Capítulo XXXI

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Vazio, vazio, vazio! Qualquer lugar que eu olhasse só conseguia sentir um enorme vazio, eu sabia que não seria fácil me adaptar a esse novo e temporário estilo de vida, sem a minha amada. Depois de uma semana de distância eu já queria embarcar no primeiro vôo pra Paris que encontrasse pra poder vê-la novamente. Fiz o meu dever de casa direitinho pelo menos e pesquisei o endereço do hotel onde Bea passaria esses seis meses. Não era nenhum hotel que eu me hospedaria, mas parecia ser um bairro seguro suficiente pra transitar, claro que eu perguntei pra ela como estava indo a adaptação, instalações e descobri que dessa vez ela tinha, não apenas uma, mas TRÊS colegas de quarto. Só esperava que não fossem iguais a Erika.

Admito que conversar por SMS e FaceTime não era tão satisfatório assim, mas naqueles tempos foram melhor do que nada. Bea me ligava sempre por volta de 12:00 e 18:00, por causa do fuso horário, apesar de eu ter dito a ela que poderia me ligar até de madrugada que eu acordaria com prazer para atendê-la, mas continua sendo muito teimosa, também recebi muitas fotos dela, a maioria com roupas, porém sexy como sempre. No fim da semana mais estressante da minha vida acordei e me arrumei sem animo algum, como nos outros dias para ir trabalhar, desci até a cozinha e pedi café pra viagem, não não suportava uma sanguessuga pela manhã, quem dirá duas. Peguei minha pasta e entrei no carro, onde Steven já me esperava. Mais um dia sufocante, meu escritório não era o mesmo sem ela, nem eu era o mesmo sem ela. Bem quando eu estava prestes a jogar todos aqueles relatórios no chão meu celular se moveu ao vibrar em cima da mesa.

-Bonjour, Nicolas!- Era Bea.

-Amor!- Não contive meu entusiasmo- Como estão as coisas por aí?

-Digamos que estão árduas.- Ouvi o sorriso em sua voz- Os professores são bem rígidos.

-Vi nas notícias que o clima está glacial por aí. É verdade?- Levantei da poltrona e passeei pela sala afrouxando a gravata.

-Muito! Ainda bem que os aquecedores funcionam.- Deu risada.

-Espero que esteja usando roupas apropriadas. Não quero que fique doente.

-Sim, senhor!

-Ótimo.- Sorri- Por favor, não deixe de me ligar, em nenhum dia. Isso é uma ordem.

-Eu não vou.- Ficamos silenciosos por alguns segundos- Como está no trabalho?

-Sinto sua falta.- Respirei fundo- Isso é uma merda sem você.

-Eu também sinto...

-Senhoritas, desçam para o jantar.- Uma voz feminina que parecia ser de uma senhora carregada de sotaque francês chamou ao fundo.

-Preciso ir agora.

-Eu entendo.- Bufei- Devo aguardar a segunda ligação do dia?

-Bom, hoje é sábado e domingo não terei aula de manhã. Podemos passar a madrugada no FaceTime.

-Estou ansioso para saber o que vai usar na cama.- Mordi o lábio- Amo você.

-Eu também te amo.- Sussurrou e desligou.

O vazio me preencheu novamente. Deixei o celular em cima do teclado do notebook ligado e passei vários minutos admirando o nada, sem saber o que fazer a seguir e imaginando como seria se eu estivesse ao lado dela naquele momento. Vagando na solidão dos meus pensamentos um lembrete apareceu na tela do meu notebook, a reunião com o tal advogado escolhido pra resolver meus problemas conjugais estava marcada para a hora do almoço, com reserva em um restaurante.

Era hora de respirar fundo e tentar me livrar dos sentimentos que estavam me puxando até o fundo do poço. Por exatos onze anos eu estive sedento por um simples pedaço de papel que acabaria com todos os problemas da minha e agora que estava prestes a consegui-lo não poderia dar-me ao luxo da depressão por solidão. Imaginar Melissa sendo chutada por mim pra fora da minha casa conseguiu me animar um pouco, assim adiantei meu trabalho pra que Bea não pensasse que eu era desorganizado e tivesse uma montanha de coisas a fazer quando voltasse de viagem. A hora até passou mais depressa com a distração, esqueci-me o quão bem me sentia ao trabalhar, estava de volta ao jogo.

Just be Mine | Livro I | Série "Mine"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora