Eu não queria, mas me alivia

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- Relatos de Laura

Eu estava tão feliz em ver Stella buscando a Deus, ela congregava em outro ministério, se aproximou dos jovens da igreja, seus pais estavam muito felizes com a volta da filha, mesmo sem entender o porque dela ter se distanciado na adolescência.

Nós nos aproximamos muito, saíamos sempre, um dia me deu a louca e numa tarde super calorosa á chamei pra tomarmos sorvete, ela topou.  esperei na praça central da cidade, até ver Stella chegando, tomei um susto, ela estava de moleton naquele calor! Eu não conseguia acreditar. - Stella você ta doente? - Perguntei espantada. - Não Laura, eu só estou com um pouco de frio, acho que é resfriado.- Me responde gaguejando. - Então ta bom, mas ta muito calor! - Respondo ainda indignada. - Me deixa Laura, meu Deus. - Me reponde sorrindo.

Depois do sorvete fomos embora caminhando, no caminho a convidei pra dormir aquela noite na minha casa, ela disse que sim, mas precisaria pegar algumas roupas em casa e avisar seus pais. Fomos até lá, ela pegou tudo e se despediu deles, então fomos pra minha casa. Meus pais não estavam, e eu não sabia que horas voltariam. Fomos para meu quarto organizar tudo, estavamos animadas, nem me lembrava da última vez que uma amiga havia dormido na minha casa.

Decidi me arriscar na cozinha, teríamos um prato muito complicado de ser feito para o jantar, miojo, era a única coisa que eu sabia fazer, e era bom, não muito, mas matava a fome. Stella me disse que iria tomar banho, então foi para o meu quarto, iria usar meu banheiro mesmo. Acabei de fazer o nosso jantar e subi para chamá-la, estava tão eufórica por não tem derretido o macarrão, que me esqueci de bater na porta antes de entrar. Ela ainda estava se trocando, e o que eu suspeitava, infelizmente era real. - Laura! - Grita Stella assustada. - Eita! Desculpa Stella. - Respondo sem graça e assustada ao ver pulsos e braços cortados. Fechei a porta ainda não acreditando. Fui para cozinha, minhas pernas tremiam. Aquilo não parecia ter sido acidental, eu tinha guase certeza, Stella se cortava.

Demorou um pouco, mas ela veio comer, tentei agir como se nada tivesse acontecido, ela não tocou no assunto e eu não sabia o que dizer. Depois de comer decidimos assistir um filme, pareciamos duas crianças assitindo Frozen, cantavamos e pulavamos mais que as próprias Elsa e Ana. - Eu sou o Olaf e gosto de abraços quentinhos. - Falava com aquela voz de retardada. - Te amo Olaf. - Me respondia Stella sorrindo e me abraçando forte. Já tinha quase certeza, Deus havia me dado uma irmã.

Já era quase uma da madrugada, decidimos dormir, no quarto minha mente gritava pra que eu perguntasse, mas eu não queria forçá-la ou constrangê-la, além do mais ela lutava pra esconder aquilo. Nos deitamos, cada uma no seu celular, o clima estava estranho. - Você não vai me dizer que é frescura minha?. - Me perguntou ainda focada à tela do celular. - Como assim?.- Perguntei buscando ter certeza do assunto. - Laura, eu sei que você viu meus braços. - Disse ela já impaciente. - Eu não queria te deixar mal, não sabia se queria falar sobre isso. - disse tentando me aproximar dessa ferida. -Eu não queria, mas cara, isso me alívia tanto. - Me responde. - Stellaaa... - Respondo, aquilo doeu muito em mim. - Eu não consigo parar Laura. - Já me responde chorando. - Calma Stella. - Respondo já saindo da minha cama e a abraçando. - Eu queria tanto parar com isso. - Me responde aos prantos. - Se precisar conversar você tem a Jesus Stella, ele te alívia. - Respondi com minhas bochecas sendo esmagadas na cabeça dela e meus braços a apertando. - Eu sei Laura, e também tenho você, mas eu não consigo, isso se tornou um vício. - Senti suas lágrimas escorrerem pelos meus braços. - Calma, nós vamos lutar contra tudo isso, confia em mim, Deus não te trouxe pra minha vida em vão Sté. - Respondo já não conseguindo conter minhas lágrimas.

- Me deixa ver? - Ela tira o moleton.

- Stella! - A abraço e choro. - Não fica assim Laura, eu vou colocar a blusa de novo, me perdoa. - Ela chora. - Não, calma, só me doeu. Vamos orar por isso Sté? Por favor. - Ela acena com a cabeça que sim. Só conseguiamos chorar, mas eu nunca, nunca, iria desistir dela. Oramos até ouvirmos meus pais chegarem, ela corre e veste o moleton. Eu a abraço e dou um beijo em sua testa, só pra deixar bem claro, que eu não iria desistir.

O Chamado de Uma Garota (Em revisão)Where stories live. Discover now