Capítulo 2: O velho

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NOTAS: Hello guys! A estória é uma mistura de realidade e ficção, então elementos de The 100 vão ser achados com frequência. Eu espero que gostem do capítulo, boa leitura!


Para chegar mais rápido no Porto, corri o mais rápido que pude em linha quase reta da avenida Mauá. Já passava das seis e a noite se demorava a espalhar. O vento golpeava meu corpo e fazia meus cabelos chicotearem minha face diversas vezes. Xingamentos saiam de minha boca quando algum tecido de meu vestido longo se prendia em alguns objetos e deixavam rastros dele pelo caminho. Meus joelhos ardiam com os ferimentos causados pelas minhas quedas frequentes por causa dos saltos que calçavam meus pés. Poucos minutos de corrida e eu estava em farrapos, mas eu não podia estar me importando menos. Eu estava atrás da minha última esperança e essa é uma sensação desesperadora.

Marie estava certa, eu reconheci o velho assim que o vi e ele me olhava de forma acolhedora como se esperasse por mim. Isso me fez relaxar de alguma forma, apesar dos olhos julgadores das poucas pessoas ali, que analisavam minhas vestimentas em trapos. Coloquei as mãos sobre os joelhos, curvando-me em direção ao chão, tentando recuperar o ar que havia perdido desde o começo da corrida. Olhei o relógio e faltava poucos minutos para que meu tempo se esgotasse, mas, definitivamente, tempo suficiente. Andei, agora cautelosamente, até o senhor de cabelos e barbas grisalhas.

- Olá, criança.

- Olá, senhor. – Curvei-me ligeiramente em um cumprimento respeitoso, agarrando o que restou do vestido entre meus dedos.

- Estive... – Ele ergueu a palma da mão impedindo-me de ir adiante com minha fala.

-Eu não respondo perguntas, eu apenas tiro as vendas para que possam enxergá-las. Você tem pouco tempo, criança, porque não me diz logo o que procuras? - Marie disse que ele tinha conhecimento da verdade e naquele momento eu tive certeza disso. Seu tom de voz me fazia estremecer.

- Eu procuro o que todos deveriam ter, senhor.

- A felicidade ou a liberdade? A justiça ou a revolução? O sucesso ou o amor? – Seu tom era sério e carregado de sabedoria.

- Acredito que estão completamente interligados. – Ele sorriu pela primeira vez e seu sorriso amarelado fez minhas pernas tremerem. Nessa hora o embarque havia sido autorizado. - Há um número infinito de possibilidades e não acredito que uma simples resposta pode resolver toda uma equação. Porém, acredito que a razão da equação é um número incrivelmente simples.

- Gosto de como sua cabeça funciona, criança. – Ele sorriu com o canto dos lábios, parecendo saborear a situação. Não desviou o olhar nem uma única vez desde que cheguei. – A senhorita está disposta a pagar um grande preço pelo que procura?

- Se não causar a morte de ninguém, sim, senhor. – Eu disse com uma confiança que surpreendeu até a mim mesma.

- Você é a única responsável pelo preço, ninguém poderá pagar por ti, nem você por ninguém. - Ele fez uma pausa teatral. - Ao menos que seja compartilhado. - Disse reflexivo. - Mas de teu preço, tens total responsabilidade e da tua vida nada posso prometer. – Ele colocou ambas as mãos em meu rosto por breves segundos e se afastou. – Hora de embarcar, o navio está a espera. Boa sorte, criança. – E com isso, me deu às costas.

- Espere, onde está a minha resposta? – E a parte de trás de seus cabelos grisalhos foi a última coisa que vi. 

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