Cinco

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- ai, como você é chata Maria Eduarda.- digo empurrando Madu que continua me enchendo o saco.

- você se veste parecendo um mulambo e eu sou chata por tentar ajudar? Deveria deixar de ser grossa, isso sim.- ela diz me olhando novamente.

Duas semanas se passaram desde o dia do cinema. E bem, vi Gustavo aparecer no colégio no máximo umas 2 vezes. Ele não sorriu nessas duas vezes que eu o vi, muito pelo contrário, parecia tenso ou com medo. Mandei algumas mensagens perguntando se ele estava bem, mas sem parecer que eu estava preocupada, e a única coisa que ele respondia era "estou". Eu sei que há algo de errado, mas sozinha eu nunca vou encontrar minha resposta, e ele também não me ajuda. Gustavo não ficaria esse tempo todo sem ir ao colégio se não tivesse um bom motivo e uma bela desculpa pra faltar tanto. Talvez estivesse doente. Ou talvez só não está tendo vontade de ir para a aula e eu fico aqui pensando se ele deve ou não estar precisando de alguém nesse momento. E sobre o gigantesco lobo? Ele não me visitou mais, e eu achei até bom, eu não preciso ficar com tanto medo de sair de a pé assim.

- o certo seria você deixar eu te arrumar.- Madu diz por fim e bebe um pouco do seu refrigerante. Estávamos almoçando, e por acaso essa folgada veio para me atormentar a tarde inteira.

- Maria Eduarda, eu não enlouqueci ainda.- sorrio para Madu que faz cara feia por eu não querer a ajuda dela com a "moda".- você ouviu alguma notícia sobre o Gustavo?

- não quero falar desse ser que tentou arrancar sua vida.- ela diz e eu começo rir alto. Que exagero. A verdade é que, Madu não suporta a ideia de me ver sofrer novamente. Não por amor, e sim por apego. Eu não sofri com o tal Augusto, na verdade, não sofri nenhum pouco. Mas sofri muito com a morte do meu pai, sofri muito mesmo. Hoje em dia convivo com a dor, mas não ligo tanto pra ela.

- vamos, preciso de nota em química.- digo colocando meu prato na pia e subindo para o quarto.

(...)

- acho que devemos sair, Katryna. Shopping, que tal?- Madu sorri arrumando seu cabelo pela última vez no espelho.

- eu prefiro ir ao parque. Que tal?- digo arrumando a gola da minha blusa de frio e Madu apenas concorda com a cabeça. Esses últimos dias aqui andam congelando e bem, eu gosto muito de dias frios.

Desço as escadas e encaro a janela por um momento e meus olhos se encontram com o lobo branco. Por impulso eu abro a porta da frente, e caminho devagar até a varanda. O lobo olhava fixamente para mim e piscava devagar, exibindo seus lindos e chamativos olhos azuis. Eu sentia que eu o conhecia. Sim, eu conhecia aquele lobo, é engraçado eu dizer isso, mas seus olhos me eram familiar. Ele se levantou e meu coração disparou automaticamente. Cada passo que ele dava para se aproximar de mim, fazia meu coração se acelerar mais e mais. Estávamos tão perto que eu poderia encostar no seu pelo branquinho.

Ele se abaixou para que eu pudesse toca-lo, mas eu não consegui me mover. Sua cabeça tocou a minha, e então ele se virou e caminhou até sumir no meio das árvores.

- estou pronta.- diz Madu aparecendo com sua mochila nas costas. Minhas pernas estavam bambas e eu caí sentada assim que meu cérebro acaba de processar tudo o que havia acontecido.- o que houve?- a expressão de Madu muda, para uma totalmente preocupada.

- você não o viu?- pergunto apontando para as árvores. Ela olha por alguns segundos na direção que eu apontava e volta a me encarar.

- não vi o que?

- Maria, o lobo branco.- passo as mãos pelos cabelos e volto a olhar pra ela.

- isso é efeito do remédio? Tipo, delírios?- ela pergunta e me ajuda a levantar.

Meu namorado é um Lobo [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora