Just be Mine | Livro I | Série "Mine"

Capítulo II

O que eu mais temia estava acontecendo.

Meu pai sempre teve fiéis empregados, tanto no trabalho quanto em casa, e os que faziam parte da parte administrativa da sede empresa já estavam envelhecendo. Durante os anos alguns foram demitidos e os que restaram estavam se preparando para a aposentadoria, ou buscavam novas oportunidades no mercado de trabalho e não havia mais o que ser feito por mim a não ser empregar novas pessoas. Mas eu não confiava em ninguém, isso seria uma tarefa muito difícil para mim. Por sorte tinha minha secretária, Sra. Welsh, uma mulher com cinquenta e três anos que era secretária de meu pai também, estava disposta a me ajudar. Era uma funcionária eficiente e confiável. Passei para ela a função de encontrar novos nos estagiários para todos os departamentos que estavam precisando, logo ela seria encarregada também de treinar a sua própria substituta e eu não aceitaria ninguém com um nível inferior ao que a minha empresa estava acostumado a ter.

Sendo assim, tudo corria bem no trabalho, mas apenas no trabalho.

Não aguentava mais ver Melissa dentro da minha casa, queria ela fora, estava me sufocando. A satisfação no olhar dela por ter o que desejava, meu dinheiro, estava me tirando do sério. Às vezes sentia vontade de sufocar ela com minhas próprias mãos, mas já fazia tanto tempo desde que nos casamos que não valeria a pena. Decidi então pedir apenas o divórcio.

Cheguei em casa no meu horário comum, era sempre o último a deixar o escritório. Nossas vendas estavam indo melhor que nunca e sempre recebendo propostas e mais propostas de expandir os negócios. Queria que administrar minha vida pessoal fosse tão fácil quando cuidar da Auto Hans Co. Pelo menos eu sabia que quando chegasse em casa seria apenas eu ainda acordado e livre para circular pela casa sem me preocupar em ver Melissa transitando como um fantasma por lá. Mas naquele dia foi diferente. Encontrei ela ao passar por uma das salas. Estava sentada de pernas cruzadas usando um hobby vermelho de cetim na minha poltrona favorita. Melissa era a única coisa naquela casa que destonava completamente da minha decoração neutra.

-Boa noite, querido.- Melissa sorriu e acendeu a luz.

Percebi que algo nela estava diferente, procurei por uma nova cicatriz de cirurgia ou algo assim, mas era só um novo tom de loiro em seus cabelos.

-Pelo o amor...- Revirei os olhos- Você precisa de quanto?

Como de costume quando ela vinha falar comigo eu já pus a mão para tirar a carteira do paletó, mas ela se levantou segurando um copo com o que parecia ser uma bebida alcóolica e interrompeu minha ação.

-Somos casados a tanto tempo e eu nunca pude fazer um agrado a você.- Seu sorriso era perturbador.

-Nada me agradaria mais do que ver você sumir da minha vida.- Segui seus movimentos.

-Também amo você.- Melissa sorriu mais ainda- Amanhã é seu dia de folga e sei o quanto você gosta de beber seu uísque favorito na véspera.

Ajeitei minha gravata me sentindo desconfortável e peguei o copo de sua mão, não era do meu feitio recusar uma bela dose de Macallan clássico.

-Por acaso tem veneno aqui?- Cheirei antes de degustar.

-E matar o meu provedor? Nem que eu fosse louca, querido.- E voltou a se sentar na minha poltrona- Só queria conversar um pouco. Me sinto muito sozinha...

-Eu também quero conversar com você, Melissa.

Pus minha pasta em cima da mesa de centro e me sentei no sofá ao lado com os ante-braços apoiados em minha pernas abertas. Tomei aquela dose de uma vez tentando encontrar coragem para tratar daquele assunto.

-Mais uma dose?- Melissa me fitava sorrindo.

-É... Sim, por favor.

Pegou meu copo e foi até o balcão do meu bar particular para preparar. Comecei a sentir um calor incomum e ficar agoniado dentro daquele paletó quente, mesmo estando em uma sala climatizada. Deveria ter sido o nervosismo sobre o divórcio, então eu o tirei e afrouxei minha gravata. Melissa voltou com o copo e eu tirei de sua mão rapidamente procurando um alívio para o que eu estava sentindo e ela se sentou em meu colo.