Ray concordou:

- Precisa vê-lo dançando...

Abri a sacola e constatei que ali tinha tudo que eu precisava.

- Trabalhar em um teatro realmente tem seus benefícios... - considerei.

Olhei para o relógio novamente: tinha duas horas para me arrumar. Por um momento pensei em Homero, que não me ligara desde ontem... Provavelmente estava ocupado, com quem quer que ele estivesse.

Smith ficaria chateado por eu não ter lhe contado sobre o que eu estava prestes à fazer, mas se ele estivesse interessado, teria entrado em contato.

Balancei a cabeça e tirei-o da minha mente. Foco, Elizabeth, FOCO!

- Me ajuda a ficar pronta? – pedi à Ray com uma expressão de grande esperança.

Ele revirou os olhos.

- Eu por acaso eu já lhe disse não alguma vez?

*

Virei-me para o espelho e encarei meu próprio reflexo. Como eu estava diferente! Quase tive vontade de rir. Ninguém me reconheceria daquele jeito, pelo menos eu esperava.

- E então? – abri os braços num gesto dramático e dei uma voltinha completa.

- Você parece... Uma versão parisiense da Elizabeth que eu conheço. Vou chama-la de Bebeut. – decretou Ray enquanto colocava um óculos de plástico azul em formato de estrela no rosto.

Acho que o toque parisiense estava na peruca de cabelo escuro em forma de chanel que eu estava usando, a saia vermelha axadrezada combinando com o terninho e as sapatinhas pretas. Slender não teria a chance de me reconhecer dessa vez.

Minha nossa, eu estava usando um disfarce! Agora sim parecia que estávamos em um filme.

- As lentes de contato! – Ray tirou uma caixinha branca da bolsa e me entregou. – Olhos azuis, mon cher.

Eu seria obrigada a substituir as minhas lentes usuais pelos óculos de grau, mas seria um ponto a mais para o disfarce. Coloquei as lentes coloridas com cuidado, me inclinando sobre o balcão de mármore do banheiro para me aproximar do espelho.

O resultado final foi satisfatório. Usar disfarces era divertido.

- Está linda! – Ray aplaudiu. - Deixe-me tirar uma foto para o Grant e a Scarlett.

Fiz uma pose aleatória, apoiando o queixo com as mãos e aproveitei para checar o horário. Usar disfarces também poderiam ser demorados.

- Preciso ir! – gritei e agarrei a minha bolsa, que estava pendurava em umas das portas do banheiro. – Deseje-me sorte.

Quando passei por Ray, ele deu um tapinha na minha bunda.

- SORTE!

Lancei um olhar enviesado ao meu amigo e sai correndo do banheiro em direção ao elevador, quase tropeçando nos meus próprios sapatos. Antes de entrar na grande e barulhenta caixa metálica, pude ouvir Dave gritando:

- Ei, Ray, quem era a sua nova amiga? Ela está disponível?! Tem algum preconceito com caras de trinta anos que ainda moram com a mãe? Se não, passe o meu número para ela!

Ri baixinho enquanto decidia que a partir de agora disfarces seriam a minha arma principal.

*

Assim que comecei a investigar a agenda de Slender, percebi que havia algo de errado com ela. Os compromissos dele me pareciam banais demais, coisas como:

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now