Capítulo 15

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"God, it's so painful when something that's so close
Is still so far out of reach
— American Girl, Taylor Swift"

[10:15]
Rafaela: Fim. Terminei a prova. Obrigada por estudar até mais tarde comigo ontem, acho que deu certo.

Foi o que Rafaela enviou para Bruno enquanto se dirigia à cantina após concluir a prova de física. Saindo da sala, ela sentiu como se um peso saísse das suas costas e, definitivamente, estudar na noite anterior a deixou mais calma — mesmo com as ideias malucas sobre Bruno rodando a sua mente.

[10:16]
Bruno: Eu disse que ia dar tudo certo! Tenho certeza de que você se saiu bem, e já posso sentir o cheiro da pipoca.

[10:16]
Rafaela: Pipoca?

[10:17]
Bruno: Da nossa maratona de Star Wars ;)

Ela riu, balançando a cabeça e sentiu um friozinho percorrer a sua espinha. A ideia de maratonar um saga de filmes por horas com Bruno, naquele momento, a fazia ter vontade de vomitar. Rafaela apertou os lábios e guardou o celular. Decidiu que não queria pensar sobre aquele assunto — pelo menos, não até ter certeza que tiraria a média em física.

A garota caminhou pelos corredores a fim de encontrar os amigos, que também já haviam terminado a prova e por isso foram liberados mais cedo para o intervalo. De longe, avistou-os no mesmo lugar de sempre e sorriu enquanto se aproximava, mas não precisou chegar muito perto para perceber que o que parecia ser uma conversa divertida era, na verdade, uma briga. Jaqueline gesticulava muito com os braços, enquanto Nicolas gritava de volta. Vinicius, porém, estava sentado com a mão sobre os olhos, massageando a lateral da cabeça.

— O que está acontecendo? — questionou assim que chegou ao grupo. Ouviu um grunhido sair da garganta de Jaqueline, que decidiu ignorar os gritos de Nicolas para encarar a melhorar amiga.

Rafaela quase podia ver o fogo saindo pelo seu nariz, tal qual um personagem de desenho animado.

— Esses dois estão acabando com o pouco de paciência que me resta!

— Ei, eu não tenho nada a ver com isso! — Vinicius ergueu o rosto, os cenhos franzidos em direção a garota.

— E eu tenho? — Nicolas protestou, se aproximando de Jaqueline e esticando o braço. — Devolve meu celular, maluca!

Foi o suficiente para que todos eles começassem a falar ao mesmo tempo. Rafaela observava em choque e tentava entender o que está sendo dito, mas era impossível. Foi quando uma risada forçada saiu da garganta da mais alta, fazendo todos ficarem em silêncio.

— É verdade, Nicolas. Você nunca tem culpa de nada. — Jaqueline balançou a cabeça e tirou do bolso o celular dele, depositando-o com força sobre a mão do garoto.

— Será que vocês podem me explicar o que tá rolando? — Rafaela perguntou mais uma vez, mas era como se falasse com as paredes. Frustrada, ela cruzou os braços e jogou a cabeça para trás, enquanto eles voltavam a mais uma sessão de gritos e reclamações.

Era quase doloroso admitir, mas Rafaela sabia — e sentia — que seu grupo de amigos, que sempre pareceu ser inabalável, estava abalado. E o maior problema de todos era que ela não sabia dizer o porquê. De fato, sempre acreditou que em grupos com mais de duas pessoas era provável que alguns segredos não fossem compartilhados com todos. E tudo bem. No entanto, algo a dizia que, naquele momento, ela era a única que não fazia ideia do que estava acontecendo.

Ali, ouvindo a discussão onde ninguém sequer se ouvia, ela virou o corpo para ir embora, mas foi interrompida pela voz da melhor amiga:

— É melhor deixar isso pra lá, não vale a pena ter mais uma pessoa estressada por aqui — Jaqueline acabou dizendo, ao mesmo tempo que segurava na sua mão. — Vamos dar uma volta. — E a puxou, a forçando a andar na mesma direção.

Número Desconhecido | Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora