Capítulo XVIII

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Entre a loucura e a serenidade era possível que localizassem nós dois acima da fronteira cercados por ambas. Nunca consegui antecipar o momento em que tudo explodiria nem ao menos imaginar quando a poeira sobre os destroços de nós dois iria baixar. Talvez fosse esse um dos pontos que me fez querer tanto permanecer ao seu lado. Com ela era sempre tudo mais intenso, única pessoa depois do falecimento de meu pai que conseguiu recuperar minha vontade de viver cada dia como se fosse o último. Eu a amava mais que tudo, mais até que minha própria empresa.

Aquele fim de semana foi o melhor, gostaria que pudéssemos viver mais momentos semelhantes todos os dias. Mas eu já havia aprendido quando mais jovem que nada na vida funciona como queremos, mas sim como precisamos que seja. A única opção que temos para não sofrer com isso era aceitando e nos adaptando à realidade cruel da vida. Mesmo assim não abri mão da minha fé de que logo eu acabaria com todos os meu problemas, desde Melissa até minha mãe, só então eu poderia alcançar meu objetivo: fazer que Bea fosse apenas minha por um tempo indeterminado.

Como pessoa matinal de sempre despertei primeiro novamente, dessa vez luz do sol nos incomodando pela janela. O quarto estava parcialmente escuro, o clima era agradável e a vista mais ainda. Bea de bruços com uma perna esticada e a outra flexionada dormindo com as mãos por baixo do travesseiro que confortava sua cabeça num belo e próspero sono. Um sorriso largo invadiu minha expressão e eu me aproximei de seu corpo, sem tocá-lo, sentindo de leve o atraente aroma natural que sua pele possuía. Um abraço não seria de mais, não é? Envolvi seu corpo calorosamente enquanto respirava suave entre seu ombro e pescoço deslizando meus lábios nele de vez em quando. O momento se apresentava tão satisfatório que nada poderia estragá-lo...

Exceto por meu celular vibrando escandalosamente ao chão por baixo das minhas roupas. Não queria que acabasse a acordando, então saí cautelosamente da cama pegando-o do chão e fui para perto da janela atender. Um número que não faz parte da minha agenda deve ser algo importante, achei melhor atender.

-Alô?- Sussurrei observando Bea.

-Bom dia meu amor.- Era Melissa prestes a testar meu nível de paciência pela manhã.

-O que você quer?- Perguntei rapidamente afim de acabar logo com aquela ligação.

-Quero saber onde o pai do meu filho está.- Ouvi ao longe um tipo irônico de risada.

-Não interessa. Adeus!

-Espere!- Subiu um tom antes que eu desligasse.

-O que é!?- Cerrei minha mão livre.

-Só queria confirmar se vamos fazer o exame amanhã.- Um tilintar de taças...

-Sim.- Senti meu Meu sangue ferver- É tudo que tem a dizer!? Não quero atrapalhar seu brinde.

-Ficou louco? Estou sozinha com a TV ligada.- E mais risadas.

-Vamos reforçar o que você já sabe, eu não sou nenhum idiota e caso você esteja mentindo sobre qualquer coisa será só uma questão de tempo até eu descobrir e mandar você de volta pro inferno de onde veio.

-A recíproca é verdadeira.- E desligou na minha cara.

-Desgraçada!- Apertei a mão em torno do telefone.

Melissa tinha companhia e pelo visto se divertiam às minhas custas. Não compreendo porquê fiquei tão surpreso com isso, ela sempre foi uma vadia oportunista. Entreabri a cortina e olhei para a rua na esperança de me acalmar, ouvi o atrito dos lençóis na cama.

-O que houve?- Bea se sentou vagarosamente na cama.

Respirei fundo e a olhei aborrecido por tê-la acordado.

Just be Mine | Livro I | Série "Mine"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora