"Cause for every lie I tell them, they tell me three
This is how the world works
— I did something bad, Taylor Swift"Jaqueline enviou cerca de cinquenta mensagens, fora as ligações que Rafaela ignorou.
Algumas afirmavam que ela diria a verdade, outras eram pedidos de desculpas quilométricas. Tirando as que se tratavam de puro drama, Rafaela ficou tentada o suficiente para atender as suas ligações, mas ainda não tinha certeza se queria ouvi-la.
Estava ferida, em todos os aspectos que poderiam existir. E, por isso, permaneceu a ignorando enquanto tentava fazer as lágrimas pararem de cair.
Mesmo que soubesse, no fundo do seu coração, que eles estavam mentindo, descobrir a verdade foi um baque mais forte do que imaginara. Era como se todos aqueles anos de amizade não tivessem valido de nada. Como se, não apenas aquele período, mas toda a sua vida tivesse sido uma mentira.
Por isso, quando finalmente se sentiu pronta para ouvir tudo que ela tinha a dizer, respondeu todas as suas mensagens com um simples "Venha até a minha casa. Rápido.".
Alguns minutos depois, três batidas na porta fizeram os seus joelhos fraquejarem.
— Obrigada por me receber.
Rafaela forçou um sorriso, mas não respondeu. Sabia que se falasse, não conseguiria segurar as lágrimas.
— Sério, Rafa. — Jaqueline sentou-se ao seu lado na cama, o corpo encolhido, como se estivesse com medo de fazer qualquer movimento brusco e e incomodar a amiga. — Eu juro que senti saudades nessas — Ela conferiu o relógio — Três horas que você me ignorou.
Rafaela se limitou a forçar o sorriso mais uma vez e a loira suspirou, frustrada.
— Eu sei que nesse momento você deve estar me odiando e Nicolas deve estar me odiando também. Muito.
Rafaela franziu a testa, virando o rosto em sua direção.
— Por que ele te odiaria?
A loira ergueu os ombros.
— Ele não acha que seja o momento certo para te contar toda a verdade.
Ela rolou os olhos, estava cansada de toda aquela conversa. Qual seria o momento certo se, naquele ponto, Rafaela já sabia que eles estavam por trás de tudo?
— E o que você acha? — ela quis saber já que tudo que Jaqueline falava era sobre os outros, nunca sobre ela.
— Eu acho que você precisa saber que a nossa intenção nunca foi te magoar. — Jaqueline apertou a sua mão com força, mesmo que a expressão que recebia de volta não fosse boa. — É sério, Rafa. Nunca pensamos que daria toda essa confusão.
— Você achou mesmo que uma mentira não resultaria em confusão, Jaqueline?
Ela torceu a boca.
— Nós só queríamos te fazer feliz, eu juro.
— Mentindo pra mim? Sério? — Ela balançou a cabeça e bateu palmas. — Parabéns, me fizeram muito feliz.
— Nós só...omitimos.
— Mentiram — Rafaela corrigiu — Brincaram com os meus sentimentos.
— Foi mais longe do que esperávamos. Quando vimos, nosso plano tinha virado uma bola de neve.
— Plano?
— Quando o Nic escreveu seu número no ponto de ônibus, nós ainda não havíamos pensado em nada, era só uma brincadeira — ela explicou — Foi só depois que você foi embora que tivemos a ideia.
— A ideia de fingir que alguém estava apaixonado por mim?
Ela negou com a cabeça.
— Nunca foi fingimento.
Rafaela prendeu o ar. Não sabia o que pensar diante daquele informação. Não havia sido fingimento? Alguém, de fato, estava apaixonado por ela?
— Você acabou de dizer que foi um plano.
— E foi! — Jaqueline confirmou, balançando a cabeça — Mas não um plano pra te enganar, ele sempre foi apaixonado por você!
— Ele?
Rafaela sentiu o coração pular do peito.
Então, ele existia. Não havia falado com alguém que não existe, no final das contas.
Ele era real.
— A gente sempre soube que você não ia se apaixonar se soubesse quem era — respondeu e fez uma careta. — Quer dizer, a gente achava que sim.
— De quem você tá falando?— perguntou mais uma vez, sentindo todos os músculos do seus corpo se contraírem.
— A gente pensou que, se você não o visse apenas como um amigo, mas como alguém que realmente gosta de você, seria mais fácil — continuou falando, ignorando completamente a sua pergunta. — Depois de todos esses anos, você nunca falou nada. Nunca demonstrou nem um sentimentozinho se quer.
— Por quem, Jaqueline?!
— E ele tinha muito medo, sabe? — A loira deu uma risada. — Se dependesse dele, nunca teria falado nada.
— Pelo amor de Deus. — Rafaela ergueu a voz, o rosto queimando de nervosismo. — Ele quem?!
Jaqueline respirou fundo, como se buscasse a coragem para falar o que guardava a tanto tempo. Quando sua boca finalmente silabou as letras que formavam seu nome, todo o corpo de Rafaela pareceu esquecer como fazer suas funções básicas.
Naquele momento, o seu mundo parecia prestes a explodir.
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Nota da autora:
Rs, não me matem, esse sofrimento já está chegando ao fim.
ESTÁ A LER
Número Desconhecido | Livro 1
Teen FictionRafaela não precisava de um namorado. Pelo menos, não até terminar o ensino médio e passar no vestibular. O plano estava indo de acordo, até seu melhor amigo escrever seu número de celular no ponto de ônibus. Quando as mensagens de um número descon...