Capítulo XVI

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Literalmente corri do escritório, queria esclarecer essa história o mais rápido possível. Joguei sua bolsa no banco do carona e dirigi às pressas até o outro lado da cidade, onde Bea morava. Estacionei depressa e deixei as coisas que comprara levando comigo apenas a bolsa. Subi as escadas. Meu andar era tão pesado que algumas pessoas abriram as portas para verificar que se não havia ninguém quebrando os degraus paupérrimos de madeira tecnicamente podre. Bati à sua porta como se estivesse descontando minha raiva em alguém. Ela sorriu ao abrir e me ver, eu não consegui olhar em nenhum outro lugar que não fossem os olhos delas. Todo aquele nervosismo acumulado me fez ficar arquejante, ela me cedeu a passagem e entrei apertando os olhos com força na esperança de ficar pelo menos um pouco calmo.

-Tem alguma coisa pra me contar?- Disse erguendo sua bolsa.

-Não.- Ela riu como se eu fosse louco- Quer um pouco de água? Parece cansado.

-A única coisa que quero no momento é saber se você está grávida.- Minha raiva atingiu outro nível.

-Eu?- Bea franziu a testa- Grávida!? Por acaso bateu a cabeça no caminha pra cá?

-Me explica esse teste de gravidez.- Tirei a caixa de dentro de sua bolsa.

-Você mexeu na minha bolsa?- Ficou pasma e pegou as duas coisas da minha mão.

-Não! Suas coisas caíram no chão quando eu peguei sua bolsa. Não fuja da minha pergunta. Responda!

-É por causa disso que você acha que eu estou grávida!?- Seu tom era irônico.

-Isso é bem óbvio.- Cruzei os braços.

-Claro, muito óbvio.- Ela revirou os olhos, pegou o teste da minha mão e saiu do apartamento.

Eu a segui depressa.

-Onde você vai!?

Ela não me respondeu. Chegamos ao fim do corredor onde havia outro apartamento, Bea deu duas batidas na porta e uma menina bem jovem de cabelos enrolados castanhos, usando óculos e pijamas abriu a porta.

-Desculpe demorar tanto, Lindsay.- Bea disse e entregou o teste a ela.

-Muito obrigada por fazer isso por mim, eu morreria se meus pais soubessem.- A menina olhou para mim- É seu namorado?

-Não.- Bea semicerrou os olhos me fitando- Esse é Nicolas.

-Oi, Nicolas.- Ela acenou para mim.

Gostaria de ser um avestruz naquele momento e enfiar minha cabeça no chão. Qual o nível máximo de constrangimento que um ser humano pode suportar?

-Olá.- Disse completamente sem jeito e pus as mãos nos bolsos.

-Desculpa não poder bater papo, gente. Preciso fazer logo esse teste antes que meu namorado chegue.- Ela olhou para Bea novamente- Muito muito obrigada mesmo. E foi bom te conhecer Nicolas.

-Se precisar...- Bea acrescentou e a menina fechou a porta.

O tempo havia de fato se fechado acima de mim, Bea me fuzilou com o olhar e nós voltamos para o seu apartamento. Papéis invertidos, ela na frente e eu atrás coberto pelo medo do que poderia acontecer a seguir.

-Bea, me desculpe.- Olhei para ela fechando a porta.

Agora que estava mais calmo consegui enxergar os detalhes com mais clareza. Supostamente deveríamos estar em um jantar romântico. Haviam velas aromatizadas esperando para serem acesas espalhadas pelo apartamento, reparei bem no lugar, estava diferente. As paredes que antes eram brancas e encardidas com marcas do tempo e de dedos estavam cor de marfim, os móveis pareciam melhores e até uma mesa pequena de jantar que antes não existia ali estava instalada entre a sala de estar e a cozinha que eram cômodos unidos. Seu lar estava muito mais aconchegante do que quando entrei lá pelas primeiras vezes. E que pecado! Eu nem ao menos reparei o quanto Bea estava linda usando aqueles chinelos vermelhos, regata branca e shorts jeans. Também me esqueci que precisava buscar as flores e a champanhe dentro do carro.

Just be Mine | Livro I | Série "Mine"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora