Dez

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Acordei com a dor me incomodando. Minha cabeça doía, minhas costelas, meus braços, minhas pernas. Eu estava totalmente quebrada, e literalmente tudo doía. Minha boca estava com gosto de ferrugem, pra ser mais exata, sangue. Pisquei várias vezes enquanto um líquido quente escorria da minha testa. Minhas mãos estavam soltas, mas meu pé permanecia preso pela corrente. Passei o dedo pelo meu supercílio e latejou. Olhei meus dedos cheios de sangue e tentei me levantar, mas a dor na costela me impedia de fazer qualquer movimento.

Estou com sede, estou cansada, estou com dor e com fome.

Gustavo Narrando.

- vocês tem notícias da Katryna?- pergunto para Madu e Gabriel assim que entro no colégio.

- achei que ela estava com você.- Madu diz passando a mão no queixo.

- ela não me mandou nenhuma mensagem para ir buscá-la hoje.- Gabriel diz olhando a tela do celular e voltando atenção para mim.

Olho para o portão do colégio, procurando os lindos olhos azuis dela, mas nada de vê-los. Fico surpreso ao ver quem passava pelos portões do colégio. A mãe de Katryna, com uma expressão cansada e triste, vestida com um terno de empresa e uma maleta. Ela olha na minha direção e Madu e Gabriel saem correndo para ter notícias de Katryna.

- tia.- Gabriel diz abraçando ela.- o que houve com a Kat?- ele pergunta e os olhos dela se enchem de lágrimas.

- ela não apareceu no colégio e nem mandou mensagem pra gente. Ela está bem?- Madu pergunta preocupada.

- vocês eram minha última esperança. Não vejo Katryna desde ontem de manhã. Ela não atende o celular, não responde minhas mensagens. Achei que ela estivesse com vocês.- ela diz e limpa uma lágrima que escorria pela sua bochecha.

- GUSTAVO.- escuto Rafael gritar e vir correndo até mim. Ele saí me puxando pelo braço e para quando estamos em um corredor praticamente vazio.- seus olhos e suas garras estão aparecendo, cara.- ele diz segurando meu ombro.- você está se transformando.

Meus batimentos cardíacos aceleram e minha respiração pesa.

- Gustavo, o que houve?- Rafael pergunta.- você está exalando medo, ansiedade e raiva.- ele diz segurando meu ombro novamente.

- ela... eles... eu...- eu tento formar uma frase para começar explicar o que tinha acontecido, mas as palavras sumiram e minha língua estava presa, era impossível falar alguma coisa. Me virei e saí correndo, corri até chegar no estacionamento do colégio. Entrei no meu carro e Rafael entrou no banco do passageiro.

- onde vamos?- Rafael pergunta.

- alcatéia.- é a única coisa que consigo responder e arranco com o carro.

O caminho inteiro o motor do carro urrou, enquanto eu só pisava mais no acelerador. Uma viagem de duas horas e meia, eu consegui terminar em uma hora e vinte minutos. Sim, eu olhei o relógio. Eu estava muito preocupado com o tempo que ela estava lá. Se eles não a matassem, ela morreria de fome ou sede. Entrei no portal para o mundo sobrenatural com o carro e acelerei no meio das criaturas sobrenaturais. Desci do carro acompanhado por Rafael e já cheguei uivando. Todos os lobos olharam pra mim preocupados e se aproximaram ainda na sua forma humana.

- Alfa.- eles dizem em uníssono e eu deixo
meus olhos lupinos aparecerem.

- se preparem.- Rafael diz por mim já que tinha virado uma confusão dentro da minha cabeça.- sairemos no fim da tarde.- ele completa.

A verdade é que eu não queria sair no fim da tarde, eu queria sair agora. Meu coração disparou novamente e eu apertei os punhos. O que eles pensam em fazer com ela? Por que pegaram ela? Eu disse pra ela deixar eu levá-la, eu disse pra ela não ir sozinha que era perigoso. Eu não acredito que por um descuido meu, eles a pegaram. Eu fiz tudo errado.

Meu namorado é um Lobo [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora