Droga.

- Esconda o rosto, Scarll. – pedi puxando a máscara para baixo. A minha amiga fez o mesmo.

- Elizabeth. Você não está pensando em fazer alguma besteira, não é?

Eu a ignorei.

- Elizabeth.

Prendi a respiração. O elevador parou e as portas se abriram. Quando o homem de farda azul surgiu em nossa frente, eu olhei para as suas mãos. Desarmado. O policial não teve tempo de se quer falar. A minha mão atingiu seu rosto no centro do nariz. Ele caiu no chão de braços abertos, gemendo.

Scarlett arquejou.

- Você acabou de bater em um policial! Elizabeth Scott, isso sim foi errado! Ai. Meu. Deus. Estamos tão ferradas. Seu pai vai matar a nós duas quando descobrir. – Scarlett começou a bater a cabeça na parede do elevador.

Suspirei.

- Scarlett, calada.

Apertei o botão para que as portas se fechassem. A mão que usei para nocautear o policial estava ardendo e sangrando. Os meus ossos pareciam que estilhaçariam a qualquer momento.

- Vou precisar de gelo. Muito gelo. – gemi e trouxe a mão dolorida para perto do corpo. Recostei-me na parede ao lado de Scarlett enquanto o elevador continuava descendo. – Vamos torcer para o outro policial não estar lá em baixo nos esperando. Scarlett continuou em silêncio, ainda em choque por eu ter batido em um policial. Bem... Não fora a primeira vez que isso acontecera.

As portas se abriram e nós duas saímos do elevador, os olhos esquadrinhando o primeiro andar com cautela.

- Está tudo limpo. Vamos. – apontei com queixo para a porta que levaria até as escadas e chegando lá corremos como se não houvesse amanhã. Ao chegarmos no beco, estávamos arfando.

- Aqui ainda é perigoso. – Scarlett disse com a respiração entre cortada. – O Central Park. Se corremos até lá, podemos despistar qualquer um.

Concordei com um aceno e cambaleamos até o final do beco. Há alguns metros de onde estávamos, o carro da polícia com as luzes vermelhas e azuis estava estacionado na porta do prédio. Não havia sinal de nenhum policial. Abandonamos nossas máscaras e saímos para a calçada, atravessando a rua em direção ao Central Park. Chegando do outro lado, ouvimos uma voz dizer:

- Ei, vocês duas! Paradas!

O meu sangue esfriou. Pude sentir o suor escorrendo da minha testa e o coração batendo tão forte que doía as costelas. Quando era mais jovem desejava uma vida cheia de aventuras. Um recado para a Divina Providência: Não era esse tipo de aventura que eu me referia! Scarlett e eu não nos viramos. Escaramos uma a outra, sobrancelhas erguidas e respirações ofegantes.

- Corremos? – ela perguntou.

- Corremos.

Nós duas demos as mãos e pulamos uma cerca branca, passando pelas pessoas e esbarrando nelas. Podíamos ouvir o protesto do policial há metros de distância, comandando que "parássemos imediatamente em nome da lei". Quase tive vontade de rir. Em nome da lei? Com certeza era um novato.

Sem entender o porquê duas garotas corriam desesperadamente pelo parque, as pessoas abriram espaço para que passássemos. Não ousei olhar para trás e checar se ainda éramos perseguidas, podia ouvir os gritos do homem que nos perseguia dando ordens para que não fugíssemos.

- Vamos ter que atravessar a rua. – indicou Scarlett ao meu lado.

- O trânsito pode retardá-lo. – considerei. Estava tentando me lembrar do mapa daquela parte da cidade, a qual eu não conhecia muito bem. Aquela avenida movimentada era a Fith Ave, um quarteirão depois e estaríamos na Madison Ave. O metrô estava perto, eu tinha quase certeza.
Apertei mais forte a mão de Scarll quando atravessamos correndo a Fith Ave, fazendo os carros por pouco não  nos atropelarem e buzinarem enfurecidos.

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