51 - SAMANTHA

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Só podia ser obra do diabo uma coisa dessas.

Eu deveria ter ido para igreja, orado bastante para afastar satanás da minha vida.

Eu não posso acreditar que esse demônio está de volta. Não posso acreditar!

Desculpe estar usando o nome dos coisinha ruim em três parágrafos seguidos, mas não dá para segurar quando a filha do próprio está a minha frente.

— Senhor eu tentei impedir que ela entrasse mas... – Jack tentou mas Peter o interrompeu.

— O que você faz aqui? – Peter a questiona sério. — Que você não tinha um pingo de vergonha na cara eu já sabia, mas não tinha ideia de que era tão grande. – ela não diz nada. — Como tem coragem de aparecer aqui depois de tudo que você fez com a minha filha?

— Eu sei. Eu errei feio. – diz e abaixa a cabeça.

Ah linda, comigo essa não cola.

— Errou feio? – Peter soltou uma risada sarcástica.

— Me perdoa, Peter. Eu estava desesperada, eu não queria te perder.

— Como você pode perder algo que nunca foi seu? – ele pergunta. — Eu já disse para você esquecer isso. Se tem algo que foi um erro nessa história toda, foi o meu envolvimento com você.

— Peter me perdoa. Por favor! Eu estou aqui para me redimir com você, com a Agatha é até mesmo com a Samantha. – me encarou.

Credo! Encarar aqueles olhos me deu um arrepio. Fiz o sinal da cruz.

— Não tem perdão Pilar. Eu tentei te dar uma chance, a chance de você sair daqui e viver a sua vida mas você desperdiçou. Jack chame a polícia.

— NÃO!! – ela gritou. — Você não pode fazer isso comigo.

— Não só posso, como vou! – ela soltou um suspiro e voltou a encara-lo.

— Peter não faz isso. Em consideração a mim e ao que nós tivemos. – implorou me fazendo revirar os olhos.

— A última coisa que eu vou ter agora é consideração por você Pilar! Acorda para vida! E muito menos por algo que não existiu entre nós.

— Então tenha pelo seu filho. – disse séria.

Ah não... AH NÃO!

Peter franze o cenho e a encara.

— O que?

— Eu estou grávida, Peter. E o filho é seu.

— Quer mesmo que eu acredite nessa história? Não vai rolar Pilar. – ele diz. Pilar abre sua bolsa e retira um papel e se aproxima entregando para Peter.

— Está aí Peter. Fiz vários exames e todos eles comprovam que eu estou grávida. Se quiser nós podemos fazer um novo exame agora mesmo. – ele lê os papéis e depois me encara. Eu sei o que essa cara quer dizer e eu preferia não saber.

— Como tem tanta certeza que é meu filho?

— Furei suas camisinhas e não tomei anticoncepcional. – a olhei tão perplexa quanto Peter. — Eu não dormi com ninguém além de você. Não quero que meu filho nasça sem pai, e também porque ele tem direitos. – sorriu. — Você não pode me mandar presa, não tem provas de que fui eu quem sequestrou Agatha. – suspirei e encarei Peter sem saber exatamente o que diz ou que fazer.

— Desculpe. – susurro e ele me olha sem entender. Passei por Pilar sem encara-la e sai da casa.

Eu realmente não tenho estômago para isso.

Entrei no carro e esperei por Martín e seguimos para a universidade.

***

— Grávida? – Emilly me perguntou pela décima vez. — Ah não! Nem ferrando que eu vou cair nessa. Samantha, como pode cair na dessa piranha mal amada?

— Emilly não começa com seus pitis! – digo quase gritando. — Eu também não engoli essa história, mas quer que eu faça o que? De fato ela está grávida, se é realmente do Peter eu não faço ideia.

— Mia, me segura que eu vou bater nela! – Emilly diz colocando as mãos no rosto.

— Emilly, não começa. – Mia diz séria. — Sam, isso é realmente estranho. Principalmente vindo dessa mulher.

— Não é estranho, é falsidade mesmo. – Emilly diz. — Samantha não seja burra de deixar o Peter por essa crocodila desgraçada, e muito menos por esse boneco que ela esconde de baixo das roupas.

— Emilly você não tem noção! Você não tem! – aumentei meu tom de voz.

— Então faz o favor de explicar!

— Eu já estou cansada, farta, totalmente exausta disso tudo. Toda vez que eu acho que algo vai dar certo na minha vida eu levo um chute no traseiro da vida dizendo: "Não, trouxa! Você vai continuar na merda!" Eu não aguento mais sofrer o tempo todo por causa das pessoas. É o tempo todo! Para você é simples, você não tem que lidar com uma ex-babá do capiroto querendo acabar com a sua vida! – Por que exatamente eu estou chorando? — É sempre assim. Eu só queria que uma vez na vida as coisas descem certo para mim.

— Mas vai dar certo, pare de pensar negativo. – Mia diz. — Sam, você é uma garota forte que sempre enfrentou todos os obstáculos que a vida colocou no caminho. Independentemente se esse bebê existe ou não, se é filho do Peter ou não, ele não vai te deixar de lado. Ele não vai te abandonar. – enxuguei minhas lágrimas e soltei uma risada sem humor.

— Você vem dizer isso logo para mim? Logo eu que já fui abandonada por tanta gente? Ser abandonada dever estar na minha embalagem. Ser jogada de lado por mais um não fará tanta diferença.

— Samantha por que faz isso? – Emilly perguntou. — Se colocar para baixo o tempo todo? Você é a pessoa mais incrível que eu conheço. Quando te conheci eu achei que éramos gêmeas, iguais, idênticas, mas percebi que somos diferentes. Você é mais forte, tem um brilho diferente, é especial. É o tipo de amiga que todo mundo deveria ter e a pessoa que todos deveriam manter perto.

— Você é uma garota maravilhosa, tem que parar com isso. – Mia diz.

— Olha Sam, se essa criança realmente for filho do Peter, coisa que eu não acredito, você tem que estar lá e dar apoio para ele. Imagine o quão louco ele deve estar. A mente dele deve estar borbulhando. – Emilly diz.

— Exatamente. E se a idéia da outra lá foi separar vocês, você não pode dar esse gostinho para ela. – Mia diz.

— Sam, você é maravilhosa! Tem uma mente brilhante e todos querem estar com você. Não fique com essas inseguranças. Nós estamos aqui para te apoiar em tudo, até mesmo quando você faz suas burradas.

— Nós te amamos. – alagou tudo por aqui.

— Eu sou uma idiota! – as encaro. — Obrigada. Eu amo vocês. – as abracei. — Nem o nada seria suficiente para dizer o que eu seria sem vocês.

— Ok, chega de melação que daqui a pouco me dá cáries. – Emilly diz nos empurrando. — Agora vai lá pegar seu homem! – me empurrou.

— Você é uma praga! – digo me levantando e pegando minha bolsa.

— Me dizem sempre isso. – sorriu. — Vai logo!

— Boa sorte! – Mia diz. Mandei um beijo no ar para as duas e corri entrando no carro.

Tudo o que eu quero, e preciso agora é do Peter. Só isso.

SIMPLESMENTE SAMANTHA Onde as histórias ganham vida. Descobre agora