Capítulo 14: Felicidade

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Eu acordei com um feixe de luz forte que banhava meu corpo. Ao abrir meus olhos me deparei com o calor do corpo de Alycia, que não só carregava-me em seus braços, mas abraçava meu rendido coração. Eu podia ouvir o som fraco e cadenciado de sua respiração e o cheiro de rosas que parecia emanar de cada poro do seu corpo. Levantei a cabeça só para encontrar aquela expressão serena e tranquila de quem não se tem nada a temer e eu me perguntei com o quê ela sonhava. Analisei a pele pálida de seu rosto, o contorno de seus olhos e a ossatura que os separava. Observei a raiz de seus cabelos e os fios castanhos que se ondulavam e clareavam ao chegar nas pontas. Me apoiei nos cotovelos só para olhar melhor o teatro fascinante que era a mulher ao meu lado. Seu peito subindo e descendo com a respiração, o suor escorrendo em seu pescoço devido a jaqueta quente que ainda usava, mesmo depois da temperatura ter aumentado durante as primeiras horas da manhã. Observei sua mandíbula de orelha a orelha, as bochechas salientes e o nariz fino e delicado. Observei os cílios grandes e sobrancelhas desenhadas, os lábios levemente rosados, o contorno bem desenhado deles e a linha tênue que os partia ao meio. Observei minuciosamente o lábio inferior carnudo e passei o dedo sobre ele para sentir a maciez daquilo que me derretia toda. Lhe beijei os lábios incapaz de conter-me nem mais um segundo. Me demorei tanto ali que a senti corresponder.

- E o encantamento fora quebrado com o beijo do amor verdadeiro. - Ela disse assim que me afastei. Os lábios se rasgando em um sorriso sonolento e bonito, embora seus olhos permanecessem fechados.

- Bom dia, Alycia. - Eu disse soletrando cada letra do seu nome bonito.

- Bom dia, nobre cavalheiro. - Eu ri baixinho. - Vem cá. - Ela me puxou para seus braços novamente, me apertando com força nos braços, me acariciando os cabelos, os braços, a nuca. Me beijando os lábios, a face, as mãos, a testa, os cabelos. Me fazendo sorrir e me aconchegado em um lugar que eu nunca mais queria sair.

- Maravilhoso dia. - Eu disse enfim.

- Tá com fome?

- Um pouco. - Constatei.

- Vou preparar alguma coisa. - Ela disse fazendo menção de levantar.

- Não, não. - A impedi, segurando-a pela jaqueta e lhe beijando os lábios. - Fica.

- Se é pelo bem geral da nação, eu... - Silenciei, beijando-lhe novamente. O contato viciante não me permitindo ficar longe de seus lábios por tanto tempo. A mulher cheirosa sorriu entre meus lábios e me empurrou, me fazendo cair com a cabeça em um travesseiro. Ela deixou mais um beijo casto em meus lábios e sorriu, fazendo uma carícia em meu rosto.

- Eu estou com fome. - Ela disse com uma rouquidão matinal que eu achara, no mínimo, adorável.

- Tudo bem, vamos comer então. - Nós saímos da nossa "casa dos sonhos" improvisada e entramos na cozinha. Alycia tirou a jaqueta, colocando-a em cima do balcão e se abanou com as mãos. Desfez por completo a trança desarrumada e prendeu todo o cabelo em um coque no topo da cabeça.

- Você quer comer algo específico? - Ela perguntou e eu neguei com a cabeça. - Ótimo, porque eu não sei cozinhar.

- Eu sei cozinhar, mas acho que não é necessário. Um sanduíche com café já está de bom tamanho.

- Moça prendada.

- Eu tive que ser. - Falei e ela sorriu, puxando-me pela cintura e envolvendo seus braços à minha volta. Eu também sorri, acariciando seu rosto com o polegar. Ela capturou meus lábios e a sensação era incrível como todas as vezes fora. Os lábios macios que se perdiam nos meus e massageavam a carne que praticamente tremulava sobre os lábios habilidosos da mulher fascinante em meus braços.

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