Capítulo VIII

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Gostaria muito que remédios tranquilizantes funcionassem comigo. Eu consegui vê-la, tive o prazer de ser tocado por ela, mas mesmo assim o sono fugia de mim como eu fugia de Melissa, acho que deveria ser completamente contrário. Minha cama se tornou desconfortável, era tudo desconfortável. Não entendia o que havia de errado. Era algo comigo? Era Melissa? Minha cama? Minha casa? A quem eu estava querendo enganar!? Meu desconforto tinha nome, sobrenome, telefone e graças a mim um emprego. Mesmo sabendo disso eu era incapaz de fazer qualquer coisa que ajudasse a mim mesmo e isso era sufocante.

Quando finalmente consegui cerrar os olhos e dormir o alarme que se encontra em minha mesa de cabeceira despertou revelando que minha incrível noite de sono havia durado apenas três horas. Que ótimo! Era tudo que eu precisava pra começar um dia perfeito. Quase não consegui me levantar. Mesma rotina de sempre fui para o chuveiro, tirei meu samba canção o deixando jogado no chão e entrei no box ligando o chuveiro deixando a água fria tocar minha pele e assim me fazer ficar alerta para o trabalho. Precisei me arrumar depressa, caso contrário iria me atrasar bastante. Já estava se tornando um costume sair da minha própria casa foragido de "você sabe quem". Estava com muita fome, mas preferi tomar café na empresa a encontrar a cara cirurgicamente modificada de Melissa.

Nunca fui um homem de me preocupar em verificar minha aparência no espelho, sempre soube estaria impecável, mas naquela manhã tive um sentimento diferente. Eu não sabia se daria pra perceber que eu não dormi direito, queria estar com uma boa aparência, se pudesse a melhor, mas pela primeira vez eu estava me sentindo inseguro quanto a isso e passei mais da metade do caminho verificando no retrovisor de estava tudo OK. Apesar de tudo, mantive minha expressão séria ao descer do carro entrar em minha empresa, cumprimentei brevemente os que cruzaram o meu caminho e fui direto para minha sala.

Abri a porta bem devagar, com um pouco de receio confesso. Será que ela vai estar lá? Poderia ter mudado de ideia? E lá estava ela, meu coração disparou, sua visão em minha sala era reconfortante, com seus sapatos pretos de salto, a roupa completamente perfeita e seu batom vermelho matte atraente arrumando toda a bagunça que eu havia feito no dia anterior. Sem mudar meu exterior por alguns segundos eu me senti feliz, mas inevitavelmente acabei me lembra do modo em que ela deixou que eu saísse de seu apartamento. Agora eu seria apenas o seu chefe.

-Bom dia, Srta. DiLorenzo.- Caminhei até minha mesa, onde Bea se encontrava na lateral.

-Bom dia, Sr. Hans.- Tirei sua atenção por apenas dois segundos- Trouxe seu macchiatto e croissants.

-Estou mesmo com fome.- Abrindo meu paleto me sentei.

Minha mesa estava absurdamente organizada, nem me lembrara da última vez que a vi assim. Bea pegou os papéis e os levou até a mesa de centro em frente ao sofá, para que eu pudesse tomar meu café da manhã sem preocupações. Ela tirou os croissants da sacola de papel e pôs em cima do prato ao lado da minha xícara de café bem na minha frente e depois voltou a trabalhar, mas dessa vez sentada no meu sofá.

-Obrigado.- Tomei um gole daquele café maravilhoso, que nostálgico.

Peguei o garfo e a faca em cima do guardanapo perfeitamente dobrado e comi um pedaço daquele croissant amanteigado, meu favorito. Eu só conseguia pensar: Nossa, que mulher incrível! Não conseguia manter meus olhos longe dela por um segundo sequer, enquanto ela evitava me olhar ao máximo. Demorei quase uma década para terminar de comer porque me perdi várias vezes olhando seus seios, sua boca e suas pernas tendo devaneios da nossa primeira e única transa.

-O senhor não parece muito bem.- Bea disse de repente me puxando de volta para aquela sala- Quer que eu cancele seus compromissos de hoje?

-Não! Há muito trabalho a ser feito aqui.- Limpei minhas mãos e boca e liguei meu notebook.

Just be Mine | Livro I | Série "Mine"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora