Capítulo 28.

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"I'll spend forever wondering if you knew
I was enchanted to meet you
— Enchanted, Taylor Swift"

— A piada perderia a graça se eu dissesse que também sou aquariano— Vinicius explicou, os cabelos voando para trás enquanto ele forçava um sorriso.

Rafaela continuou parada na areia, a alguns centímetros de distância. Sentia-se um pouco sufocada enquanto aqueles olhos grandes verdes a observavam, como um completo estranho. Naquele ponto, ela mal podia se reconhecer, quem dirá o garoto que costumava chamar de melhor amigo.

Vinicius estava sentado em uma canga azul cheia de areia, o violão branco que haviam comprado juntos estava sobre o colo e um espaço vazio — e muito convidativo — ao seu lado.

— Era você o tempo todo — Rafaela falou enquanto apertava as mãos na lateral da coxa. — Você mentiu pra mim.

Vinicius apertou os lábios e, de repente, não conseguia mais encará-la.

— Eu sei — ele abaixou a cabeça, as palavras escapando da sua boca. Queria dizer tantas coisas, mas não sabia por onde começar. — Me desculpa... Eu não deveria ter feito isso.

Rafaela sentiu vontade de xingá-lo, mas algo dentro dela se recusava. Era como se seu corpo lutasse para ceder enquanto outra parte só queria fugir dali.

— É meio tarde para se arrepender — A menina estava de frente para ele e conseguia sentir cada gota de sangue correndo em suas veias, o toque do vento em sua pele a fazendo confundir o arrepio de estar tão perto com o frio.

Na verdade, Vinicius não estava arrependido. Quer dizer, não deveria ter mentido mas, arrependido? Aquela não era a palavra que melhor descrevia o que o adolescente sentia naquele momento. Por isso, achou melhor explicar:

— Eu não estou arrependido — Ele, finalmente, levantou o rosto e, meu Deus, como Rafaela estava linda. Seu cabelo cacheado voava por conta do vento e seus olhos pareciam ainda mais brilhantes dali. — Quer dizer, estou arrependido de mentir, mas não me arrependo de tentar.

— Tentar me enganar?

Ele balançou a cabeça. Os olhos verdes observavam cada traço do seu rosto, de uma forma que Rafaela podia jurar que era a primeira vez — ou, a primeira vez que ela notava que era observada. Como se, de alguma forma, Vinicius estivesse livre para admirá-la de verdade.

— Foi uma plano idiota — Vinicius admitiu, sem desviar os olhos dos dela. — Mas eu não estava mentindo sobre meus sentimentos. Por mais ridículo que seja se apaixonar pela melhor amiga, também é muito confuso.

Rafaela mordeu o interior da bochecha enquanto pensava no que falar. Seu melhor amigo estava ali, com a guarda baixa, revelando seus sentimentos e ela não sabia o que dizer. E, afinal, como saberia? Tudo aquilo ainda era complicado demais pra ela.

Juntou as forças que não sabia que tinha para se aproximar e sentar ao lado dele e, pela primeira vez naquele dia, Vinicius se permitiu abrir um sorriso sincero.

— Nem passou pela minha cabeça que poderia ser você. — Ela colocou uma mecha cacheada atrás da orelha.

Na verdade, ainda era difícil de acreditar. Quando Rafaela ouviu o nome do melhor amigo sair da boca de Jaqueline, tudo pareceu perder o sentido.

— Eu sei. — Ele deixou escapar uma risada, balançando a cabeça. — Tu pensava em todo mundo, menos em mim e, sinceramente, eu não sabia se ficava feliz porque o plano estava dando certo, ou me desesperava.

"ou desistia de tudo" foi o que Vinicius quis dizer, mas deixou a continuação apenas na sua mente.

— Me desculpa, Rafinha — ele continuou, ignorando o pensamento intruso. — Me desculpa de verdade.

Número Desconhecido | Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora