Onze

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Katryna Narrando.

Abri meus olhos vendo tudo embaçado. Novamente meus olhos encararam o teto branco, que eu conhecia bem. O teto do hospital. Um aparelho fazia "bip", avisando que eu ainda estava viva e que meu coração estava funcionando bem. Uma agulha estava conectada ao meu braço, e um saquinho com um líquido vermelho estava sendo injetado em mim. Respirei fundo e senti as dores nas minhas costelas. Tentei normalizar minha visão, mas continuava embaçada. Ouvi a porta se abrindo e abri os olhos novamente.

- meu bem.- escutei a voz da minha mãe.- que bom que acordou.- ela diz suavemente e eu sinto sua mão se encostar na minha. Tento falar alguma palavra, mas a voz não sai, então fecho meus olhos novamente.- ENFERMEIRA.- escuto minha mãe gritar e a porta se fechar novamente. Caio na escuridão e desmaio de novo.

Gustavo Narrando.

Levei Katryna para o hospital, e assim que levaram ela na maca, uma enfermeira me pediu informações dela, e o número do responsável. Eu tive que ligar para o Gabriel e explicar o que havia acontecido para ele avisar a mãe dela. É claro que eu não disse a verdade. Eu contei que a encontrei assim, toda machucada, e tentei limpar, mas vi que não melhoraria, então levei para o hospital. Rafael me ajudou muito, e eu sou eternamente grato por isso.

- é hoje.- meu pai disse enquanto eu arrumava minha última mala para mudança.- está preparado?

- Welington, eu já sou o alfa há dois meses.- digo fechando o zíper e encarando ele.- eu só vou ganhar meus olhos vermelhos.- me viro saindo do quarto com todas as malas e meu pai vem atrás.

- Gustavo, eu já te falei pra me chamar de pai.- ele diz atrás de mim e eu apenas ignoro.- espero que tudo dê certo pra você.- eu abro a porta da frente e caminho até meu carro com as malas. Coloco no porta-malas e dirijo direto para o hospital. Eu precisava vê-la.

Entrei na recepção e lá estava a Maria Eduarda e o Gabriel, sentados com a face super preocupada.

- Gustavo.- Gabriel me cumprimenta.

- vocês tem notícias dela?- eu digo apertando a mão da Madu como cumprimento e me sentando ao lado deles.

- nada ainda. Só sabemos que ela não consegue ficar acordada.- Madu diz apertando os punhos.- não sabemos o que houve. Você a encontrou assim?- ela pergunta.

A história se repete em minha cabeça como um flashback, e é como se estivesse acontecendo novamente. Meu coração dispara e eu sinto como se estivessem apertando meu peito, me impedindo de respirar. Eu sabia bem o que era aquilo, um ataque de ansiedade. Eu tive bastante disso, depois que meus avós morreram. Me levantei e tentei caminhar mas aquilo estava esmagando meu peito, e eu caí de joelhos. A culpa foi minha. A culpa é minha. Eu devia ter me afastado dela, eu prometi que cuidaria dela.

- Gustavo, mano, você está vermelho.- Gabriel diz me puxando pelo braço com a ajuda de Madu. Tento controlar a respiração, mas não consigo, era como se eu tivesse esquecido como respirar.

Mas daí me veio o rosto dela em minha mente, o sorriso lindo que ela dava quando me via, e a cara emburrada dela quando eu disse que cozinhava melhor. Olhei para frente, e por um momento, pensei ter visto ela sorrindo e me estendendo a mão.

- AJUDA AQUI. O MENINO NÃO ESTÁ RESPIRANDO.- Madu gritou e eu senti o ar sair da minha boca, como um suspiro. Os enfermeiros me levaram para um quartinho e me examinaram. De acordo com eles, minha saúde está impecável, e eu sei que está mesmo, lobisomem não fica doente.

(...)

- uma crise de ansiedade?- Rafael perguntou assim que eu terminei de contar a história pra ele.- está tendo isso de novo, Gustavo?

- foi horrível, cara.- eu digo balançando minha cabeça.

- certo. Vamos passar essa noite no hospital?- ele pergunta pegando a chave do carro e começando a caminhar até ele.

- vamos. Preciso vê-la.- digo entrando no carro e arrancando direto para o hospital.

Fomos o caminho todo em silêncio e quando chegamos, Rafael ficou parado na porta do hospital e eu subi escondido para o quarto da Katryna. Nem é tão difícil driblar os enfermeiros, eles nem percebem.

Girei a maçaneta do quarto e entrei, vendo seu corpinho pequeno deitado sobre a maca. O aparelho apitava um bip insuportável, porém me aliviava ouvir o coraçãozinho dela batendo. Puxei a poltrona do quarto, e coloquei do ladinho da maca. Segurei sua mãozinha que estava fria, e toda machucada. Seu rosto tinha cortes e arranhões, mas ainda assim, se parecia com um rosto de anjo.

- abra os olhos, princesa.- sussurro na esperança de que ela me escute, mas não obtive sucesso.- estou aqui com você. Não vou mais te deixar só.- deixo um leve beijinho sobre a mão dela.- eu prometo.

Escuto um barulho, na janela do quarto, como se estivessem tentando abrir e logo em seguida, sussurros bem baixos. Ativo minha super audição, para escutar o que diziam do lado de fora.

- você tem certeza que ela está sozinha no quarto, imbecil?- uma voz masculina pergunta.

- quase toda certeza do mundo, só um cortezinho na garganta dela e pronto, a alfa vai amar a gente pra sempre.- outra voz masculina responde.

Eu já estava totalmente descontrolado, e esse era meu pior lado. Minhas garras e minhas presas apareceram rapidamente, e assim que a janela se abriu, eu pulei em cima de quem estava tentando entrar. Foi um tombo e tanto, caímos do segundo andar do hospital enquanto eu já me trasnformava em lobo.

- não temos chances contra ele. Corre.- eles se viraram pra correr, mas Rafael estava parado atrás deles.- Lascou.

Pulo em cima de um deles enquanto Rafael cuida do outro. Meu lobo raivoso e enfurecido, mordeu várias vezes o pescoço do cara, e por final, as minhas garras rasgaram sua garganta. Rafael tinha imobilizado o outro e olhou pra mim com raiva.

- NÃO ERA PRA MATAR, GUSTAVO.- ele grita e eu solto um rosnado estrondoso.

- EU SOU O ALFA. QUEM DECIDE O QUE FAZER SOU EU.- grito com ele e ele abaixa a cabeça.- ninguém vai encostar nela, enquanto meu coração bater.- digo e me transformo em humano.- ninguém encosta nela mais.

Meu namorado é um Lobo [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now