- ei cara.- Rafael diz e me abraça.- vai ficar tudo bem, relaxa.- ele diz dando tapinhas nas minhas costas.
- eu não deveria ter deixado ela só.- digo com a voz embargada.
- era pra ser Gustavo. Se aconteceu, é por que era pra acontecer.- ele segura no meu ombro e sai.
Vou salva-la, nem que me custe minha própria vida.
Katryna Narrando.
- ME TIRA DAQUI.- grito puxando meu pé que já estava todo machucado por causa das correntes.- POR FAVOR, ME TIRA DAQUI.- grito novamente.
- CALA A BOCA.- um homem abre a porta de ferro e aperta minhas bochechas.- eu não quero ouvir mais nenhum piu.- ele diz me soltando e se virando pra sair.
- PIU.- grito e ele para de andar. Ele tá achando que vai mandar em mim assim? Ele vira e caminha até mim novamente, e aperta minhas bochechas de novo.
- não me provoque, coisa linda.- ele diz colocando as garras pra fora, se agachando ao meu lado e machucando minhas bochechas. Vejo as chaves das correntes no cinto dele e empurro ele para trás. Ele cai sentado e isso foi tempo o suficiente para que eu pegasse as chaves. Ele gruda no meu pescoço.- NÃO ME DESAFIE.- ele grita com muita raiva e me solta novamente e dessa vez sai, batendo a porta atrás de si. Aperto os olhos com força e choro. As lágrimas desciam como cachoeira e meu nariz já estava entupido. Minha costela latejava assim como minha cabeça e eu apenas encolhi meus ombros, depois de tanto chorar e me debater. O cheiro era horrível, e meu corpo já estava fraco por falta de água e comida.
- não tenho forças.- digo para mim mesma e sinto meus olhos se encherem de lágrimas novamente.- me desculpe por não ouvi-lo, Gustavo. Me desculpe por ser tão cabeça dura.- limpo minhas lágrimas e começo escutar as pessoas do lado de fora falando algo.
-...vamos mandar o vídeo dela sangrando pra ele?- uma voz masculina pergunta.
-...mas é claro. Ele vai sofrer quando a gente mata-la, e vamos gravar também, amanhã pela manhã.- a voz feminina responde e eu tento controlar minha respiração para que eles não vejam que eu escutei.
- agora vamos, temos uma longa noite.- a voz masculina diz e escuto os passos deles para longe da porta. Minhas mãos tremiam e eu comecei a procurar a chave o mais rápido possível. Uma das chaves destrancou o cadeado das correntes e eu me levantei. Senti tudo ficar escuro e me concentrei pra não desmaiar.
- força, Katryna.- sussurro e apoio na parede. Vejo a pequena janela e meu corpo passaria ali sem problemas. Começo pular e esmurro a janela com toda minha força, mas não se quebra. Pego a corrente e enrolo na mão. Três porradas e o vidro estava totalmente quebrado. Me apoio na parede novamente e minhas mãos pegam firmes nos cacos de vidros, cortando a pele dos meus dedos. As lágrimas escorriam dos meu olhos e eu fiz mais força até conseguir passar a cabeça pela janela.
Respirei calmamente e forcei mais até minha cintura passar, e quando finalmente fui passar minhas pernas, cortei uma de minhas coxas e o sangue escorreu pela calça. Comecei correr, o mais rápido possível, tentando sair daquele lugar. Minha visão embaçada, minha respiração ofegante e meu corpo totalmente machucado.
Gustavo Narrando.
Era noite quando recebi um vídeo de um número desconhecido. Abri o vídeo e a cada segundo que passava do vídeo, meu coração batia mais forte. Era Katryna, jogada no chão, enquanto duas pessoas chutavam sua barriga e seu corpinho pequeno. Deram porradas em suas costelas, em seu rosto e ela parecia estar inconsciente. Uma raiva subiu pelas minhas veias e o mesmo número mandou a seguinte mensagem.
- você vai adorar o próximo vídeo :)
Joguei o celular na parede e joguei todas as coisas que estavam em cima da minha mesa para o chão. Joguei a mesa para cima e chutei com toda minha força sobrenatural. Rosnei, uivei, e principalmente gritei. Me sentei no chão com lágrimas nos olhos quando escutei batidas rápidas porém fracas na porta.
- por favor Gustavo, abre.- eu reconheceria bem aquela voz angelical. Era a voz da Katryna, abri a porta o mais rápido que pude e olhei para ela. Um aperto em meu coração surgiu, ao ver a situação dela. Ela ia dizer algo, mas as pernas ficaram fracas e eu a segurei.- eu sinto muito.- ela diz e os olhinhos dela se fecham. Levo ela para dentro e chamo Rafael, eu não sabia o que fazer, eu só queria chorar.
E foi isso que eu fiz, chorei. Chorei por não conseguir salva-la, mas chorei ainda mais por ver o quanto ela estava machucada. Chorei por ver as mãozinhas pequenas dela totalmente cortadas, chorei ao ver as bochechas dela arranhadas, e o seu supercílio aberto em um corte gigantesco. Segurei na mão dela e comecei remover sua dor. E era muita dor, muita mesmo. Ela abriu os olhos e me encarou com seus olhinhos cansados.
- acho que minha anemia piorou.- ela sorri e eu só consigo pensar no que eu faria se ela tivesse morrido.- não chore.- ela tenta levantar a mão, mas a dor aparece novamente e ela apenas fecha os olhos.
- irmão, abre aqui.- Rafael diz e abro a porta correndo.
- eu não sei o que fazer.- limpo as lágrimas dos meus olhos e ele entra. Os olhos dele percorrem o corpo de Katryna que estava deitado no sofá. Ele parecia surpreso e ao mesmo tempo com dó.
- onde você encontrou ela?- ele pergunta.
- foi ela quem me encontrou...- digo e cai a ficha pra mim.- foi ela quem me encontrou...- repito e novamente meus olhos se enchem de lágrimas. Não foi eu quem encontrei a Katryna. Foi ela que me encontrou, o sorriso dela fez com que eu perdesse a noção da distância e batesse nela sem querer.
- pega a caixinha de primeiro socorros, vai.- Rafael diz tirando a blusa de frio e indo para o banheiro. Subo para o meu quarto e pego a caixinha azul, desço com ela em meus braços. Rafael pega um algodão com álcool e eu seguro na mão dela, pronto para tirar toda a dor que ela fosse sentir. Ele passa no corte do supercílio e eu vejo os olhos dela se abrirem rapidamente. Antes dela gritar, eu já estava pegando toda sua dor, e rosnando por doer muito em mim.
Parei de pegar sua dor, quando ela desmaiou por completo e Rafael continuo limpando os ferimentos. Ele tirou os cacos de vidro, mas os cortes eram muito fundos.
- vamos ter que leva-la para o hospital.- Rafael diz vestindo a blusa de frio e caminhando até a porta.- fico muito surpreso por ela ter conseguido chegar aqui, consciente. Ela está fraca e desidratada, e pelo que eu percebi, perdeu muito sangue.- ele diz abrindo a porta. Pego Katryna no colo e a levo até meu carro. Coloco ela sobre o banco e dirijo até o hospital seguido por Rafael.
- POR FAVOR, AJUDA.- grito chegando com ela no colo, enquanto o corte de perna dela ainda sangrava muito.
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Meu namorado é um Lobo [EM REVISÃO]
Vérfarkas*EM REVISÃO* Ambos são diferentes. Mas os opostos se atraem. Nessa história, Katryna Thompson, com seus 16 anos, tem uma vida normal, como uma adolescente normal, que faz coisas normais. E por causa de um pequeno esbarrão, ela conhece Gustavo, um no...