Capítulo 29.

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"I want you for worse or for better
I would wait forever and ever.
— How You Get The Girl, Taylor Swift"

No começo, Rafaela não entendeu quando Jaqueline olhou nos seus olhos e disse, como se aquele não fosse o maior absurdo já proferido por ela: "eu estou apaixonada pelo Nicolas e ele por mim". A cacheada soltou uma risada alta, mas ela continuava a encarando sério, o que a fez perceber que não era uma piada.

Na quinta-feira, quando finalmente decidiu ir à aula, Rafaela ficou os observando de longe durante o intervalo enquanto conversavam. Não havia feito muitas perguntas, não tinha cabeça para fazê-las. Mas  vendo os sorrisinhos e os olhares intensos, muitos questionamentos surgiram em sua mente.

Foi por isso que eles estavam ali, sentados frente a frente. A dupla de loiros parecia tensa, os ombros encolhidos e os olhares nervosos em sua direção. Rafaela franziu o cennho e soltou um suspiro, sentindo a curiosidade explodir por todas as suas veias.

— E aí, quem vai me contar como isso começou? — ela apontou para os dois, que trocaram um olhar rápido.

Jaqueline sentia o coração pular no peito e buscava em sua mente a melhor maneira de explicar como os dois haviam se tornado...aquilo. Ainda não tinham dado um nome, até porque nem sabiam o que eram. Eles apenas eram algo.

— Vinicius descobriu que eu estava apaixonado um pouco depois de começar com as mensagens — foi Nicolas quem começou, sem medo. Desde o início, ele havia sido o mais corajoso dos três. — Ele me pegou encarando a Jaqueline e sacou na mesma hora.

Rafaela franziu a testa e percebeu que já havia escutado aquela história antes.

— Jucicleide!

— Jucicleide? — Jaqueline fez uma careta. — Quem é Jucicleide?

Nicolas deixou escapar uma risada. No fundo, ele havia ficado impressionado em como Rafaela não descobriu tudo no dia em que precisou desabafar. Estava tão atordoado com tudo, que mal teve tempo de inventar um nome que não começasse com a mesma letra da loira.

— Tu é a Jucicleide. — Ele virou o rosto em sua direção e abriu um sorriso. Depois, voltou a olhar para Rafaela: — Eu disse pra ti, a Juci...Jaqueline, não queria nada comigo. E eu tentei, tá? Muito.

A loira assentiu.

— Me mandou bilhetes românticos.

— Preferi ser mais old school que o Vinicius.

Rafaela riu, balançando a cabeça. Queria sentir raiva por só saber daquela história tanto tempo depois, mas mal podia se conter. A vida do quarteto parecia a porcaria de um filme adolescente clichê, aqueles em que ela costumava reclamar por ser tão previsível.

— Foi até um pouco fofo — Jaqueline admitiu, segurando o riso. — Mas a nossa vida amorosa não era o foco do momento, por isso tentei fugir o máximo que pude.

— Pode admitir, loirinha, foi muito fofo. — Ele piscou pra ela. — Eu sei ser um cara romântico quando quero.

Rafaela apertou os lábios, tentando conter o sorriso. Aquela era uma dinâmica engraçada de observar, e também era suficiente para que não se importasse mais com as mentiras. Com certeza já havia os perdoado por ter a deixado fora daquela história de amor e era tudo culpa daquele maltido e nítido brilho nos olhos de cada um deles.

— Então, vocês estão namorando? — Ela quis saber.

Nicolas ergueu os ombros e torceu a boca.

— Eu já pedi cinco vezes, mas ela disse não.

— Que? Por que? — Rafaela franziu a testa e encarou a melhor amiga. — Achei que você gostasse dele.

Número Desconhecido | Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora