Chimi em New York

Capítulo 26 - Morar na Noruega?

  Após a fala de Ky, meu rosto se enche de lágrimas, que molham a minha cama.
- Como isso aconteceu? - pergunto entre soluços.
- Seu pai caiu na calçada do prédio vizinho e bateu a cabeça - diz baixo.
  Enfio debaixo das minhas cobertas. Cubro meu corpo inteiro, inclusive a cabeça. Não quero ver ninguém, estou muito triste. Chodan era uma pessoa ignorante, machista... mas ainda assim era meu pai. Meu desejo era que nós vivêssemos bem, um do lado do outro, sendo amigos e não brigando mais.
- Chimi, você vai superar essa perda - minha amiga tenta me consolar.
- Corrigindo: mais uma perda. Primeiro é Kob e depois, meu pai - digo me sentindo infeliz.
  Ela fica calada. Tira as cobertas de minha cara e me abraça. Passamos abraçadas por um bom tempo.
- Eu não sei o que seria de mim sem você, Kelly. É a única amiga que tenho nesta cidade movimentada, mesmo se eu tivesse outras, seria sempre a mais especial no meu coração. Me ajuda, me consola e me diverte. Obrigada.
- Você também é muito especial para mim, Mi. Eu soube que a nossa amizade seria bonita, a partir do momento da nossa primeira conversa na festa na casa do Rodrigo. Lembra? Você foi com o Kay... - fala, sem terminar o nome de Kayle.
- Sim, eu lembro - digo com o estado emocional um pouco melhor.
- Chodan será enterrado na China. Uma irmã dele veio para cá e soube que eu sou sua amiga. Mandou lhe avisar - fala voltando para o assunto da morte de meu pai.
- Tia Masters?
  Ky assente com a cabeça.
- Ela é uma ótima pessoa - digo refletindo alegremente - Mora na Noruega.
- Sua tia te convidou para morar com ela. Seria uma ótima oportunidade, não acha?
- Seria... mas apenas eu fui convidada. Yan, não. Ela não sabe que estou grávida.
- Se for bondosa, aceitará seu filho.
  Penso um pouco.
- É...
- Agora coma este bolo de chocolate que eu fiz para o seu aniversário. Sei que está muito triste por seu pai, mas não pode fazer desfeita comigo, eu o fiz com tanto carinho! - diz risonha no final.
- Está bem - falo cortando uma fatia do bolo.
  Pego um pedaço de papel higiênico para enxugar  minhas lágrimas, antes de comê-lo junto com as Minhocas cítricas e tomar café da manhã.
   Fico deitada na cama até 11:40, lembrando dos poucos e bons momentos que passei com Chodan.
  Mais tarde (12:30 aproximadamente) saio desanimada para almoçar com a Kelly e a tia Masters. Minha tia me parabeniza pelo meu aniversário de 19 anos e ao mesmo tempo me consola pela morte de meu pai:
- Meus sentimentos querida. Eu também estou muito triste - diz.
- Obrigada.
- Sua amiga comentou com você que eu te convidei para morar comigo?
- Sim. Fico muito feliz com a sua generosidade, mas não poderei. Como vê, estou grávida.
- Não tem problema o bebê morar com nós. Vocês podem viver em minha casa na Noruega.
- Obrigada pelo convite. Eu vou pensar. Quero que meu filho nasça nos Estados Unidos, para ter a cidadania americana.
- Entendo.
  Ela se levanta da mesa do restaurante em que almoçamos e acrescenta:
- Me dê uma resposta amanhã.
  Não digo nada, apenas vejo Masters pagar a conta e sair do Bulu's.