem, o tecido macio do lençol tinha o cheirinho do motivo da minha felicidade, olhei pro lado e não tinha mais ninguém na cama, sorri coçando os olhos. Levantei calçando minha sandálias, fui até o banheiro, lavei meu rosto e escovei os dentes. Quando voltei para o quarto troquei de roupas, usando as que eu trouxe ontem a noite. Um short jeans cintura alta e uma camiseta curta.

Eu era bem magra antes da Maju, e meu corpo voltou bem rápido depois de ter ela. Só que fiquei com muito mais curvas, meus seios ficaram maiores assim como minha cintura, eu tinha um pouco de vergonha, mas não significa que eu não gostava do meu corpo. Prendi meu cabelo em um coque despojado no alto e desci.

Da escada já era possível ouvir as gargalhadas de Maju, Carol e Théo, que vinham da sala. Carol estava no sofá pequeno e Coringa no grande sentado com Maju.

— Bom dia! — falei chamando a atenção de todos ali.

— Até que enfim, dorminhoca. — Carol resmungou. Beijei sua bochecha e fui sentar ao lado de Coringa. 

Ainda tentava me acostumar com o fato de agora estarmos namorando, era um pouco estranho, e me fazia sorrir sem querer. Sentei ao seu lado, e ele colocou sua mão sobre minha coxa, senti minhas bochechas vermelhas, mas tentei disfarçar o máximo possível.

— Oi mamãe. — Maju pulou para meu colo e deitou no meu peito.

Ela é meu mundo inteiro, apenas.

— Que bonitinhos vocês assim juntos. — Carol riu tirando uma foto nossa super espontânea.

E eu revirei os olhos envergonhada.

— Vem Maju, vamos com a Titia lá na cozinha preparar o café, não vou deixar você ficar aqui de vela. — ela pegou Maju do meu colo, e Maria sorriu pra ela sem entender nada.

Carol mandou uma piscadela para o Coringa que até agora não tinha falado nada. Assim que elas saíram da sala, eu olhei para o Théo e ele tenha um sorrisinho lindo no canto dos lábios, e eu quase congelei com vergonha.

— Dormiu bem? — me puxou para sentar mais perto passando seu braço pelo meu ombro, e depositsndo um selinho  em meus labios. 

— Muito, e você? — retribui o mesmo ato.

— Sabe, tinha muito tempo que eu não dormia mais de cinco horas em uma noite, então sim eu dormi maravilhosamente bem. Principalmente com tu e Maju do meu lado. — puxou me para um beijo de verdade.

Estar com ele agora namorando significava algo muito maior pra mim, algo que muitos não entenderiam. Não era só estar namorando, era um passo muito grande que estava dando, decidindo seguir em frente e deixar para trás todas as minhas feridas, deixando que elas cicatrizem e virem apenas marcas da dor. Eu jamais esqueceria daquilo, e eu sabia disso, mas só o fato de poder e tentar ser feliz mesmo tendo passado por tudo aquilo, já era suficiente pra mim.

Aos quinze eu tinha um plano formado para meu futuro, eu ia estudar, me formar, trabalhar, conhecer alguém, namorar, noivar, ter nossa própria casa, casar, ter uma estabilidade bacana, ter filhos e viver meu feliz pra sempre com minha família. Hoje eu sei que as coisas não funcionam assim, o mundo é diferente do que eu pensava.

— Estou feliz.— eu sorri escondendo meu rosto em seu peito.

— Poh fala não, nunca pensei me sentir assim por causa de mulher, e agora eu to aqui que nem um trouxa por conta de duas. Cê loco. — ele falou gesticulando e eu ri.

— Não é trouxa. Maria é completamente apaixonada por você.

— Eu sou mais por ela... Vou sempre dar tudo por ela, por vocês. — beijou a ponta do meu nariz.

Sorri e senti que ele também estava sorrindo.

— Ei casal? — Carol chamou da cozinha e nós olhamos no mesmo instante. — Não vão tomar café da manhã não? — perguntou com um sorrisinho safado nos lábios e a sobrancelha erguida. 

— Bora. — Coringa levantou e me puxou com ele. 

Caminhamos até a cozinha, onde Maju estava em um banco alto, já comendo um mingau que Carol tinha preparado, ela dançava em seu lugar, mesmo que não houvesse música nenhuma ali.

— Ta bom amor? — respondeu balançando a cabeça, com a boca cheia de mais para qualquer outra resposta.

O rádio do Coringa começou a apitar na sala e ele saiu da cozinha para pegar o trequinho barulhento.

— Aí amiga, eu to super feliz por vocês. Até que vocês merecem sabe?! Você e o Coringa juntos, são o casal mais "UAU" do morro. Tudo bem que já tem umas vadiazinhas falando merda, mas vocês são aaah! — gritou me puxando para um abraço.

— Para, você esta me deixando tímida. — ela riu. — que história é essa que tem gente falando merda por aí? — perguntei me sentando ao lado de Maria e ela foi pegar o celular para me mostrar algo.

— Thamires, uma putiane que tem aqui no morro, ex peguete do Coringa. — parei para prestar mais atenção no que ela falava. — Na real ele pegou ela duas vezes e porque estava muito bêbado. — revirei os olhos não acreditando muito.

— Ei índia. — Coringa entrou na cozinha pegando um pão que a irmã dele estava comendo, veio ate Maju e deu um beijo em sua testa, me olhou. — Linda, vou ter que dar um vôo na boca, teu pai ta me chamando. Já volto pra te levar em casa, me espera. — ele selou nossos lábios, e eu assenti.

— Meu pão... — Carol falou e tacou alguma coisa em cima dele, mas o mesmo só sorriu e saiu de casa colocando a arma nas costas.

Carol voltou a atenção a tela do celular. Ela digitou algumas coisas e virou o celular para que eu possa o ver.

Thamires CV - Se sentindo desacreditada.
" A novinha vem pro morro pagar de fina, já tem filho e os caraí, e só falta chamar nos dê puta. Falei porra nenhuma, agora a cadela querer dar em cima do homem dos outros é sacanagem. Querida só falo uma coisa pode empinar na moto dele e ter posto de fiel porque quando ele cansar de pagar de pai de família, vai correr pros meus braços. Um beijinho gata.

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Terminei de ler e meus olhos estavam arregalados, eu estava perplexa.

— Ela está falando de mim?

— Não Alice, de mim. — Carol ironizou revirando os olhos.

— Mas meu Deus, eu não fiz nada. — disse levantando da cadeira respirando fundo.

— Calma amiga, essas meninas não vão fazer nada. Elas sabem que tu é a filhinha do chefe e a mina do meu irmão. — ela falou tentando me tranquilizar.

Meu pai, meu irmão e principalmente o Théo nunca deixariam algo de ruim acontecer a mim novamente. Pelo menos eu espero que não.

Meu Recomeçar (Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora